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sexta-feira, 20 de março de 2009

Sincretismos Religiosos Brasileiros Parte V


PARTE FINAL


97



Em praticamente todos as casas de Almas e Angola podem ser encontradas estruturas arquitetônicas que desempenham um papel importante no ritual. Entre essas estruturas destacam-se: a Cangira, associada aos Exus e Pombagiras, do lado de fora do terreiro; uma Casa das Almas, geralmente ao lado da Cangira e associada os Pretos-Velhos e ao Orixá Obaluaiê; uma cozinha; um salão onde encontra-se o altar; e três atabaques, também chamados de Tumbadeiras.98


O ingresso de uma pessoa como membro de uma casa de Almas e Angola começa pela cerimônia chamada de sacudimento, onde é realizada a limpeza espiritual do mesmo, logo seguido pelo Ritual do Amaci. Após algum tempo é realizado o batismo e tempos depois o obori (ou obrigação de anjo da guarda). Após um período de sete anos desta obrigação é realizada a obrigação de Pai ou Mãe Pequena e sete anos após esta é realizada a obrigação de Babalaô (sacerdote homem) ou Babá (sacerdote mulher). Em Santa Catarina existem ainda as obrigações de reforço de Sete, Quatorze e Vinte e Um anos, realizadas, respectivamente, sete, quatorze e vinte e um anos após a obrigação de Babalaô ou Babá. Após passar por esta última obrigação, o sacerdote recebe o título de Tatá no Santo. 99

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.


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97 - Tabela organizada com base nas informações extraídas de TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.

98 - TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.
99 TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.


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VOCABULÁRIO



Abaixo está um pequeno vocabulário com algumas das palavras e expressões utilizadas em alguns sincretismo surgidos no Brasil. Os parênteses colocados após algumas palavras indicam a origem das mesmas.

A
A (iorubá) – Nós.
Aba (iorubá) – Velho.
Abadá - Túnica larga e de mangas compridas.
Abassá (iorubá) - Terreiro, barracão.
Abassê - Cozinheira que prepara as comidas de santo na tradição jeje.
Abé (iorubá) – Navalha.
Abi (iorubá) – Nascer.
Abiã – Pessoa que frequenta o Candomblé, mas ainda não passou pelos rituais de iniciação, sendo portanto o posto mais baixo da hierarquia do terreiro.
Aborixá (iorubá) - Adorador de orixá.
Abrir a gira - Início ou abertura dos trabalhos no terreiro de Umbanda.
Abrir os caminhos – Ritual da Umbanda que consiste em trabalhos de magia voltados para amenizar os problemas da vida do consulente, desde que seja do merecimento desta pessoa e que não prejudique ninguém.
Adagã – Cargo do Candomblé que tem o mesmo significado que cambono de despacho na Umbanda.
Adejá – Aportuguesamento da palavra iorubá adjá.
Adjá (iorubá) - Pequeno sino de metal, com até três campânulas, que é sacudido com uma das
mãos.
Afofi (iorubá) - Flatular, eliminar gases.
Agibonã – O mesmo que jibonã ou mãe criadeira.
Agô (iorubá) – Licença.
Agogô (iorubá) - Espécie de sino de metal, com até três campânulas, que é percutido com uma
vara de metal.
Agutã (iorubá) - Carneiro sem chifre.
Ajá (iorubá) – Cachorro.
Ajapá (iorubá) – Tartaruga.
Ajé (iorubá) – Feiticeira.
Ajeum (iorubá) – Comida.
Akará (iorubá) - Acarajé (no Brasil).
Akikó (iorubá) – Galo.
Akukó (iorubá) – O mesmo que akikó.
Alá (iorubá) – Cobertura. Em algumas religiões sincréticas afro-brasileiras é o nome do dossel branco que acoberta os filhos e filhas-de-santo durante a saída-de-iaô, os noivos no rito de casamento ou dignatários de outros terreiros.
Alabá (iorubá) – Idoso.
Alguidar – Vasilha de barro em forma de cone ou bacia.
Aluá – Bebida feita de milho.
Alubaça (iorubá) – Cebola.
Alume (banto) – Homem.
Amaci – Líquido obtido a partir do sumo de ervas verdes maceradas em água.
Amalá - Comida de santo.
Amuleto - Objeto com finalidade protetora que se utilizada geralmente pendurado em um cordão em volta do pescoço ou dentro de um patuá, ao qual se atribui poderes mágicos, dentre os quais os de afastar maus pensamentos e maus fluídos e aproximar os bons pensamentos e bons fluidos. Alguns também são utilizados para atrair riqueza, atrai amor, prevenir doenças, ajudar no processo de cura. Como exemplo de objetos utilizados como amuletos temos: medalhas de santos, figa de arruda, figa de guiné, crucifixos e cruzes, figuras geométricas, inscrição, pedras e cristais.
Anduro (banto) – Fogo.
Anganga (banto) – Senhor, senhora.
Anganga N'Zambi (banto) – Senhor Deus.
Aparelho – Na Umbanda é sinônimo de médium.
Aquenje (banto) – Menino.
Arengá (banto) – Tarefa.
Arirê (banto) – Canto.
Arquétipo – A forma substancial, a essência das coisas tal como elas se manifestam em nossa
mente.
Arriar obrigações – Deixar frutos, flores, ervas, bebidas, velas e presentes para os Orixás e entidades em determinados locais na natureza. O mesmo que arriar oferendas.
Arriar oferendas – O mesmo que arriar obrigações.
Aruanda (banto) – Céu. Na Umbanda designa o plano espiritual onde se reúnem as entidades que trabalham, incorporadas ou não, nos terreiros.
Assentamento - Conjunto de objetos (louças, ferro, búzios, pedra, etc.) e emblemas (pontos riscados) que representam o Orixá. Cerimônia realizada com o objetivo de firmar o poder do Orixá sobre determinado local para a sua proteção.
Atá (iorubá) – Pimenta.
Atabaque – Instrumento de percussão usado nas cerimônias para acompanhar os cânticos aos Orixás, semelhante a um tambor alto e estreito.
Ataré (iorubá) – Pimenta-da-costa.
Axé (iorubá) - Força espiritual.
Axexê – Cerimônia fúnebre do Candomblé.
Axô (iorubá) – Roupa.
Ayê (iorubá) – Mundo, terra.
Azê - Capuz de palha de Obaluaiê.
Azeite de dendê - Óleo extraído do dendezeiro.

