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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE FIM DE ANO

UMA LIÇÃO DE VIDA

Um menino vivia dizendo a respeito de um colega: "Desejo tudo de ruim para ele. Quero matar esse cara!".

Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:

O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito isso! Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.

O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado. Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:

- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amigo Juca, e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele.

- Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa.O pai que espiava tudo de longe, se aproxima do menino e lhe pergunta:

- Filho, como está se sentindo agora?

- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa. O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:

- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.

Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. O pai, então, lhe diz ternamente:

- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você.

O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.

Desconheço o autor ou autora.

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NA UMBANDA - CONTINUAÇÃO

Havíamos deixado pendente aquela pergunta sobre se deveríamos tirar das listas das Umbandas os terreiros em que Exu pede cortes e vamos tentar, pelo menos, explicar por mais exemplos, como é que se formam essas TORRES DE BABEL, sobre as quais já nos referimos em postagens anteriores, todas, ou quase todas, criadas em função do desrespeito aos conceitos iniciais, tanto de palavras, quanto de ritos específicos deste ou daquele culto, religião, etc., conceitos estes que não podem mudar com o tempo por fundamentarem (embasarem, servirem de apoio, esteio, arrimo) esses mesmos cultos e religiões, o que parece não ser compreendido por uma grande maioria de adeptos que sequer entende o que sejam FUNDAMENTOS DE UM CULTO e por isto também não entendem que: MUDANDO-SE OS FUNDAMENTOS, ESTÁ-SE MUDANDO O PRÓPRIO CULTO.

Pois muito bem. Partindo da UMBANDA ORIGINAL (a que se iniciou pelo Cab. das Sete Encruzilhadas e Zélio de Moraes), estudando as gravações em áudio que foram feitas com o médium, a entrevista citada na primeira parte deste tema e outros tantos textos que se espalharam pela Internet, veremos que até o 1º Congresso de Espiritismo de Umbanda realizado em 1941, a UMBANDA ORIGINAL (bem assim como as que dela derivaram) nasceu tendo como FUNDAMENTOS:

1- LEMA BÁSICO: Trabalho com Espíritos para a Caridade no sentido de amor fraternal;

2- ISENÇÃO de sacrifícios animais, rito este AUSENTE até hoje em quaisquer das VERDADEIRAS DERIVAÇÕES DA UMBANDA;

3- Humildade, tanto nos comportamentos dos médiuns, quanto nas vestimentas utilizadas durante os rituais;

4- Aberta para que se pudesse aprender com os Espíritos que soubessem mais e ensinar aos Espíritos que soubessem menos;

E ... sem pressa, como sempre deve ser ... vamos tentar entender o porquê de dizerem (erradamente) que em algumas Umbandas existe o rito de cortes.

O que se sabe (é só acompanhar a história) é que logo após o 1º Congresso acima referido, que teve como tema de discussão o ESPIRITISMO DE UMBANDA, começaram a pulular autores de "livros de umbanda" (antes somente Eliezer Leal de Souza havia escrito algo), cada um tentando impingir aos seguidores de suas seitas e ao público, suas formas de culto misturados como aconteciam nas MACUMBAS CARIOCAS que era uma mistureba de tudo e qualquer coisa (leia-se de João do Rio - AS RELIGIÕES DO RIO, publicado em 1904). E isto foi tão marcante - esta ânsia de se escrever e divulgar o que seria umbanda segundo suas crenças - que o senhor Lourenço Braga, por exemplo, publicou em 1942 (logo após o Congresso) o seu livro "UMBANDA (magia branca) e QUIMBANDA (magia negra).", tendo na ocasião, inclusive, feito sua própria proposta sobre quais seriam as 7 Linhas de Umbanda (vide http://registrosdeumbanda.wordpress.com/2009/10/04/as-sete-linhas-segundo-lourenco-braga/), tendo depois, em 1955, ele mesmo feito modificações tipo RECALL, como os que hoje vemos a toda hora anunciados por fabricantes que, na ânsia de venderem seus produtos rapidamente, só vão fazer as correções algum tempo depois e mesmo assim se alguns notarem as falhas.

Paralelamente, e como já dissemos antes, muitos praticantes de cultos mistos (pra não chamá-los de macumbas), já antes do Congresso e principalmente após este, passaram a adotar o rótulo de "umbandas" por conta de diversos fatores, tendo-se entre estes o fato de a Umbanda ter arregimentado para suas hostes pessoas de certo destaque social, digamos assim, o que de certa forma a tornou menos perseguida pela polícia que naquela época já invadia terreiros africanistas e mistos que acabavam auto-denunciados pelo ruído que provocavam com seus tambores, o que a Umbanda então criada não usava.

Nesta leva de cultos mistos o chamado Culto Omolocô, trazido para o Brasil por Maria Batayó, e que desde sua orígem já seria um culto misto por ter se originado numa região africana entre Angola e a terra dos Yorubás (Lokojá, parte Yorubá e Lunda-Quioco, parte Angola) teve aqui uma disseminação maior por conta de Tancredo da Silva Pinto que por sua vez, cismou que Omolocô era Umbanda, apenas porque, como muitos ainda pensam e defendem como tese, em seus cultos eram permitidos os chamados CATIÇOS, que seriam os Espíritos de Pretos Velhos, basicamente, Caboclos e Exus, esquecendo-se este que antes de ser só pela presença destas entidades, Umbanda já nasceu com DIRETRIZES e FUNDAMENTOS que nenhum culto Omolocô, Ketu, Angola, Jêje, Fon, etc., tinha em suas bases, destacando-se a relação ESPÍRITO/CARIDADE, pois todos esses cultos, mistos ou não, não tinham a CARIDADE ATRAVÉS DOS ESPÍRITOS (Catiços para eles) como fundamentação, como base de suas ritualísticas, sem querer adentrar por mais fundamentos até contrastantes.

Só por não assumirem este fundamento acima, já não deveriam se auto-rotular umbandas .... mas muitos o fizeram. E o que começou a ser passado a público por essa auto-rotulação?

Que em umbanda havia TOQUES de atabaques; que em umbanda havia roupas especiais para Espíritos trabalharem; que em umbanda exu era orixá; que em umbanda havia "saída de santo"; que em umbanda se cortava ou se imolava pra isto ou aquilo e tantas outras coisas mais que, na verdade, eram práticas dos cultos mistos que se auto-rotularam mas que acabaram entrando para a CRENÇA POPULAR como Umbanda pelo tanto de "sabedoria" que se espalhou e foi amplamente divulgado através de livros dos "autores pós Congresso".

Bem, como hoje quase todo mundo está inclinado a aceitar tudo o que se mistura como umbanda, o que podemos concluir?

Que na verdade a Umbanda, que nasceu para ser diferenciada das Macumbas Cariocas desde seu mais básico fundamento, hoje pode ser considerada A PRÓPRIA MACUMBA CARIOCA, de tantas misturas de crenças, práticas e ritualizações que se vê serem apregoadas como "de umbanda".

Mas ... voltando à REAL e sendo até bastante flexível no que pode ser considerado Umbanda e o que não pode, e passando a considerar alguns adendos como técnicas de terreiro (mas não fundamentos porque não existem em todos), sem fugir dos fundamentos verdadeiros da Umbanda podemos aceitar o uso de atabaques, bem assim como a entrada dos exus (entre outros) nas Umbandas como Povo Auxiliar, por sinal de grande valia quando são orientados para trabalharem de acordo com a Lei, até porque essa foi u'a máxima também deixada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas quando falou de ENSINAR AOS QUE MENOS SOUBESSEM.