B
Babá (iorubá) – Pai. Contração de babalorixá.
Babá kekerê (iorubá) – O mesmo que pai-pequeno.
Babalaô (iorubá) - Sacerdote de Ifá; pessoa que joga búzios.
Babalorixá (iorubá) – O mesmo que pai-de-santo ou zelador de santo.
Bacuro – O mesmo que elemental.
Bacuro de Pemba – O mesmo que filho-de-santo.
Badurá (iorubá) – Rezar.
Baixar - Ato no qual as entidades incorporam nos médiuns, numa alusão de que elas viriam do céu para a terra.
Balangandã – Amuletos, podendo designar também enfeites e ornamentos.
Balê – No Candomblé designa a casa dos eguns.
Bamba (banto) – Valente.
Bambazuó (banto) – Provocação.
Banda – Lugar, morada.
Bango – Dinheiro.
Banho de ervas – Banho ritualístico com finalidade de limpeza energética e/ou energização da aura das pessoas, no qual se utiliza o amaci.
Barracão – Local onde ocorre os rituais do Candomblé.
Barundo (banto) – Senhor.
Bater cabeça - Ritual que consiste em abaixar-se aos pés do Gongá ou de uma entidade e tocar sua cabeça ao chão, em sinal de respeito e humildade.
Bater para o santo - Ato de percutir os atabaques no ritmo do ponto cantado.
Batismo dos atabaques – Cerimônia que confere qualificação religiosa aos atabaques, fazendo com que os mesmos deixem de ser meros instrumentos musicais.
Batismo na Umbanda – Sacramento utilizado em algumas vertentes da Umbanda para estabelecer o ingresso de uma determinada pessoa no corpo de filhos ou filhas-de-santo do terreiro.
Batuque – Dança, festa. Pode designar também uma religião sincrética brasileira originária do Rio Grande do Sul.
Bi (iorubá) – Nascer.
Bombogira – Sinônimo de Pombagira.
Bori – Ritos do Candomblé utilizados para o fortalecimento espiritual de uma pessoa.
Breve – O mesmo que patuá.
Burro – Palavra utilizada na Umbanda como sinônimo para médium.
Búzio – Um tipo de concha, também chamado de cauri, utilizado no passado como moeda na África.

C

Cabaça - Vaso feito do fruto maduro do cabaceiro depois de esvaziado o miolo, utilizado também
como moringa de água.
Cabana – O mesmo que centro, tenda.
Cacimba (banto) – Poço.
Cacurucai ou cacurucaia (banto) – Velho, velha.
Cafungê (banto) – Garoto sem vergonha.
Calundu (banto) – Tristeza. Designa também uma manifestação sincrética do Brasil colonial.
Calunga (banto) – Mar. Na Umbanda é utilizada como redução da expressão calunga pequena.
Calunga grande – Expressão utilizada na Umbanda para designar mar, oceano.
Calunga pequena – Expressão utilizada na Umbanda para designar cemitério.
Cambambe (banto) – Cabrito.
Cambono – Um dos cargos dos terreiros de Umbanda, o qual pode ser ocupado por homens e
mulheres e cuja função é auxiliar as entidades incorporadas nos médiuns.
Cambono de despacho – Um dos cargos dos terreiros de Umbanda, diretamente subordinado ao pai ou mãe-de-santo, responsável por todas as entregas do terreiro a serem feitas às entidades, podendo ser ocupado por homens e mulheres.
Camuquengue (banto) – Menino.
Camutuê (banto) – Cabeça.
Candaburo (banto) – Galo.
Candonga (banto) – Briga, intriga.
Canguro (banto) – Porco.
Canjerê (banto) – Festa.
Canjira (banto) – Dança.
Canzuá – Casa.
Capungo (banto) – Malvado.
Cariapemba (banto) – Diabo.
Carma – Lei segundo a qual cada uma de nossas ações provoca uma reação, que pode se manifestar
tanto nesta vida como em outra encarnação, sejam elas boas ou más.
Casa das almas – Pequena construção de tijolo dedicada aos Pretos e Pretas-Velhas.
Casa de Exu – Pequena construção de tijolo dedicada aos Exus e Pombagiras, onde se colocam os assentamentos dos mesmos.
Catita (banto) – Pequeno.
Cauri – O mesmo que búzio.
Cavalo – Palavra utilizada na Umbanda como sinônimo para médium.
Caxicovera (banto) – Doença.
Centro – O mesmo que cabana, tenda.
Chefe de cabeça – O mesmo que chefe de coroa.
Chefe de coroa – Entidade principal de um médium, responsável pela sua orientação moral e por comandar as demais entidades daquele médium. Geralmente é ligado ao Orixá de coroa do indivíduo.
Chefe de falange - Entidade espiritual muito evoluída, que serve como chefe e orientador de um conjunto de espíritos evoluídos pertencentes a uma mesma falange.
Chefe de terreiro – Entidade responsável pela direção espiritual do terreiro.
Choque de retorno - Ação de retorno das más vibrações originadas em um trabalho de magia voltada para o mal, atingindo quem o fez e quem o encomendou.
Coisa dos santos – Tudo o que se relaciona aos Orixás, entidades e seus poderes atuantes.
Coisa feita - Trabalho de magia voltada para o mal feito contra alguém. Feitiço.
Coité – Espécie de cuia feita geralmente da metade de um coco seco.
Compadre – Sinônimo de Exu.
Congá – O mesmo que Gongá.
Congembo (banto) – Morte.
Consulta – Conversa entre uma pessoa e uma entidade ou entre uma pessoa e o pai ou mãe-de-santo, com o objetivo de buscar orientação moral ou orientação e ajuda sobre um determinado assunto material.
Coroa bonita – Pessoa bem assistida espiritualmente, como mérito pelos seus esforços em evoluir espiritualmente.
Corpo fechado – Situação em que nenhum espírito pode fazer o mal a determinada pessoa.
Corredor – carro.
Curiacuca (banto) – Cozinheiro.
Curiado - Comida dos Orixás ou das entidades.
Curiandamba (banto) – Velho.
Curima (banto) – Serviço, trabalho.
Curimba (banto) – Canto. Na Umbanda designa o cântico utilizado como prece ou invocação das entidades, podendo ser utilizado também na abertura e fechamento da gira, nos descarregos e na defumação do ambiente e das pessoas. O mesmo que ponto cantado.