Aceitando então a presença de nossos COMPADRES e sabendo que eles vieram (e vêm) da QUIMBANDA, culto no qual A LEI PROVÉM DELES MESMOS e que também se difere da Umbanda em seu fundamento mais básico (ESPÍRITO/CARIDADE), desde o início os cultos mistos que aceitavam exus, e se auto-rotularam umbandas, sabiam que exus viriam para a umbanda principalmente para aprenderem com a Lei e as entidades que já a obedeciam e no intuito de largarem as práticas de escambo às quais estavam totalmente ligados e pelas quais trabalhavam sem refletirem no fato de estarem fazendo bem ou mal, mantinham-nos sob vigilância de diversas formas evitando que as práticas mais pesadas de Quimbanda, às quais estavam acostumados, fossem praticadas nos terreiros que acabaram sendo reconhecidos como Umbandas Cruzadas.

Cruzadas por que? Porque em suas giras, CRUZAVAM LINHAS (formas) DE TRABALHO (Umbanda/Quimbanda) de acordo com a necessidade, dando a esses Espíritos a oportunidade de trabalharem sem as antes obrigatórias trocas de favores e "presentes" (escambo) ao mesmo tempo em que iam se aclimatando à nova realidade - TRABALHO PARA A CARIDADE!!!

Na medida em que um exu se adaptava mais à nova Lei, era considerado (por nós, encarnados) BATIZADO NA LEI DE UMBANDA e na seqüência, quando o exu já tinha se adaptado totalmente à nova Lei e já não fazia jogo de interesse de forma alguma, era então considerado COROADO NA LEI DE UMBANDA, o que, como já expliquei antes, não queria dizer que ele traria uma coroa em sua cabeça, até porque este título lhe era dado por nós, os encarnados, apenas.

Outros cultos mistos, no entanto, sequer se preocuparam em entender que exu estava ali, principalmente para aprender sobre a Lei, e as novas técnicas de trabalho, e os deixavam trabalhar em seus terreiros da mesma maneira que trabalhavam em suas Quimbandas e, embora esses outros cultos também se auto-rotulassem umbandas e fossem reconhecidos como UMBANDAS CRUZADAS, passaram a receber maiores influências e domínios do povo da rua e das calungas, como também eram conhecidos os compadres, justamente pelo poder de sedução que esses Espíritos são capazes de exercer, principalmente sobre pessoas mais necessitadas de "uma força", como se costuma dizer, e mais ainda sobre os IMEDIATISTAS que, antes de sequer pensarem em mudarem em si muitos dos fatores que os levam a decaír, preferem dar logo uma solução aos problemas causados ou criados muitas vezes por eles mesmos, pelo caminho mais curto, o caminho do "EU LHE PRESENTEIO E O SENHOR ME QUEBRA O GALHO"!!!

Como conseqüência deste comportamento, vemos ainda hoje alguns terreiros que se dizem de umbanda serem dirigidos por Exus, Pomba Giras, Pelintras, etc., que mantém "Pretos Velhos", "Crianças" e "Caboclos" sob suas tutelas e fazem suas próprias leis.

Como a gente sabe que isto é uma completa INVERSÃO DE VALORES, só podemos concluir que essas entidades que se apresentam como "pretos velhos", "caboclos" e "crianças" nestes terreiros, estando sob a tutela de exus, só podem ser menores que eles ou, por outro lado, tão exus (em termos energéticos, vibracionais) quanto eles.

Pois muito bem. Nesses terreiros em que exu trabalha como aprendeu na quimbanda junto aos seus, é claro que os cortes, principalmente dos animais de duas patas, costumam ser "remédio" para grande parte dos males que afligem os necessitados, porque foi assim que exu aprendeu a trabalhar e nada lhe foi ensinado de outras técnicas que, mesmo mais lentas, não tão imediatistas, acabam chegando aos mesmos fins sem a menor necessidade de menga, ejé, sangue. Mas o problema é que esses terreiros também são chamados de umbandas e muitas vezes nem se tratam por CRUZADAS, donde advém o início de toda essa confusão que leva a crer que em umbanda há cortes e menga nos trabalhos.

Mas agora vamos organizar e tentar entender como funcionam as coisas dentro de um terreiro CRUZADO de verdade, que tenha giras específicas de exus comandadas por Coroados ou apenas Batizados na Lei de Umbanda, sendo este terreiro DE UMBANDA DE FATO E DIREITO por se fundamentar nas bases lá atrás citadas - ESPÍRITOS - CARIDADE.- HUMILDADE EM TODOS OS SENTIDOS.

Ainda em relação a esta classificação dos exus dadas por nós, os Coroados são os que não exigem mais a menga para seus trabalhos - isto é um fato por já terem aprendido a trabalhar sem. Os Batizados apenas, dependendo de cada situação, podem ou não usar o corte e a menga, mas os que são considerados PAGÃOS NA LEI DE UMBANDA, com certeza vão pedir cortes e trabalharão ainda por "trocas de favores", não sendo isto uma maldade deles especificamente, mas sim uma TÉCNICA DE TRABALHO que aprenderam e com a qual estão sintonizados por não terem tido a oportunidade de estar em contato com entidades que lhes poderiam ensinar outras técnicas.

Primeiro ponto a ser observado - Os terreiros ditos CRUZADOS são aqueles que adotam GIRAS DE EXUS, sejam elas em dias específicos ou como parte da Gira Geral, como continuidade das GIRAS DE CABOCLOS E PRETOS VELHOS;

Segundo ponto a ser observado - Sendo a Gira de Exu uma continuidade da Gira dos Velhos e Caboclos, no momento em que ela acontece, diz-se estar VIRANDO A BANDA (claro que você já deve ter ouvido isto). E diz-se isto por que? Porque neste momento está-se SAINDO DA UMBANDA (ou fechando-a) E INICIANDO A PARTE QUIMBANDA da Gira Geral. A partir daí, qualquer pedido de corte que possa existir está acontecendo NA GIRA DE QUIMBANDA que o terreiro de Umbanda está realizando.

Como a Gira de Quimbanda está sendo realizada no terreiro de Umbanda (Cruzada), a maioria dos observadores confunde as coisas e, não entendendo que a partir daquele ponto é Quimbanda e NÃO UMBANDA, acredita que possíveis cortes pedidos fazem parte da Umbanda, quando NÃO FAZEM!

Em outros terreiros, já se anuncia a Gira de exus para tal dia e, esquecendo-se também de que GIRA DE EXU é o mesmo que GIRA DE QUIMBANDA, se a banda for comandada por exus apenas Batizados na Lei de Umbanda ou os não Batizados (Pagãos na Lei), os cortes (as copagens) podem fazer parte das práticas rituais, pelos motivos já expostos acima.

Ora, se você acompanhou bem o exposto e passar a observar que na grande maioria das vezes quem pede cortes é exu, seja em terreiros de Umbanda Cruzada, seja em terreiros de Quimbanda pura, entenderá a confusão que se forma por não entenderem (e alguns fazerem questão de não entender) que a Umbanda, nos terreiros Cruzados, termina onde começa a Quimbanda e que a partir daí, dependendo da direção da chefia espiritual e material do terreiro, podem OU NÃO acontecer ESCAMBOS E COPAGENS.

Um outro exemplo que explica melhor ainda encontramos nos terreiros que fazem Giras específicas de Ciganos. Veja bem e analise friamente que você vai entender direitinho porque, além desse povo não ser povo de Umbanda e sim agregado, quando se faz Giras específicas para ciganos seguindo-se a ritualística, as crenças, as divindades, as lendas,etc., que esse povo traz como "seus fundamentos", fica claro que a Umbanda está fora, ainda que esta Gira ou Sessão esteja acontecendo dentro de um terreiro de Umbanda, por vontade de seus dirigentes.

Partindo-se deste princípio, então, se as ciganas ou ciganos pedirem ouro e pedras preciosas pra enfeitarem seus médiuns (e isto acontece sim, em alguns locais) será que podemos dizer que PEDIR OURO é princípio de Umbanda ou que Umbanda exige ouro em seus trabalhos?

Voltando então àquela pergunta que tenho certeza que muitos fariam sobre o tirar da lista das Umbandas os terreiros onde exus pedem cortes ...