D

Dagã – O mesmo que adagã ou sidagã.
Dar comida ao santo – Oferendas que se fazem aos Orixás ou entidades como parte de um ritual ou como agradecimento por uma graça alcançada.
Dar passagem - Ato no qual a entidade desincorpora do médium para que outra entidade nele se
incorpore.
Darma – Acúmulo de todas as experiências vividas pelo espírito ao longo de suas encarnações.
Deburu (iorubá) – Pipoca.
Decá - Ritual realizado, em algumas vertentes da Umbanda, na obrigação de 7 anos de iniciação de um filho ou filha-de-santo e que lhe confere permissão para abrir o seu próprio terreiro e tornar-se pai-de-santo (se do sexo masculino) ou mãe-de-santo (se do sexo feminino).
Decisa (iorubá) – Esteira.
Defumação – Ritual de purificação do ambiente e da aura das pessoas, feito com base na fumaça produzida pela queima de certas ervas específicas.
Demanda – Desentendimento, desavença, briga. Trabalho feito para prejudicar uma pessoa.
Descarregar – O mesmo que descarrego.
Descarrego - Limpeza energética, purificação. Ato de afastar vibrações negativas ou maléficas do corpo de alguém ou de um ambiente.
Descarrego de pipoca – Descarrego de Obaluaiê, no qual é utilizada pipoca obtida através do grão de milho arrebentado na areia quente.
Desencarnar - Morrer.
Desenvolvimento - Aprendizado dos médiuns para melhora de sua capacidade mediúnica, de forma a facilitar a incorporação e o trabalho das entidades.
Desmanchar trabalhos – Ato de anular trabalhos de magia voltada para o mal.
Despacho – Ritual que consiste na entrega das oferendas aos Orixás ou entidades nos locais de domínio de cada um, sendo um dos mais conhecidos a entrega de oferendas feita aos Exus e Pombagiras nas encruzilhadas para obter sua ajuda e proteção.
Deus – o Ser Supremo, absoluto e infinito, que está acima de todas as coisas e criaturas.
Dharma – O mesmo que darma.
Dibangulango (Candomblés Bantos) - Guisado de quiabo preparado para o Inquice Nzazi.
Dihonjo (Candomblés Bantos) – Banana.
Dijina – Nome religioso, iniciático, dado por um pai ou mãe-de-santo ao sagrar um filho ou filha-
de-santo chefe de terreiro.
Dikende (Candomblés Bantos) - Massa de feijão fradinho embrulhada na folha de bananeira.
Dudu (iorubá) - Preto, escuro.
Dumba – Esposa, mulher, companheira.

E

Ebâmi (iorubá) – Médium feminino com mais de 7 anos de iniciação.
Ebó – Ritual do Candomblé que consiste na oferenda alimentar ou sacrifício de animal feito em homenagem às divindades para obter sua ajuda e proteção na solução de problemas.
Ebomi – Aportuguesamento da palavra iorubá ebâmi.
Edé (iorubá) – Camarão.
Edi (iorubá) - Nádega, ânus.
Edu (iorubá) – Carvão.
Efum (iorubá) - Espécie de giz branco usado em rituais próprios.
Egum (iorubá) - Espírito desencarnado, espírito dos ancestrais.
Ejá (iorubá) – Peixe.
Ejé (iorubá) – Sangue.
Ekê (iorubá) - Mentira, farsa.
Ekede – Cargo do Candomblé reservado às mulheres que não entram em transe mediúnico, cuja função é auxiliar as entidades incorporadas nos médiuns.
Eledá - Anjo da guarda.
Elemental – Espírito da natureza que jamais teve corpo físico.
Emi (iorubá) - Hálito, respiração, vida.
Emu (iorubá) - Vinho de palma.
Encantados – Espíritos da natureza ou indivíduos que teriam se encantado, ou seja, que teriam passado a existir em outro plano sem nunca terem morrido.
Encantamento – Feitiço, mandinga.
Encosto – Pertubações de ordem física e emocional causadas por quiumbas.
Encruza – Ritual realizado pelo dirigente de culto ou pelo chefe de terreiro, que consiste em traçar cruzes com pemba nas pessoas a fim de protegê-las de qualquer mal. Pode ser também a contração de encruzilhada.
Encruzilhada - Local de domínio dos Exus e Pombagiras, formado pela interseção de dois ou mais caminhos (ruas, vias férreas, etc.).
Eni (iorubá) – Esteira.
Entidades – Espíritos que trabalham na Umbanda utilizando uma forma perispiritual tipificada, tais como: Caboclos e Caboclas, Pretos-Velhos e Pretas-Velhas, Crianças, Oguns, Exus, Pombagiras, etc.
Enu (iorubá) – Boca.
Enviado de Orixá – Espírito extremamente evoluído, que quando incorpora transmite muita energia positiva e sentimentos de harmonia, paz e bem-estar.
Epô (iorubá) - Óleo, azeite.
Eran (iorubá) – Carne.
Erê – Criança.
Eró - Segredos e ensinamentos revelados aos médiuns durante seu desenvolvimento no terreiro.
Erô (iorubá) - Calmante, que traz calma.
Espírita – Originalmente era o espiritualista que também acreditava nas manifestações dos espíritos. Atualmente designa apenas os seguidores do espiritismo.
Espiritismo – Originalmente era a doutrina espiritualista que acreditava nas manifestações dos espíritos. Atualmente designa apenas a religião codificada por Alan Kardec na França do século XIX. Essa religião também é conhecida como Kardecismo no Brasil.
Espírito – A essência verdadeira, imortal e inteligente do ser.
Espírito de direita – O mesmo que espírito de luz.
Espírito de esquerda - O mesmo que espírito imperfeito.
Espírito de luz - Espírito que atingiu certo nível de evolução, estando apto a dar orientações morais e possuindo pouco ou nenhum apego a matéria.
Espírito iluminado – o mesmo que espírito de luz.
Espírito imperfeito - Espírito pouco evoluído, muito apegado à matéria.
Espírito obsessor - O mesmo que quiumba, obsessor, rabo de encruza.
Espiritualismo – Crença baseada na existência de espíritos.
Espiritualista – O que se refere ao espiritualismo.
Etu (iorubá) - Galinha d'Angola.
Ewe ou Ewê (iorubá) - Folhas, ervas.
Eyelé (iorubá) – Pombo.