A resposta é ... não sei! Cada um que reflita e julgue por si se deve ou não porque o mais importante que se deve entender é que Gira de Exu é Gira de QUIMBANDA e, sendo Coroado, Batizado ou não, se exu pedir corte vai fazer pelo que aprendeu NA QUIMBANDA e não na UMBANDA!

-"E o caboclo lá do terreiro que também pede corte, Claudio? Ele se apresenta como caboclo e não exu e também pede! E aí, como é que fica?"

Ele é caboclo, certo? Mas não se engane porque ele, antes de ser um Caboclo (índio como deve estar se apresentando) da Lei de Umbanda é, verdadeiramente, evolutivamente e energeticamente, tão quimbanda quanto os outros exus. A diferença é que não se apresenta como tal, apenas isto. As técnicas e táticas de trabalho de uma entidade servem para que se note seu grau de conhecimento e de aplicação da Lei de Umbanda. Se ele necessita e faz uso de cortes e menga ele é um Quimbanda ou Quimbandeiro e não um Umbanda.

E como tem gente que se fere à toa e tem a tendência de ver sempre ataques às suas crenças quando alguém tenta colocar as coisas nos devidos lugares, principalmente não sendo estas as orientações que têm por pura crença (muitas vezes sem qualquer embasamento), é importante dizer aqui que não se está menosprezando o trabalho desta ou daquela entidade, trabalhe ela como Quimbanda ou como Umbanda, mas apenas separando o que é da Umbanda, o que é da Quimbanda, o que é do Ciganismo, etc., para que não se diga mais que Umbanda tem cortes (da Quimbanda) ou que adore a Santa Sara (do Ciganismo), só porque alguns terreiros assim ajam. Sabendo separar até onde vai a Umbanda nos terreiros e onde começam as outras práticas que esses terreiros adotam, complica-se menos a Umbanda e entende-se melhor esse emaranhado de cultos e crenças.

Num resumo que creio, vai tornar tudo mais fácil ainda de se entender, veja bem:

1- Entidades da Lei de Umbanda (Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus e Pomba Giras Coroados na Lei) NÃO PEDEM CORTES, não trabalham com menga;

2- Entidades da Quimbanda (Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus e Pomba Giras não batizados na Lei) podem pedir (ou não) cortes, seja trabalhando no terreiro específico de Quimbanda ou na Quimbanda dentro do terreiro de Umbanda Cruzada.

Espero que possa tê-lo(a) ajudado a entender o que muitos parecem não querer!

Fraterno SARAVÁ a todos!

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LEIA TAMBÉM : IMOLAÇÃO NA UMBANDA? (basta clicar no link)

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SACRIFÍCIO DE ANIMAIS NA UMBANDA

Por questão de necessidade quase que premente, e até porque hoje, 15 DE NOVEMBRO DE 2010, comemora-se oficialmente 102 anos de UMBANDA NO BRASIL, estou interrompendo a seqüência de postagens de estudos sobre Orixás Cósmicos e a aplicação desses conceitos na compreensão de alguns fenômenos mediúnicos para, mais uma vez (destas que a gente pensa não serem mais necessárias) elucidar um assunto que parece até hoje não ter sido compreendido por uma boa parte dos que se dizem umbandistas, mormente por aquela ala de africanistas (eu diria, mais acertadamente, pseudo-africanistas) que ainda insiste, embasada numa entrevista dada por Dona Zilméia a uma dupla de "repórteres umbandistas" há alguns anos atrás, que a palavra SACRIFÍCIO, que teria sido usada por ela para descrever o ritual que era pedido por Orixá Malê deveria fazer entender, por extensão de compreensão, que na Umbanda Original ou mesmo em qualquer Umbanda existisse essa ritualização - SACRIFÍCIO DE ANIMAIS!

Por que eu coloquei entre parênteses PSEUDO-AFRICANISTAS?

Porque, logo de cara, qualquer VERDADEIRO AFRICANISTA, qualquer conhecedor dos rituais de imolação nos Cultos Africanos (de onde eles também insistem que nasceu a "Umbanda"), tanto os realizados no intuito de Iniciações, quanto os de "troca de favores" (generalizando) perceberia que a ritualização descrita logo à seguir, segundo a tal revista, não têm absolutamente NADA a ver com IMOLAÇÕES ou SACRIFÍCIOS.

Qualquer um que diga que o exposto à seguir se trata de um Sacrifíco Ritual, de uma Imolação, só pode, ou estar de brincadeira, ou ser um beócio em termos de práticas ritualísticas africanas.

Desde quando ABATER um porco fora do Terreiro pode ser considerado um ritual de IMOLAÇÃO (sacrifício ritual)?

Desde quando ofertar um Sarapatel pode ser considerado um ritual de imolação (sacrifício ritual)?

Já pensaram agora se os VERDADEIROS ARICANISTAS (Babás, Dotés, Donés, Yalorixás, etc) resolverem fazer suas Iniciações desta forma? Mandando abater os 4 patas lá fora, com o ato realizado pelo dono do abatedouro ou outro qualquer que não um iniciado preparado para o ritual?

Já pensaram naquele "Exu" pedindo a menga e mandando abater o bichinho no açougue? É pra rir ou pra chorar?

E o pior de tudo isto é que os que afirmam que o que Dona Zilméia descreveu à seguir era realmente uma imolação, ainda se acham no direito de se dizerem "os defensores das tradições africanas dentro das Umbandas". Nem percebem que ao defenderem tal tese, além de demonstrarem que NÃO CONHECEM UMBANDA, ainda estão RIDICULARIZANDO A RITUALÍSTICA AFRICANA, tanto para iniciações, quanto para outro qualquer fim e desta forma, também nada conhecem do que dizem estarem "defendendo".

Suas ânsias em quererem ver CABELOS NASCENDO EM CASCAS DE OVOS e IMOLAÇÃO NA UMBANDA é tão intensa que nem se dão conta do despropósito de suas afirmativas.

Mas ... qual será, em verdade, a intenção de verem SACRIFÍCIO RITUAL onde nunca existiu, principalmente apoiando-se num claro tropeço linguístico de uma senhora de mais de 90 anos já naquela ocasião (sacrifício, se havia, era dos médiuns que ficavam em vigília das oferendas)?

A resposta é simples: "Se conseguirmos provar que Zilméia fazia Sacrifício de porco pra Ogum (como nos parece na tal revista), estaremos tranquilos para podermos afirmar que em Umbanda sempre houve sacrifícios e, melhor ainda, que quando sacrificamos galinhas, galos, bodes, cabras, etc, ESTAMOS FAZENDO UMBANDA".

Pobres cegos guias de mais cegos ainda!!!

A começar pelo animal escolhido (porco pra Ogum) e adentrando pelo ritual descrito por ela logo após, só vê imolação quem ainda acha que 2+2=16, 24, 32 ... etc.

Ao analisarmos esses comportamentos, o sentimento que nos causa é de pelo menos pena.

- Pena por tanto desconhecimento;

- Pena por tantas ilações sem fundamentos;

- Pena pelas distorções que acabam causando nas mentes de outros, principalmente os que estão conhecendo (ou tentando conhecer) UMBANDA agora, e também sobre como se procede um ritual de imolação nos Cultos aos Orixás Africanos, seus preparativos de antes e depois, bem assim como seus objetivos em cada situação;

- E mais pena ainda pelo EMPORCALHAMENTO (foi proposítal sim!) a que reduzem as tradições africanas que dizem defender.

Sobre este tal sacrifício, que seria então de porco pra Ogum como querem fazer crer aos inexperientes (já está bisonho por aí, porque porco não se dá pra Ogum em qualquer tipo de Culto de Nação e muito menos em Umbanda), teríamos que analisar os seguintes parâmetros:

1- Os repórteres nada conheciam sobre Sacrifícios de animais e reproduziram, simplesmente e sem qualquer maldade, o TROPEÇO LINGÜÍSTICO de Dona Zilméia (o que pode acontecer com qualquer um);

2- Os "repórteres" sabiam que NÃO SE MATA PORCO PRA OGUM, e, maldosamente, antecipando que seus leitores nada sabiam disto, publicaram este despautério, já pra criarem polêmica;

3- Os "repórteres", pegando Dona Zilméia "num contra-pé", como chamamos, e usando a palavra SACRIFÍCIO, trataram logo de ir publicando, com os mesmos objetivos citados anteriormente.

De minha parte prefiro acreditar no desconhecimento sobre a matéria por parte dos entrevistadores, porque no segundo caso, se fossem honestos, como pressuponho que sejam, e sabendo da impossibilidade, pelo menos deveriam ter dado uma chance à entrevistada (de mais de 90 anos) de corrigir-se, perguntando-lhe à seguir:

- "A senhora tem certeza de que SACRIFICA PORCO PRA OGUM?"

- A senhora tem certeza de que o que nos relatou é um SACRIFÍCIO DE PORCO PRA OGUM?"

- Seu Pai, o Sr. Zélio de Moraes, e o Cab. das Sete Encruzilhadas compactuavam com essa idéia de que faziam "SACRIFÍCIO DE PORCO PRA OGUM"?

Como não houve pedidos de confirmação deste tipo, só nos resta entender que, nem Dona Zilméia sabia como se procede um Sacrifício Ritual (e não sabia mesmo porque nunca fez) e muito menos os seus entrevistadores, a menos que ... a intenção tivesse sido esta mesma: a de deixar esse "gancho furado" para que nele os pseudo-africanistas, os desconhecedores das ritualizações que dizem defender, se mostrassem em toda a plenitude, desmascarando-se para que verdadeiros umbandistas começassem a entender por que caminhos proliferam as tais "vertentes pseudo-africanistas", tão defendidas por aí afora, comandadas por oborizados "de primeira viagem" em sua maior parte (com excessões), quando muito.

Se foi isto valeu mesmo, porque o que se viu de "experts" em "africanismo", o que se viu até agora de defesa do indefensável, apenas para que se tentasse justificar, dentro de Umbandas como a que eles praticam, uma ritualização que não é E NUNCA FOI DE UMBANDA ... foi uma enormidade.

Se estavam tentando defender a tese dos Sacrifícios embasados em uma prática que a TENSP desenvolvia, com certeza ganharam o tiro pela culatra e acabaram mostrando que não conhecem o que dizem defender e achincalhando o que dizem defender, por extensão!

-"Mas Claudio, e nas Umbandas em que os Exus pedem copagens (cortes)? A gente tem que retirá-las da lista de Umbandas?"

Eis aí, muito certamente, uma das grandes chaves para que se adentre ao conhecimento sobre: Até onde vai a UMBANDA e onde começa a QUIMBANDA, num Terreiro Traçado.

Este é, sem dúvida, o ponto onde a grande maioria se embola toda, confunde uma coisa com outra e acaba afirmando que TUDO É UMBANDA.

Mas isto é tema para próximas postagens.

Vamos finalizar esta matéria com uma entrevista dada por Zélio de Moraes feita por Lília Ribeiro, Lucy e Creuza para a revista Gira da Umbanda, ano 1 – numero 1 – 1972.

A revista foi editada por Atila Nunes Filho e traz na capa a chamada:

EXCLUSIVO: "Eu Fundei a Umbanda"

Essa mesma matéria foi reproduzida em 2008 (outubro de 2008) no Jornal de Umbanda Sagrada, após pesquisa realizada por Alexandre Cumino.

Quem sabe assim, depois de lerem esta reportagem e depois ainda de terem lido a entrevista que fizemos com a atual Dirigente da TENSP, Dona Lygia, aqui exposta na matéria ENTREVISTA COM DONA LYGIA CUNHA,(clique no link) os pseudo-africanistas, defensores do indefensável, consigam se convencer de que EM UMBANDA NÃO EXISTEM SACRIFÍCIOS ANIMAIS?

Vamos à matéria, com alguns realces meus.



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Reportagem de : Lília Ribeiro, Lucy e Creuza.

Com 82 anos de idade, este homem é considerado por um pequeno grupo de umbandistas "o funda­dor da Umbanda".

Cabelos grisalhos, fisionomia serena e simples, Zélio de Moraes, através do seu guia espiritual, o Caboclo das Sete Encruzi­lhadas, só sabe praticar o amor e a humil­dade.

"- Na minha família, todos são da mari­nha: almirantes, comandantes, um capitão-de-mar- e-guerra... Só eu que não sou nada..." – comentava sorrindo Zélio de Moraes, aos amigos que o visitavam, nessa manhã ensolarada.

E a repórter, antes mesmo de se apre­sentar, retrucou:

"- Almirantes ilustres, capitães-de-mar- e-guerra há muitos; o médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, porém, é um só".

Levantando-se, Zélio de Moraes – ma­grinho, de estatura mediana, cabelos grisalhos, fisionomia serena e de uma simplicidade sem igual – acolheu-me, como se fôssemos velhos conhecidos. Nesse ambiente cordial, sentindo-me completa­mente à vontade, possuída de estranho bem-estar, esquecendo, quase, a minha função jornalística, iniciei uma palestra, que se prolongaria por várias horas, deixando-me uma impressão inesquecível.

Perguntei-lhe como ocorrera a eclo­são de sua mediunidade e de que forma se manifestara, pela primeira vez, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

"- Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos.

Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado.

Isso a foi a 14 de novembro de 1908.

Eu tinha 18 anos.

No dia 15, amanheci bom.

Meus pais eram católicos, mas, diante dessa cura inexplicável, resolveram levar-me à Fede­ração Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José de Souza. [neste ponto Zélio pode ter se confundido pelo fato de que nas reuniões Espíritas Kardecistas, PRESIDENTE era o título temporário dado a qualquer um que PRESIDISSE A MESA na ocasião, fato este que conheci pessoalmente].

Foi ele mesmo quem me chamou para que ocupasse um lugar à mesa de trabalhos, à sua direita.

Senti-me deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores.

E causei logo um pequeno tumulto.

Sem saber porque em dado momento, eu disse:

"Falta uma flor nesta mesa; vou buscá-la".

E, apesar da advertência de que não me poderia afastar, levantei-me, fui ao jardim e voltei com uma flor que coloquei no centro da mesa.

Sere­nado o ambiente e iniciados os trabalhos, verifiquei que os espíritos que se apre­sentavam aos videntes como índios e pretos, eram convidados a se afastar.

Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez e perguntei porque não se podiam manifestar esses espíritos que, embora de aspecto humilde, eram trabalhadores.

Estabeleceu- se um debate e um dos videntes, tomando a palavra, indagou:

- "O irmão é um padre jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?"

Respondi sem querer:

- "Amanhã estarei em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas" .

Minha família ficou apavorada.

No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30.

Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação.

O Caboclo das Sete En­cruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus tra­balhos.

Como primeira prova de sua pre­sença, através do passe, curou um para­lítico, entregando a conclusão da cura ao Preto Velho, Pai Antonio, que nesse mes­mo dia se apresentou.

Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem.

O Caboclo determinou que as sessões seriam diárias; das 20 às 22 horas e o atendimento gra­tuito, obedecendo ao lema: "daí de graça o que de graça recebestes".

O uniforme totalmente branco e sapato tênis.

Desse dia em diante, já ao amanhecer havia gente à porta, em busca de passes, cura e conselhos.

Médiuns que não tinham a oportunidade de trabalhar espiritualmente por só receberem entidades que se apresentavam como Caboclos e Pretos Velhos, passaram a cooperar nos traba­lhos.

Outros, considerados portadores de doenças mentais desconhecidas revela­ram-se médiuns excepcionais, de incor­poração e de transporte".