F

Falange – Subdivisão das linhas espirituais na Umbanda.
Falangeiro – O mesmo que Enviado de Orixá.
Fazer o santo – Iniciação no Candomblé que consiste na realização de diversos rituais privados, tais como a raspagem do cabelo e a sacralização dos assentamentos através do sacrifício de animais.
Fechar a gira - Encerramento dos trabalhos no terreiro de Umbanda.
Feitiço - Irradiação de forças maléficas contra alguém, seja por meio de rituais de magia ou pela força do pensamento. Encantamento, mandinga.
Filha-de-santo – Pessoa do sexo feminino iniciada na religião.
Filho de fé - Denominação para adeptos da Umbanda.
Filho-de-santo – Pessoa do sexo masculino iniciado na religião.
Firmar – Concentrar energia mental.
Firmar o anjo-da-guarda - Fortalecer o anjo-da-guarda do médium por meio de rituais especiais e oferendas de comidas votivas.
Firmar o ponto - Concentração coletiva sobre determinado ponto cantado.
Firmeza - O mesmo que segurança. Conjunto de objetos com axé que protegem o terreiro e constituem sua base espiritual.
Fluídos - Emanações energéticas espirituais que podem ser manejadas para o bem ou para o mal.
Fumpa (Candomblés Bantos) - Milho vermelho, cozido ou torrado, enfeitado com kamusoso.
Fundamento – Base doutrinária sobre a qual se apóia a religião.
Fundanga - Pólvora.
Funfun (iorubá) – Branco.

G

Gafioto – Menino, criança.
Gira – Aportuguesamento da palavra banto ongira. Na Umbanda designa a cerimônia na qual ocorre a incorporação de determinadas entidades, de forma que as mesmas possam realizar o desenvolvimento dos médiuns (gira de desenvolvimento) ou os seus trabalhos de caridade,
através da consulta e dos passes (giras públicas).
Girar – Rodar, dançar. Ir embora.
Gongá – Altar onde são colocados as imagens dos santos católicos ou dos Orixás africanos.
Guia – Entidade espiritual da Umbanda. Designa também o colar ritualístico que representa determinada entidade, feito a partir de contas de miçangas, cristal ou porcelana.
Gungunar (banto) – Resmungar.
Gururu (iorubá) – O mesmo que deburu.

H

Hora grande – Meia-noite.
Homem das encruzilhadas - Exu.

I

Iabá – Contração de Iabassé.
Iabassé – Mulher responsável pela cozinha do terreiro e pela confecção de toda e qualquer comida necessária nos trabalhos, incluindo a comida dos Orixás.
Iakekerê - Aportuguesamento da palavra iorubá iyá kekerê.
Ialorixá – Aportuguesamento da palavra iorubá iyalorixá.
Iaô – Aportuguesamento da palavra iorubá iyawô.
Ibá (iorubá) - Conjunto de tigelas de louça, barro ou outro material onde o Orixá no Candomblé é assentado.
Ibi (iorubá) - Caracol que é oferecido a Oxalá.
Idi (iorubá) - O mesmo que edi.
Ijexá (iorubá) - Toque típico da Oxum. Uma das nações do Candomblé de Nação Nagô.
Ijô (iorubá) – Dança.
Iku (iorubá) – Morte.
Ilê (iorubá) - Casa, terreiro, barracão.
Ilu (iorubá) - Tipo de toque. Tambor.
Inã (iorubá) – Fogo.
Incorporação - Transe, possessão mediúnica.
Incorporar – Ato de entrar em transe mediúnico.
Injara (banto) – Fome.
Ipadê (iorubá) - Reunião, cerimônia pública. Farofa oferecida a Exu.
Irum (iorubá) - Cabelo, pêlo.
Itacó (banto) – Assento.
Itan (iorubá) - Lendas, histórias.
Iyá (iorubá) – Mulher, mãe.
Iyá kekerê (iorubá) – O mesmo que mãe-pequena.
Iyalodê (iorubá) - Mulher importante.
Iyalorixá (iorubá) – O mesmo que mãe-de-santo, zeladora de santo.
Iyawô (iorubá) – Esposa. Pessoa que está se iniciando. Em algumas religiões sincréticas brasileiras designa o filho ou filha-de-santo do momento que é iniciado até a realização da obrigação de sete anos de iniciação.
Iyayá (iorubá) – Avó.
Iyê (iorubá) – Mãe.
Iyó (iorubá) – Sal.

J

Jacutá – Lançador de pedras.
Jamba (banto) – Ouro.
Janaína – Um dos nomes de Iemanjá.
Jeum (iorubá) – Comer.
Jibonã – O mesmo que agibonã ou mãe criadeira.
Jo (iorubá) – Dançar.
Jogo de búzios – Processo divinatório de origem africana no qual são utilizadas pequenas conchas denominadas búzios ou cauris para realizar previsões sobre o futuro. Na África o jogo só pode ser realizado por babalaôs.
Jurema – Local em Aruanda onde residiriam os Caboclos e Caboclas. É também o nome de uma Cabocla.

K

Kamusoso (Candomblés Bantos) – Cipó-chumbo.
Kangika (Candomblés Bantos) - Milho branco cozido com coco.
Kaô - Saudação à Xangô.
Kardecismo - O mesmo que Espiritismo.
Kardecista – O mesmo que espírita.
Karma – O mesmo que carma.
Kavula (Candomblés Bantos) – Couve.
Kekerê (iorubá) – Pequeno.
Kidobo (Candomblés Bantos) - Milho branco cozido temperado com dendê.
Kikua (Candomblés Bantos) – Batata.
Kimbambule (Candomblés Bantos) – Goiaba.
Kindumba (Candomblés Bantos) – Salsa.
Kingombo (Candomblés Bantos) – Quiabo.
Kitaba (Candomblés Bantos) - Amendoim torrado e moído, temperado com mel ou dendê.
Kitande (Candomblés Bantos) - Guisado de feijão fradinho.
Kiumba – O mesmo que quiumba.
Kivúdia (Candomblés Bantos) - Guisado de quiabo preparado para o Inquice Nvunji.
Ko (iorubá) – Não.
Korin (iorubá) - Cântico, cantiga.
Kôssi (iorubá) – Nada.
Ku (iorubá) – Morrer.
Kupiri (Candomblés Bantos) - Pimenta da costa.
Kusuangala (Candomblés Bantos) - Pirão de arroz, temperado com azeite.
Kuziká (banto) – Ato sexual.