Citando nomes e datas, com precisão extraordinária, Zélio de Moraes relata o que foram os primeiros anos de sua ativi­dade mediúnica. Dez anos depois, o Cabo­clo das Sete Encruzilhadas anunciou a se­gunda fase de sua missão: a fundação de sete templos de Umbanda e, nas reuniões doutrinárias que realizava às quintas-feiras, foi destacando os médiuns que assumiriam a direção das novas tendas: a primeira, com o nome de Nossa Senhora da Con­ceição e, sucessivamente, Nossa Senhora da Guia, São Pedro, Santa Bárbara, São Jorge, Oxalá e São Jerônimo.

"– Na época – prossegue Zélio – imperava a feitiçaria; trabalhava-se muito para o mal, através de objetos materiais, aves e animais sacrificados, tudo a preços elevadíssimos. Para combater esses trabalhos de magia negativa, o Caboclo trouxe outra entidade, o Orixá Malé, que destruía esses malefícios e curava obsedados. Ainda hoje isso existe: há quem trabalhe para fazer ou des­man­char feitiçarias, só para ganhar dinhei­ro [e que se dizem UMBANDAS]. Mas eu digo: não há ninguém que possa contar que eu cobrei um tostão pelas curas que se realizavam em nossa casa; milhares de obsedados, encami­nha­dos inclusive pelos médicos dos sana­tórios de doentes mentais... E quando apresentavam ao Caboclo a relação desses enfermos, ele indicava os que poderiam ser curados espiritual­mente; os outros dependiam de tratamentos material..."

Perguntei então a Zélio, a sua opinião sobre o sacrifício de animais que alguns médiuns fazem na intenção dos Ori­xás.

Zélio absteve-se de opinar, limi­tou-se a dizer:

"- Os meus guias nunca man­da­ram sacrificar animais, nem permitiriam que se cobrasse um centavo pelos trabalhos efetuados. No Espiritismo não pode pensar em ganhar dinheiro; deve-se pensar em Deus e no preparo da vida futura."

O Caboclo das Sete Encruzilhadas não adotava atabaques nem palmas para marcar o ritmo dos cânticos e nem objetos de adorno, como capacetes, cocares, etc.

Quanto ao número de guias a ser usado pelo médium, Zélio opina:

"- A guia deve ser feita de acordo com os protetores que se manifestam. Para o Preto Velho deve-se usar a guia de Preto Velho; para o Caboclo, a guia correspon­dente ao Caboclo. É o bastante. Não há necessidade de carregar cinco ou dez guias no pescoço..."

Considera o Exu um espírito traba­lhador como os outros:

"- O trabalho com os Exus requer muito cuidado. É fácil ao mau médium dar manifestação como Exu e ser, na realidade, um espírito atrasado, como acontece, também, na incorporação de Criança. Considero o Exu um espírito que foi despertado das trevas e, progredindo na escala evolutiva, trabalha em benefício dos necessitados. O Caboclo das Sete Encru­zilhadas ensinava o que Exu é, como na polícia, o soldado. O chefe de polícia não prende o malfeitor; o delegado também não prende. Quem prende é o soldado que executa as ordens dos chefes. E o Exu é um espírito que se prontifica a fazer o bem, porque cada passo que dá em benefício de alguém é mais uma luz que adquire. Atrair o espírito atrasado que estiver obsedando e afastá-lo, é um dos seus trabalhos.

E é assim que vai evoluindo. Torna-se portanto, um auxiliar do Orixá [lembremo-nos do que significa esta palavra - ORIXÁ - para a Umbanda Original, o que já explicamos em matérias anteriores].


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Existe uma seqüência nesta matéria, mas o que aí está já dá muito bem para que entendamos sob que pilares de conhecimento foi anunciada a UM-BAN-DA, (Original, como costumo chamá-la)


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A gente ainda volta pra complementar este tema.

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LEIA TAMBÉM : IMOLAÇÃO NA UMBANDA? (basta clicar no link)

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ORIXÁS CÓSMICOS – MEDIUNIDADE - CHAKRAS - Parte II

Como sei que você certamente foi lá reler os textos sugeridos e acabou descobrindo desta feita, alguns elementos importantes para seu aprendizado, dos quais antes, provavelmente até tenha "passado por cima" (o que ocorre com todos nós ao relermos textos mais antigos, hoje, talvez com mais atenção ou mais sapiência), vamos dando continuidade.
Então, "tipo assim" (do popularesco), observe o sujeito abaixo com esta linda Aura Amarela:

Lembrando sempre de que esta (e outras mais) é uma representação simbólica, até porque ninguém exala uma só cor em sua Aura, e que esse amarelo mais aparente seria resultante do somatório de todas as energias que compõem essa Aura, observemos o que tento lhe passar em texto referente ao item 2 citado na parte I deste trabalho.

Repare que a cor da Aura, na medida em que a energia exalada se afasta do corpo do encarnado, mais fraquinha vai ficando, fazendo entender então, que este "fenômeno" se deva à rarefação contínua da energia emanada, na medida em que se afasta de seus pontos de criação.
Isto quer dizer também, que na parte mais próxima ao corpo físico, esta energia áurica é mais densa e, portanto, MAIS COMPACTA e menos fácil de ser vencida ou invadida em sua condição de escudo primário contra energias externas.

Agora, na figura abaixo, observe atentamente aquele outro sujeito (Espírito) que se achega por trás.


Repare que ele possui na Aura uma cor padrão correspondente à da Aura do encarnado, cor esta, sempre é bom lembrar, resultante dos vários processos energéticos que mantém esse Espírito "vivo", incluindo-se aí as ENERGIAS ORIGINAIS (ORIXÁS) que façam parte de sua formação espiritual.

Este seria um caso de "casamento quase perfeito" entre energias pessoais, que facilitaria imensamente a interação entre um e outro e o Espírito teria menor dificuldade de adentrar o ESCUDO ÁURICO do Encarnado para criar as conexões mais fortes, sobre as quais ainda pretendo escrever, e mais direcionadas ao processo de incorporação.

Quando um Espírito deste tipo está no ambiente e tem essa correspondência energética com um encarnado (médium), ainda que não mova uma só palha para se comunicar (mentalmente) sua presença pode ser detectada pelo encarnado correspondente, ainda que inconscientemente, por uma série de sensações do tipo "não sei o que é isso e nem de onde vêm!".

Se ele se aproxima mais, sua Aura começa a interagir com a Aura de seu correspondente e, por serem correspondentes, vão começar a trocar energias entre si .... AUTOMATICAMENTE, de forma que, se este desencarnado for um Espírito com déficit energético, seja lá por que motivo for, ele vai passar a ser uma espécie de "vampiro" para o encarnado que pode ter como reações físicas, bocejos, cansaço que "vem de não sei onde", um sono "da peste", podendo chegar até mesmo a ânsias de vômito, dores de cabeça, sensação de prostração, abatimento psíquico, e se ele ficar ali por muito tempo (dias ou meses), devido ao excesso de "sugação", pode provocar no encarnado sintomas bem mais profundos e nada agradáveis, estando entre eles os processos depressivos com todas as suas conseqüências.

E uma coisa interessante de se dizer aqui é que essa troca de energias, nem sempre positiva para o encarnado, pode acontecer independentemente da vontade de um e de outro, como nos casos de "vampirismos inconscientes" provocados por entes queridos e outros desencarnados que, ainda mantendo em seus Corpos Astrais as marcas de patologias físicas por ação das quais até vieram a falecer, pela inexperiência com o trato de seus corpos no "pós-morte" e mais alguns apegos materialistas, acabam por se tornarem sérios empecilhos, tanto para o andamento da vida material, quanto para a própria saúde psíquica e às vezes física de seus entes encarnados. E em se tratando de mediunidade mais ou menos acentuada, perceberemos que maiores serão as presenças destas sensações, chegando até mesmo a doenças (algumas projetadas pelo Espírito, também inconscientemente, e outras decorrentes da "desenergização" com conseqüente quebra do equilíbrio harmônico da Aura) naqueles em que a sensibilidade mediúnica (mediunidade) estiver mais aflorada, o que os deixa mais sensíveis a este tipo de exposição.

Aliás, este tipo de obsessão, mesmo que inconsciente por parte de entes queridos, é um dos mais difíceis de serem verdadeiramente curados, exatamente pelos elos familiares, sentimentais e energéticos que unem encarnado e desencarnado, tanto nos casos em que o Espírito não entende o porquê de estar sendo prejudicial, quanto naqueles em que o Encarnado parece sentir uma falta tão grande do ente falecido que, também inconscientemente, o atrai fortemente para que fique a seu lado por rezas, orações e lamentações.

Ah, mas eu fui numa "macumba" (ou numa igreja) e eles "botaram o Egun da minha tia pra correr" e eu fiquei livre do encosto. Não é isto que costumamos ouvir?

"Botar pra correr" é até fácil, compadre, o difícil é manter o Egun afastado se você não tratar de esquecê-lo(a) e "procurar sua vida" melhorando-a espiritualmente, ou não der rumo certo à sua vida, ou mais ainda, se este Egun, este Espírito Desencarnado, estiver lhe cobrando alguma coisa que a espiritualidade às suas voltas (sua e dele) julgue estar correto, porque neste último caso, principalmente, ele(a) vai esperá-lo na primeira esquina da vida e se colar de novo.

"Botar pra correr" não é a tática correta (e também não é de Umbanda) porque se o Egun for do tipo "cobrador", ele não vai deixar de cobrar, seja hoje ou mais tarde, já que suas idéias de cobrança não vão se arrefecer, principalmente por "surras astrais", ou choques, sem o encaminhamento devido e ... principalmente se você NÃO MUDAR, em sua vida, as energias que facilitaram essa interação. Pense sobre isto!

Mas voltando ao assunto ...

É claro que você percebeu que quando escrevi sobre Espírito com déficit energético, estava me referindo àqueles que se mostram enfraquecidos energeticamente em relação ao humano em que acabam atuando. Citei entes queridos como poderia citar quaisquer outros tipos de Espíritos que vagam pelo Espaço Astral nas mesmas condições, principalmente os mais materializados, os que julgam e entendem necessitarem de elementos materiais, compreendendo-se aí a BIOENERGIA que pode ser absorvida, tanto através das emanações da Aura de um ser vivo, quanto através da decomposição de cadáveres, sejam eles humanos ou de animais, estando inclusos neste caso, o que lhes possa ser oferecido sob formas de imolação ou sacrifícios rituais.

Por outro lado, se a presença for de uma entidade plena de energia, seja ela mais ou menos densa, mas uma que já tenha mais tempo de desencarne e mais experiência com o trato das energias que componham seu Corpo Espiritual, e além disto de um padrão vibratório correspondente ao do encarnado, a tendência é a de que a interação energética entre eles se faça de forma mais equilibrada e com menos perdas, tanto do Desencarnado para o Encarnado, quanto vice-versa, já que ambos se encontrariam mais ou menos "emparelhados", sob o ponto de vista de potencial energético.

Esse outro caso não é tão comum (a não ser nos casos de médiuns muito "bem casados", energeticamente, com sua própria Banda) e, mesmo num processo de incorporação sem muitos trabalhos pesados a serem realizados (consultas e passes, por exemplo), quase sempre as Entidades Espirituais acabam cedendo mais de suas energias ao Encarnado, o que se pode observar, também, em Sessões preparadas para Expurgo dos médiuns, nas quais, além do médium se livrar (por atuação de sua guarda espiritual) de possíveis energias e "acompanhantes" indesejáveis, recebe de seus Amigos Espirituais, energias que o recompõem e o reanimam para o que terá que enfrentar adiante.

Ainda num terceiro caso, em que a Entidade tenha um Padrão Energético (e quase sempre evolutivo) potencialmente mais alto do que o do médium, a tendência é de que ela acabe, de certa forma, cedendo muito mais energia durante a interação que se dá no processo de incorporação, o que costuma transmitir ao médium, em termos de sensação posterior, muita calma, uma alegria mansa que não se sabe de onde vem (diferente daquela que agita e até sugere uma cervejinha após), e às vezes, até vontade de ficar dormindo ali mesmo.

Quem ainda não sentiu como parecesse estar flutuando após uma Sessão bem conduzida, finalizada adequadamente pela presença das falanges de vibrações mais altas, ainda que a Sessão tenha sido voltada para o atendimento aos necessitados que freqüentam o Terreiro, desde que não tenham sido esquecidos os próprios médiuns que, como sempre faço questão de ressaltar: SÃO OS PILARES que realmente sustentam todas as manifestações mediúnicas dentro de um Centro ou Terreiro, incluindo-se nisto as Egrégoras nesses ambientes criadas, para o que, devem estar sempre bem assistidos e agindo cientes de suas importâncias e, principalmente de seus deveres.

É sim, meu querido ou querida Dirigente. Se o seu grupo mediúnico incluir médiuns despreparados, litigiosos, descrentes da Banda e até de si mesmos (auto-estima baixa), ou daqueles que (como nos ensinou uma vez o Caboclo Arranca Toco) estão sempre remando contra, além de "sua canoa" ser conduzida com excesso de peso, pode até nunca chegar à margem que objetiva.

O que isto quer dizer por extensão?

Que se o grupo de médiuns não for o mais HARMÔNICO possível, não "remar junto e para a mesma direção", você pode ter a tronqueira (no caso de tê-la) mais cheia de "fundamentos", mais elaborada, seu Gongá pode estar cheio de firmezas e/ou "assentamentos" que mais cedo ou mais tarde, você, como Chefe de Terreiro principalmente, vai acabar sentindo suas forças se esvaírem, sua Banda (acompanhamento Espiritual) cada vez mais longe, um esgotamento físico e psíquico que o(a) levará (além de a possíveis processos patológicos - doenças) a repensar SE VALE A PENA continuar, porque o ANIMISMO (e até as mistificações inconscientes), muito mais do que o MEDIUNISMO já estará acontecendo em virtude dessas "demandas internas" que desequilibram a Egrégora e, por extensão, a todo o grupo.

É claro que estou tentando repassar isto para quem se preocupa em estar realizando PRÁTICA ESPIRITUAL verdadeira e não apenas ANÍMICA, porque para esses, "tanto faz, como tanto fez", e o importante mesmo é continuar "mostrando que tem santo(?)", mesmo que ele esteja lá longe.

Mas aí ... você que é esperto ou esperta, em vista do que leu acima sobre quem cede mais e quem cede menos energias durante as interações no processo de incorporação, já deve ter compreendido o porquê dos ESPÍRITOS DE LUZ (os que são assim considerados por serem bem mais evoluídos do que nós e trazerem energias menos densas nas formações de seus Corpos Espirituais, ainda que em maior potencial) EVITEM O PROCESSO DE MEDIUNIZAÇÃO POR INCORPORAÇÃO (principalmente total), dele só se utilizando em casos muito raros.

Mais adiante continuaremos. Enquanto isto, reflita e, se lhe aprouver, pode deixar seus comentários, e perguntas em caso de havê-las.

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NOTA:

Este texto, ainda incompleto aqui, é parte de um dos que compõem o próximo volume de UMBANDA SEM MEDO.

Qualquer cópia para fins comerciais está desautorizada antecipadamente pelo autor.
Cópias deste, assim como dos demais deste Blog, serão admitidas desde que a fonte exata seja divulgada.

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domingo, 24 de outubro de 2010

ORIXÁS CÓSMICOS – MEDIUNIDADE - CHAKRAS

Olá, gente!

Depois de um "longo e tenebroso inverno" com quase nenhuma postagem, vamos dando continuidade aos nosso temas, até porque já estou cansado de receber mensagens me indagando sobre quando vamos continuar a escrever.

Sem mais delongas, vamos ao nosso tema mais atual.

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E aí, eu parei lá no outro tema com aquele monte de conceitos sobre orixás e tenho certeza de que você (como eu mesmo por muitas vezes) já deve ter se perguntado: E qual é a aplicação prática para todo esse conhecimento sobre Energias Cósmicas, Orixás Cósmicos, Energias de Raiz, Vibração Original, Raios da Criação ou sei lá mais quantos nomes vão inventar para isto tudo? No que isto tudo influencia os trabalhos de Terreiro, Centros, Barracões, etc?