L

Labalaba (iorubá) – Borboleta.
Lamba (banto) – Infortúnio.
Larvas astrais – Seres maléficos que se prendem nas auras das pessoas para delas sugarem energia vital. As larvas sempre buscam lugares onde exista sangue.
Lavagem das contas – Ritual que consiste em lavar as guias com o amaci, visando a purificação e energização das mesmas.
Lavagem de cabeça – O mesmo que ritual do amaci.
Lé (iorubá) – O atabaque de menor tamanho.
Legião - O mesmo que falange.
Lei de Umbanda - A crença da Umbanda e dos umbandistas.
Linha – Faixa de vibração espiritual que agrupa as entidades na Umbanda e as identifica por meio de cânticos, doutrinas ou rituais próprios.
Linha branca - Rituais visando unicamente o bem, no qual se trabalha apenas com espíritos de direita.
Linha das Almas – Linha da Umbanda que congrega os Pretos e Pretas-Velhas.
Linha do Oriente – Linha da Umbanda que congrega as entidades que se apresentam como povos do oriente, sendo os Ciganos e Ciganas um dos mais conhecidos.
Loso (Candomblés Bantos) – Arroz.
Lúmbua (Candomblés Bantos) – Cebola.

M

Magia – Utilização das forças da natureza no sentido de tentar transformar as coisas, de mudar o destino.
Magia branca – Forma popular de designar a magia voltada para o bem, de caráter altruísta.
Magia negra – Forma popular de designar a magia voltada para o mal, de caráter egoísta.
M'banga (banto) – Pênis.
M'bembo (banto) – Homem branco.
Macaia (banto) – Erva. Na Umbanda designa a mata cortada por rio(s) e cachoeira(s).
Maconga (banto) – Cantiga.
Macuco (banto) – Mulher velha.
Macumba – Antiga religião sincrética brasileira, atualmente extinta. Atualmente esse termo passou a designar magia.
Mãe criadeira - Responsável pelo filho ou filha-de-santo recolhido durante o período de obrigação. O mesmo que jibonã.
Mãe d'água – Iemanjá.
Mãe-de-santo – Mulher que ocupa o mais alto grau da hierarquia religiosa dentro de um terreiro, responsável por iniciar os adeptos e zelar pela vida espiritual dos filhos e filhas-de-santo. O mesmo que iyalorixá, ialorixá, yalorixá ou zeladora de santo.
Mãe-pequena – Mulher que é a auxiliar direta do pai ou mãe-de-santo, sendo a segunda na hierarquia do terreiro. No caso de mais de uma mãe-pequena, as responsabilidades do cargo são compartilhadas entre elas. O mesmo que iyá kekerê, iakekerê ou yakekerê.
Makanza (Candomblés Bantos) - Bolo de feijão fradinho frito.
Makunde (Candomblés Bantos) - Feijão preto temperado com dendê.
Maleme (iorubá) – Perdão.
Malufo (Candomblés Bantos) – Vinho.
Malungo (banto) – Da mesma idade.
Mameto (banto) – Mãe.
Mandinga - Feitiço, encantamento.
Manifestação - Incorporação, transe mediúnico.
Manjangue (banto) – Irmão.
Mana – Irmã.
Mano – Irmão.
Mão-de-faca - O mesmo que ogã axogum ou ogã atoxogum.
Marafo - Aguardente, cachaça.
Masambala (Candomblés Bantos) - Milho vermelho cozido enfeitado com rodelas de goiaba.
Masana (Candomblés Bantos) – Leite.
Masangu (Candomblés Bantos) – Pipoca.
Mateca (Candomblés Bantos) - Banha de carneiro.
Matema (Candomblés Bantos) – Café.
Matombô (banto) – Mandioca, aipim.
Mau-olhado – Vibração má emitida pelo olhar de pessoas invejosas.
Maza (Candomblés Bantos) – Água.
Mazi (Candomblés Bantos) – Azeite.
Mbiji (Candomblés Bantos) – Peixe.
Médium - Pessoa que serve de intermediário entre o mundo físico e o espiritual.
Mediunidade – Faculdade de servir de intermediário entre o mundo físico e o espiritual.
Menga – Sangue.
Menha (Candomblés Bantos) – Água.
Mesa branca – Nome utilizado por algumas entidades para designar o Espiritismo.
Miçangas – Contas miúdas, podendo ter formatos e cores variadas.
Mina – Quando refere-se a escravo, significa o indivíduo da etnia sudanesa.
Mironga (banto) – Segredo, mistério.
Mo (iorubá) – Eu.
Mojimbá – Um tipo de ritual de limpeza da aura.
Mojumbá – Uma das saudações a Exu.
Monjoló (iorubá) - Colar vermelho usado pelas Oloyá, com uma conta amarelo-ouro simbolizando sua ligação com Oxum.
Monoteísmo – Crença em um deus único.
Mossoroca (banto) – Chuva forte.
Muenge (Candomblés Bantos) - Espiga de milho assada.
Mukende (Candomblés Bantos) - Banana da terra frita no dendê.
Mukolo (Candomblés Bantos) – Alho.
Mukunga (Candomblés Bantos) - Papa de milho branco ou vermelho embrulhada na folha de bananeira.
Mumata (Candomblés Bantos) – Tomate.
Múngua (Candomblés Bantos) – Sal.
Mutamba (banto) – Moça bonita.

N

Nagô – Nome dado ao escravo de origem iorubá durante o período escravista brasileiro. Também conhecido como mina.
Najé (iorubá) - Prato ou vasilhas de barro vitrificado.
Ndiba (Candomblés Bantos) - Mingau de farinha de milho branco.
Ndimba (banto) – Cantador.
Ndungu (Candomblés Bantos) – Pimenta.
Nganga (banto) – Feiticeiro, sacerdote.
Ngombe (banto) – Boi.
Nguala (Candomblés Bantos) – Aguardente.
Nguba (Candomblés Bantos) - Amendoim torrado.
Nhorrã (banto) – Cobra.
Nzambi (banto) – Deus.

O

Obá (iorubá) – Rei.
Obatalá – O Orixá supremo da tradição iorubá, criador dos seres humanos. No Brasil é mais conhecido como Oxalá.
Obé (iorubá) – Faca.
Oberó (iorubá) – Alguidar.
Obi (iorubá) - Noz de cola.
Obrigação – Cerimônia ou oferenda ritual feita às entidades, seja com o objetivo de auxílio ou como parte de um ritual de desenvolvimento mediúnico que pode incluir ou não a feitura para o santo.
Obsessão – Pertubação espiritual provocada por quiumbas que pode levar a pessoa obsediada a sofrer problemas de saúde física, emocional e/ou mental, como também provocar situações econômicas difíceis.
Obsessor – O mesmo que espírito obsessor, quiumba, rabo de encruza.
Ocaiá (banto) – Fumo.
Oca – casa indígena.
Ocara (banto) – Café.
Ochito (banto) – Carne.
Odara (iorubá) - Bom, grande, gostoso, bonito.
Odé (iorubá) – Caçador.
Odo ou Odô (iorubá) – Rio.
Odoiá – Aportuguesamento da palavra odoyá.
Odoyá - Saudação à Iemanjá.
Odu (iorubá) - Destino, caminho.
Ofá (iorubá) – Arco-e-flecha.
Oferenda – Presente.
Ogã – Cargo reservado aos homens que não entram em transe mediúnico, cuja função é auxiliar o pai ou mãe-de-santo.
Ogã alabê – Ogã encarregado de tocar os atabaques e de cantar as curimbas, subordinado ao ogã calofé.
Ogã atoxogum – Ogã responsável pelo sacrifício de animais de duas patas, preparado especialmente para realizar o ritual causando o mínimo de sofrimento ao animal sacrificado.
Ogã axogum – Ogã responsável pelo sacrifício de animais de quatro ou de duas patas, preparado especialmente para realizar o ritual causando o mínimo de sofrimento ao animal sacrificado.
Ogã calofé – Ogã responsável por toda a curimba a ser puxada no terreiro e instrutor de toques de atabaque.
Ogã de curimba – Ogã encarregado de cantar as curimbas, subordinado ao ogã calofé.
Ogunhê – Saudação à Ogum.
Ojá (iorubá) - Tecido para se amarrar na cabeça.
Oju (iorubá) – Olho.
Okê Arô - Saudação à Oxóssi.
Okê Caboclos - Saudação aos Caboclos.
Okê Odé - Saudação à Oxóssi.
Okó (iorubá) – Homem.
Okum (iorubá) – Mar.
Olho grande – Inveja, olho gordo.
Olho gordo – Inveja, olho grande.
Olho-de-boi - Semente de Tucumã, utilizada como proteção contra mau-olhado.
Oló – mundo astral, espiritual.
Olodumaré – O mesmo que Olorun.
Olorum – Aportuguesamento da palavra iorubá Olorun.
Olorun (iorubá) – Senhor do céu, divindade suprema na crença iorubá.
Oloyá (iorubá)- Sacerdotisa do culto à Iansã.
Oluô (iorubá) - Pessoa que sabe o jogo de Ifá.
Ombera (banto) – Chuva.
Ombingá (banto) – Magro.
Omboá (banto) – Cachorro.
Omenha (banto) – Água.
Omerá (banto) – Sal.
Omi (iorubá) – Água.
Omi dudu (iorubá) – Café.
Omo (iorubá) – Filho.
Omolocô – Religião sincrética brasileira, com raiz na tradição religiosa do povo Lunda, da região de Quiôco, em Angola.
Omolokô – Variação da palavra Omolocô.
Omungá (banto) – Fogo.
Onã (iorubá) – Caminho.
Ondaca (banto) – Língua.
Ongira (banto) – Caminho, estrada, rua.
Ongolê (banto) – Arco-íris.
Ongoró (banto) – Cavalo, égua.
Onguro (banto) – Porco.
Oni-Beijada – saudação às Crianças.
Oningã (banto) – Mau cheiro.
Onjeque (banto) – Milho.
Onjerê (banto) – Cabelo.
Onjó (banto) – Casa.
Ôpá Xorô - Cajado de metal utilizado por Oxalá.
Oquepá (banto) – Osso.
Ori (iorubá) – Cabeça.
Orin (iorubá) – Cantiga.
Orixá – Divindades da tradição iorubá criadas por Olorun e que são representadas pelas forças da natureza.
Na Umbanda designa as emanações energéticas de Zambi.
Orixás de cabeça – O mesmo que Orixá de coroa.
Orixás de coroa – Patronos espirituais de um indivíduo, sendo um Orixá de princípio masculino e um de princípio feminino.
Orixá-Nla (iorubá) – Orixá supremo, um dos títulos de Obatalá.
Orixalá – Aportuguesamento da palavra iorubá Orixá-Nla.
Oronanga (banto) – Roupa.
Orongaje (banto) – Cachaça.
Orossanje (banto) – Galinha.
Orun (iorubá) – Céu.
Orunkó (iorubá) – Nome. Em algumas religiões sincréticas brasileiras tem o mesmo significado de dijina.
Osi (iorubá) – Esquerda.
Ossenhê (banto) – Lua.
Osum (iorubá) - Pó vermelho usado em rituais.
Otá (iorubá) – Pedra.
Otequê (banto) – Dia.
Oti (iorubá) – Cachaça.
Otombô (banto) – Farinha.
Otum (iorubá) – Direita.
Oxalá – Contração de Orixalá. O Orixá supremo da Umbanda e dos Candomblés de Nação da tradição nagô.