Quer saber mesmo? Quase nada!

Quase nada do que se fale ou se descreva sobre as possibilidades do que venha a ser compreendido como Orixás, sejam eles Cósmicos, da Natureza, Espíritos de Grande força, etc., interfere no seu trabalho prático com a mediunidade, esteja ela apontada para os Cultos Africanos, para o Kardecismo, para a Umbanda, a Quimbanda, etc.

Esses conceitos só são criados e aceitos por nós (cada um à sua maneira) para que se criem (ainda que subjetivamente) elos de ligação entre os cultos, religiões e filosofias à Energia Mãe (Deus, Zambi, Olorun, Alah, Jeová, etc.,) de alguma forma, e isto acabe por "assegurar" (entre aspas mesmo) que se está praticando uma forma de culto religioso, porque devido à subjetividade e diversificação de cada explicação do que ou quem seriam os Orixás e até mesmo DEUS, tanto em relação ao que já se conhece por diversos autores, quanto ao que ainda venham a criar, e devido também ao fato (este sim bem mais concreto) de que, seja qual for a forma de se entender Orixás e Deus, sempre há os que se beneficiem e encontrem certo "amparo espiritual" por sua crença, havendo também os que não, ainda que (per)sigam as mesmas crenças, é possível que talvez todos esses conceitos não passem disto mesmo: puras crenças pessoais que agradam ou não ao subjetivismo de cada um e por conta deles são ou não aceitos.


Pô!! Então você abre um tema colocando "n" páginas falando sobre Orixás e depois vem dizer que esse conhecimento não nos ajuda em nada de nossas práticas espiritualistas? Perguntaria você que está prestando atenção no que lê, não é mesmo?

Em primeiro lugar eu usei a expressão "QUASE nada", lembra-se?

E por que Quase nada?

Porque a não ser pela visão energética e cósmica do que seriam essas forças que também chamamos orixás, todas as demais aqui citadas "morrem", em aplicação prática, na exposição de seus conceitos, já que por elas entenderíamos o que seria "Orixá" (dentro dessas concepções) e ponto final, praticamente acabou por aí restando talvez a curiosidade sobre como cultuá-los ou "adorá-los" (aí já virou Culto a Orixá o que não é mais Umbanda), ao passo que o estudo dos Orixás enquanto ENERGIAS ou VIBRAÇÕES ORIGINAIS, nos dá amparo para podermos entender uma série de "fenômenos" que se nos apresentam via mediunidade, alguns dos quais já expostos no capítulo anterior e outros mais que espero poder deixar mais claros a partir de agora.

A partir daqui, pessoas que não tenham a mente aberta para "novos" ensinamentos e experiências, por favor não leiam, ok?

Vamos imaginar uma cena: Você chegou no Terreiro e, médium honesto e ciente de sua responsabilidade com a prática que vai exercer assim que começarem os trabalhos, procura se isolar do burburinho, dos comentários não relativos à prática; procura também elevar seus pensamentos para que sua AURA resplandeça em luzes e, por este meio, busque atrair para si energias e entidades que com essas luzes compactuem ou se sintonizem.

Inicia-se a Sessão ou gira, normalmente pela defumação e você age mentalmente, buscando ainda mais contatos positivos e firmes com um ALTO ASTRAL, deixando de lado o máximo do que esteja acontecendo no Terreiro em sua parte material e procurando se contatar com o que acontece na parte espiritual que, como já dissemos, é mais importante em mais de 90% do que acontece ali, a seu lado físico.

Repentinamente e em um momento adequado, você começa a sentir que está perdendo o controle total de seus movimentos e se desequilibrando como se as pernas estivessem bambas ou o cérebro perdendo o comando natural de seus membros e repara também que esse desequilíbrio, tanto começa pelas pernas (ilusão) como por um certo torpor mental que em diferentes graus (depende de cada um) faz parecer que um processo de labirintite (Já sentiu? Se não pergunte a quem já) começa a se delinear.

De repente seu joelho se dobra e num brado forte o Caboclo "X" se mostra presente sem que você tenha tido tempo sequer de frear esses impulsos. Este é o momento em que a entidade tem, normalmente, o maior controle sobre o físico do médium e pode perdurar ou não, em virtude de uma série de situações às quais não vou me prender agora porque o objetivo é focar exatamente este momento – o do primeiro e maior contato físico, em todos os casos, da entidade dominante com o seu médium.

Após este brado, os semi-inconscientes e os mais conscientes (para aquela determinada entidade, já que esse estado pode variar de entidade para entidade) percebem que as sensações de comando físico por parte do Espírito podem persistir em maior ou menor grau (dependendo, como já disse), mas o importante é que a tonteira e o desequilíbrio cessam e se o médium for mais consciente (menos tomado), pode ele mesmo levantar-se e dar continuidade a seus próprios movimentos intuídos, mas não mais comandados, pela entidade ali presente, assim como também poderá, continuando sob o processo de domínio corporal pela entidade, sentir-se meio que estranho, vendo seu corpo se movimentar sem seu controle.

Independentemente de qual seja a forma em que a entidade atue no seu psiquismo e nos seus controles motores, esse processo momentâneo de incorporação envolve uma série de requisitos que até mesmo uma grande parte das entidades que dele se valem não têm a menor idéia de como funciona. Como para eles o ato é quase que automático, nem chegam a parar para analisar os porquês de, por exemplo, ser mais fácil "entrarem" em certos médiuns e mais difícil em outros, estando ambos nas mesmas condições mediúnicas, ou o porquê de num determinado local, poderem facilmente dominar e "entrar" em mais de um médium com a mesma facilidade.

Nem mesmo eles percebem como se processa a conexão áurica ou a conexão através dos chakras, seus e os dos médiuns que usam para se comunicarem, de forma que não são todos os Espíritos que lhe poderão fornecer maiores dados sobre esse mecanismo que, se compreendido mais a fundo, pode ajudar bastante ao médium (ainda que seus amigos espirituais nem se dêem conta disto) a melhorar ainda mais os contatos com seus amigos "do lado de lá", processo que tentaremos analisar de forma bem acessível para que você possa, talvez entendendo melhor, passar a sentir mais e melhor esse processo de incorporação, tão exigido nos Terreiros de Umbanda que se esmeram na prática da MEDIUNIDADE e não na prática do ANIMISMO.

Antes ainda de maiores análises, devo lembrá-lo(a) de que nós atraímos para nosso convívio entidades espirituais que se assemelhem a nós mesmos, seja em idéias, em práticas, crenças, caráter, personalidade, etc, etc, como nos ensina a Lei dos Semelhantes, querendo isto dizer que quanto mais semelhantes formos às entidades que de nós se aproximarem (ou elas de nós), maiores serão os elos de contato energético e, certamente, maiores e melhores as sintonias vibratórias entre nós e eles, antes ainda de pensarmos em aprimorar nossas mediunidades para isto ou aquilo, ou por esta ou aquela corrente de pensamentos.

Como se dá então o processo de mediunização, levando-se em conta a incorporação ou psicopraxia, entendendo-se que estamos falando de incorporação permitida e até requerida e não forçada como nos casos de "invasão" obsessiva?

Fatores a serem considerados:

1- Fator Inicial necessário – semelhanças, tanto sob forma de caráter e personalidade, quanto psíquicas e comportamentais, o que por si só já cria elos de correspondência;

2- Flexibilidade na expansão da Aura que pode ser até inconsciente e provocada de fora para dentro, mas que também pode ser controlada pela mente do médium;

3- Semelhanças entre as energias que formam o Corpo Astral ou Espiritual da entidade e o padrão vibratório das energias que a Aura do médium projeta e que é sentido no Astral sob formas repulsivas ou atrativas para esta ou aquela qualidade de Espíritos – este é um fator bem mutável e pode variar de acordo com o estado psíquico e orgânico do médium a cada dia e até a cada hora;

4- Correspondências energéticas nas Vibrações Originais (como vimos no texto sobre orixás cósmicos) entre as energias (mônada, alma, etc) que compõem o Espírito desencarnado e o Espírito do médium, o que também facilita o uso da carcaça material pela entidade "visitante", já que essa carcaça material foi adaptada a essas energias ao longo do tempo, desde o nascimento ou até antes.

Então, tentando esmiuçar isso aí, esses são os fatores que podem facilitar ou até dificultar o melhor ou menor contato psíquico e motor entre médium e Espírito. A partir do momento em que esses fatores se somarem em prol da mediunização, maiores as possibilidades de contatos mais firmes acontecerem.

O item 1, creio que nem é preciso explicar muito porque pra quem entende que SEMELHANTE ATRAI SEMELHANTE já entendeu tudo.

No item 2, e como já explicamos, a expansão da Aura cria zonas energéticas menos densas, principalmente em sua borda (parte mais externa), o que facilita tanto a corpos espirituais como outros tipos de energias poderem adentrar esse escudo básico.

Processos de expansão de Aura por técnicas de relaxamento, quando controlados por médiuns treinados, facilitam a "entrada" da entidade e evitam choques vibratórios daqueles que vemos quando, para incorporar, o médium leva quase que uma surra de tanto que sacoleja.

Aliás, abrindo um parêntese, esses excessos de sacolejos podem ser devidos, não só à inexperiência do(a) médium (que se contrai por medo - e também à sua Aura - mas até mesmo em função das primeiras reações de seu sistema nervoso que em médiuns não preparados podem criar sensações de tonturas, desequilíbrios e até vômitos, etc.), mas também às diferenças vibracionais entre ele e a entidade que tenta se achegar e adentrar seu psiquismo sem qualquer afinidade energética primária.

Podemos observar bem mais claramente este processo dos sacolejos, já em médiuns mais experimentados, nas incorporações de obsessores em sessões de descarga por atração e encaminhamento, ocasião em que o(a) médium acaba por atrair para si entidades que não se coadunam com suas vibrações, criando-se muitas vezes choques vibratórios.

Isto não costuma ocorrer em médiuns de características somente psicofônicas, já que estes não passam pelo processo mais profundo de incorporação que envolve muito mais a interação energética entre médium e Espírito.

O item 3 nos fala de semelhanças entre as energias que formam o Corpo Astral ou Espiritual da entidade e o padrão vibratório das energias que a Aura do médium projeta porque essa Aura que como já explicamos resulta de uma projeção energética criada dentro do corpo físico e sofre influência, tanto de características de personalidade, quanto de estado de espírito, quanto de saúde e até mesmo do que o médium comeu ou bebeu em determinado momento, de forma que essa energia projetada é resultante de um somatório de processos que acontecem, tanto no corpo físico como no psiquismo do encarnado e, dependendo deste resultado, ela nos pode facilitar melhores contatos, tanto com "luminares" quanto com o mais Baixo Astral. E quando digo que este é um fator mutável, quero dizer que, DEPENDENDO desses fatores que criam essa energia final (até do que se come, como disse) a Aura poderá apresentar em determinados momentos, padrões energéticos melhores ou piores para contatos diríamos, extrafísicos.

Uma observação importante aqui é que essas variáveis no padrão vibratório da Aura não parecem incomodar Espíritos de baixa vibração em suas chegadas, mas atrapalham demais a tentativa de chegada e de trabalhos dos entes menos densos, menos materializados.

Quer testar? Coma um bom churrasco e tome umas cervejinhas, mesmo que não seja em excesso, e depois vá para o Centro ou Terreiro trabalhar e tente dar passagem para entidades reconhecidamente "de luz", aquelas que são menos densas e por isto mesmo já apresentam mais dificuldades naturais para incorporar (DE FATO) e depois analise por si.

Já para os amigos Exus e Pomba Giras, isto praticamente não apresenta problema algum. Por que será, heim???

E o item 4 nos fala, novamente, das correspondências energéticas que possam existir na formação espiritual entre encarnado e desencarnado (e elementais também, não podemos nos esquecer disto), lembrando-nos do que já foi explicado no capítulo anterior.

E como é que isto pode nos afetar?

Lembrando-nos de que correspondências nas Vibrações Originais podem envolver a interação com Espíritos, tanto de padrão evolutivo maior do que o nosso, quanto menor (sim, porque até os piores kiumbas, como chamamos alguns Espíritos Obsessores, provocadores, beligerantes, etc, são provenientes das mesmas fontes energéticas que nós, que nos consideramos menos kiumbas, e por isto mesmo também trazem em suas formações as mesmas Vibrações Originais ou os mesmos Orixás) e por isto mesmo, dependendo das semelhanças de que trata o item 1 (caráter, personalidade, psiquismos, comportamentos,  crenças, etc.) sentindo-se atraídos por um certo encarnado e tendo ainda por cima estreita relação energética por conta de Vibrações Originais semelhantes ou correspondentes, "tomam conta do pedaço" com a maior facilidade e, como já explicado nos textos sobre obsessores, no Volume III, capítulo 10, se forem espertos, vão "comendo a carne" devagarzinho e soprando ao mesmo tempo pra que a dor só seja sentida quando não houver mais tempo pra que o encarnado em questão se livre deles.

Talvez seja uma boa hora de você dar uma paradinha por aqui e reler, com muita calma e atenção, o texto do Cap 10 acima citado que tem como título: PROCESSOS OBSESSIVOS III - OBSESSÕES ESPIRITUAIS.

Se você ainda não baixou os livros, clique no link abaixo e leia esse texto aqui mesmo no Blog:


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NOTA:
Este texto, ainda incompleto aqui, é parte de um dos que compõem o próximo volume de UMBANDA SEM MEDO. Qualquer cópia para fins comerciais está desautorizado antecipadamente pelo autor que sou eu mesmo, Claudio Zeus.

Cópias deste, assim como dos demais deste Blog, serão admitidas desde que a fonte exata seja divulgada.

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MAIS UMA ESTRELA A BRILHAR

É nosso dever comunicar a todos os irmãos na fé umbandista que no dia 16 de setembro, dia consagrado a Nossa Senhora da Piedade, às 18 horas (hora do Ângelus), partiu de volta para a Pátria Espiritual a senhora Zilméia de Moraes Cunha, médium das entidades Tiana e Branca Lua, filha do saudoso Zélio de Moraes, médium do também saudoso Caboclo das Sete Encruzilhadas.
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O sepultamento será neste sábado dia 18/09, no Cemitério do Maruí, Capela N.S da Conceição, no bairro do Barreto - Niterói, às 11 horas da manhã.
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Aos que não puderem comparecer pedimos que, se possível, elevem seus pensamentos nesta hora aos bons Guias Espirituais e, aos que comparecerem a família da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade pede que vistam trajes brancos para que se possa prestar a última homenagem a esta que foi um dos baluartes da Umbanda em nosso país.
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Como já nos diz uma certa cantiga (ponto) de Umbanda, apenas adaptado agora para a situação:


Nos Terreiros e Centros de Umbanda
Mais uma estrela a brilhar
É mais uma pemba,
É mais uma Guia
É mais uma Luz
A brilhar na noite e no dia.

E como nossa homenagem aqui é singela, assim como foi singela (simples) dona Zilméia, nossos votos são de que, ao chegar do outro lado da vida, possa ser recepcionada por seus Guias queridos, além daqueles que foram seus familiares aqui na Terra, todos em júbilo total, tanto pelo retorno do Espírito à Pátria Espiritual, quanto pela certeza de sua missão cumprida.
Estrela da Guia,
Guia que vem brilhar
Guia de todos os Santos,
Guias de todos os Orixás
Estrela da Guia
Que vem brilhar
Tomai conta desta filha
É de seu Pai OXALÁ!