P

Padê – Aportuguesamento da palavra iorubá ipadê.
Pai-de-santo - Homem que ocupa o mais alto grau da hierarquia religiosa dentro de um terreiro, responsável por iniciar os adeptos e zelar pela vida espiritual dos filhos e filhas-de-santo. O mesmo que babalorixá ou zelador de santo.
Pai-pequeno – Homem que é o auxiliar direto do pai ou mãe-de-santo, sendo o segundo na hierarquia do terreiro. No caso de mais de um pai-pequeno, as responsabilidades do cargo são compartilhadas entre eles. O mesmo que babá kekerê.
Paramentos - Roupas e objetos utilizados nas cerimônias religiosas.
Parongo (banto) – Carneiro.
Passe - Ato no qual uma entidade incorporada em um médium ou o próprio médium emite vibrações positivas e fluido magnético vital com fins de descarrego (passe de descarrego) ou de energização (passe de energização).
Patuá – Pequeno saco feito de pano ou de couro e que contém um amuleto em seu interior, geralmente utilizado pendurado na roupa ou guardado no bolso ou na bolsa.
Paxorô – O mesmo que Ôpá Xôrô.
Pedra de raio – Meteorito.
Peji (iorubá) – O mesmo que Gongá.
Pejigã (iorubá) - Ogã que cuida do Peji.
Pemba – Pequeno bastão em formato elíptico, semelhante a um giz, utilizado na Umbanda para riscar pontos e outras determinações ordenadas pelas entidades, podendo ser de diversas cores: branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto.
Perispírito – Envoltório semimaterial do espírito. Nos espíritos encarnados serve de intermediário entre ele e a matéria. Nos espíritos desencarnados, constitui o seu corpo fluídico.
Perna de calça - Palavra utilizada pelas entidades da Umbanda como sinônimo para homem.
Pito – Cachimbo, charuto.
Politeísmo – Crença em vários deuses.
Ponto cantado – O mesmo que curimba.
Ponto riscado – É o mais poderoso instrumento de magia utilizado na Umbanda, consistindo de um conjunto de símbolos feitos com pemba e agrupados de forma a movimentar energias. Também pode ser utilizado para identificar o espírito na Umbanda, sendo nesse caso, único para cada espírito.
Porteira - Entrada do terreiro.
Povo da encruza – Expressão utilizada para designar os Exus e Pombagiras.
Povo de rua – Expressão utilizada para designar os Exus e Pombagiras.
Preceito – Determinação, prescrição feita para ser cumprida pelos filhos de fé.
Presságio – Sinal, aviso de algum acontecimento no futuro.
Pupá (iorubá) – Vermelho.
Puxar o ponto - Iniciar um ponto cantado.

Q

Quartinhas - Vasilha de barro ou de louça (branca ou de cor), onde se firma o poder do Orixá de
determinado indivíduo, sendo geralmente sem alças para Orixás “masculinos” e com alças para Orixás “femininos”.
Quebranto - Mau olhado, feitiço.
Quebrar as forças - Neutralizar o poder de qualquer feitiço, seja para o bem ou para o mal.
Quebrar preceito - Desrespeitar as regras e hábitos estabelecidos no ritual ou nos trabalhos.
Quelê – Colar de contas que os iniciados do Candomblé usam rente ao pescoço, durante algum tempo, como símbolo de recente iniciação.
Quenga (banto) – Vasilha.
Quimbanda – Religião sincrética brasileira cujo culto é dedicado quase que exclusivamente aos Exus pagãos e Quiumbas, onde ocorre a prática de magia voltada para o mal visando favorecer ou prejudicar determinadas pessoas.
Quimbundo (banto) – Negro.
Quinar – Ato de macerar ervas verdes em água.
Quipungo (banto) – Chapéu.
Quissamã (banto) – Cemitério.
Quitute (banto) – Gostoso.
Quiumba – Na Umbanda designa o espírito que se compraz em praticar o mal, que procura transmitir aos encarnados idéias de desânimo, ódio, raiva, suicídio e todos os sentimentos negativos, além de suscitar violência entre pessoas, sendo também mistificadores que procuram se passar por espíritos mais evoluídos para melhor enganarem, porém sem conseguirem mater a farsa por muito tempo. O mesmo que espírito obsessor, obsessor, rabo de encruza.
Quiumboto (banto) – Sapo.
Quizila – Proibição ritual, temporária ou permanente, imposta pelo Orixá ao seu filho ou filha.
Quizongo (banto) – Reunião.

R

Rabo de encruza – O mesmo que espírito obsessor, obsessor, quiumba.
Rabo de saia - Palavra utilizada pelas entidades da Umbanda como sinônimo para mulher.
Raspar para o santo – O mesmo que fazer o santo.
Receber mentalização - Comunicar-se mentalmente com uma entidade.
Receber o santo – Ato de incorporar um espírito.
Reencarnação - Ato de um espírito voltar à vida terrestre, tomando um corpo novo, de forma a continuar sua evolução espiritual.
Religião – Sistema filosófico e moral que, em geral, estabelece o culto a uma ou mais divindades.
Riscar o ponto – Ato em que determinada entidade identifica-se através do seu ponto riscado.
Ritanga (Candomblés Bantos) – Abóbora.
Ritual – Cerimônia formal, geralmente de caráter religioso, que segue regras rígidas respeitadas por todos os participantes.
Ritual do amaci – Um dos mais importantes rituais da Umbanda, no qual é feito a lavagem da cabeça dos filhos e filhas-de-santo com o amaci, objetivando a energização da aura dos mesmos e o fortalecimento da ligação deles com seus chefes de coroa.
Roça – O mesmo que ilê.
Roncó – Quarto onde são realizados os rituais privados da iniciação. Lugar reservado do terreiro onde os assentamentos dos Orixás são cultuados.
Rum (iorubá) - O atabaque de maior tamanho.
Rumpi (iorubá) – O atabaque de tamanho médio.

S

Sacudimento – Ritual de descarrego realizado nas pessoas.
Saída-de-iaô - Festa pública de apresentação do iniciado após uma obrigação.
Saluba ou Salubá – Saudação de Nanã.
Samba (banto) – Dançarina.
Santeria – Religião sincrética caribenha, semelhante ao Candomblé.
Saravá - Saudação umbandista que corresponde a Salve!
Segui (iorubá) - Contas tubulares, geralmente azuis.
Segurar a gira – Responsabilidade tomada pelo chefe de terreiro, a fim de não permitir pertubações físicas e espirituais na gira.
Sengüe (banto) – Mata, floresta.
Sessão – O mesmo que gira.
Sidagã – O mesmo que adagã ou dagã.
Simpatia – Rituais simples de magia, utilizados para atrair riqueza, atrair amor, prevenir doenças, auxiliar na cura, etc.
Sincorá (banto) – Mulata.
Sincretismo - Fenômeno de associação entre duas ou mais religiões. No Brasil, o exemplo mais visível do sincretismo é a associação entre Orixás e santos católicos.
Subir - Ato no qual as entidades desincorporam dos médiuns, numa alusão de que elas voltariam da terra para o céu.
Sukidi (Candomblés Bantos) – Açúcar.

T

Taba – Conjunto de ocas.
Taba (iorubá) – Tabaco.
Tacape – Uma das arma de guerra ameríndia, constituída de um pedaço de pau grosso e em formato roliço.
Talismã – o mesmo que amuleto.
Tata (banto) – Pai.
Tenda – Templo de Umbanda. O mesmo que cabana, centro.
Terreiro – Local onde ocorre os rituais no interior do templo de Umbanda. Pode designar também o templo de Umbanda em si, nesse caso é o mesmo que cabana, centro e tenda.
Toque – Festa pública do Candomblé em homenagem aos Orixás.
Transe mediúnico – Estado do médium quando nele manifesta um espírito.
Tuia (banto) – Pólvora.

U

Uanga (banto) – Feitiço.
Uiki (Candomblés Bantos) – Mel.
Uoneme (banto) – Grande.
Urundungo (banto) – Pimenta.

V

Vinganga (banto) – Arroz.
Vissungo (banto) – Cantiga.
Vodu - Religião sincrética haitiana. Popularmente designa feitiço, magia ou trabalho feito para o mal.
Vodun – Divindades da tradição jeje.
Vumbi (banto) – Defunto recente.

W

Waji (iorubá) - Pó azul marinho ou índigo, extraído de diferentes tipos de árvores, usado em rituais.

X

Xaorô (iorubá) – Guizo.
Xerê (iorubá) - Espécie de chocalho.
Xirê (iorubá) - Roda de Orixás.
Xutu (Candomblés Bantos) – Carne.

Y

Yalorixá – Aportuguesamento da palavra iorubá iyalorixá.
Yakekerê - Aportuguesamento da palavra iorubá iyá kekerê.

Z

Zabelê (banto) – Vaidoso.
Zalata (Candomblés Bantos) - Alface e chicória.
Zambi – Aportuguesamento da palavra banto Nzambi. Palavra utilizada pela Umbanda para designar Deus.
Zara (banto) – Fome.
Zelador de santo – O mesmo que pai-de-santo ou babalorixá.
Zeladora de santo – O mesmo que mãe-de-santo, iyalorixá, ialorixá ou yalorixá.
Zungu (banto) – Cova, buraco.

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Fontes Consultadas


LIVROS


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BUENO, Eduardo. Brasil: uma História. 1. ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.
DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da História do Brasil. Rio
de Janeiro: Ediouro, 2001.
DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. Uma história da vida rural no Brasil. Rio
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DORLING KINDERSLEY LIMITED. Atlas da história do mundo. 2. ed. Londres: Dorling
Kindersley Limited, 2005.
OMULU, Caio de Umbanda Omolokô: liturgia, rito e convergência (na visão de um adepto).
São Paulo: Ícone, 2002.
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HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, (p. 281-302).
RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
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PERIÓDICOS


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WWW.XANGOSOL.COM. Rituais da Nação Ijexá no Rio Grande do Sul. Disponível em http://www.xangosol.com. Acesso em 01 abr. 2008
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quinta-feira, 5 de março de 2009

Sincretismos Religiosos Brasileiros Parte IV

OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO MARANHÃO DURANTE O PERÍODO IMPERIAL
TAMBOR DE MINA


No século XIX, a exemplo do que ocorreu na Bahia, tradições religiosas sudanesas foram sendo
aos poucos adicionadas ao sincretismo ameríndio-católico-banto existente na cidade de São Luís do Maranhão, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Tambor de Mina.
O Tambor de Mina é uma religião típica da cidade de São Luís, podendo ser encontrado também
no interior do Maranhão e, em menor quantidade, no estado do Pará. Como outras religiões sincréticas, o Tambor de Mina pode ser dividido em dois grandes modelos de culto: o Mina Jeje, com origem na Casa das Minas (a mais antiga casa dessa religião) e o Mina Nagô, com origem na Casa de Nagô. Essas duas casas ficam situadas no bairro de São Pantaleão da capital maranhense e ambas existem desde meados do século XIX.


O modelo seguido na Casa das Minas é o que melhor preserva a tradição jeje de culto aos Voduns
e o que mais influencia a religião como um todo, porém aquela casa não possui casas afiliadas.
O seu ritual inclui cânticos em língua ewe-fon, os tambores são tocados com as mãos ou com aguidavis e são acompanhados pelo gã (um instrumento musical de ferro) e por cabaças pequenas revestidas de contas coloridas. As únicas divindades cultuadas são os Voduns, que são agrupados em famílias, cada uma com características e rituais próprios. Cada Vodunsi (médium do sexo feminino) só incorpora um único Vodum e estes, quando incorporados, cantam, dançam, permanecem com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos, porém não bebem e não comem.







71 - Tabela organizada com base nas informações extraídas de BRESCANCINI, 2008.
Embora a tradição Mina Jeje tenha sido a mais bem preservada dentro da religião, foi a tradição
Mina Nagô que mais se espalhou pelas casas de Tambor de Mina. Essa tradição foi bastante influenciada por aquela, tanto é assim que as vestimentas e as características gerais da iniciação e do culto Mina Nagô são bem semelhantes à Mina Jeje.

A diferença marcante entre a tradição Mina Jeje e a Mina Nagô é que nesta, além do culto aos
Voduns, também são cultuados os Orixás em seus rituais e os cantos são em iorubá. Atualmente,
muitas casas do Tambor de Mina Nagô também adotaram o culto aos encantados em seus rituais72, ao lado do culto às divindades africanas, após absorverem tradições de uma outra religião sincrética nascida no Maranhão, passando a seguir uma prática religiosa bem diferente daquela da Casa de Nagô.

Um característica marcante no Tambor de Mina é que ela é uma religião matriarcal. A grande
maioria dos participantes do culto são do sexo feminino e somente mulheres incorporam os Voduns. Aos homens cabem a função de tocadores de tambor, o sacrifício de animais e o transporte de algumas obrigações.73
Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.
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72 - WIKIPEDIA, Tambor de Mina, 2008.
73 - WIKIPEDIA, Tambor de Mina, 2008.

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TAMBOR DE PAJÉ OU CURA



No século XIX, assim como aconteceu em São Luís, tradições religiosas sudanesas foram sendo
aos poucos adicionadas ao sincretismo ameríndio-católico-banto existente na cidade de Cururupu, no litoral norte do Maranhão, dando origem a religião sincrética conhecida como Tambor de Pajé ou Cura.

A Cura é uma religião típica da cidade maranhense de Cururupu, podendo ser encontrado também, em menor quantidade, na capital e no restante do estado. Diferentemente do Tambor de Mina, a principal matriz sincrética na Cura não é africana: é ameríndia. Nela podem ser identificados elementos comuns com outra religião sincrética, a Pajelança, e seus rituais estão muito ligados a práticas terapêuticas indígenas.

Uma característica típica da Cura e que é muito encontrada nas casas dessa religião situadas na
cidade de Cururupu é a utilização de duas tabocas (pedaços de bambu) que são percutidas no solo, acompanhando o som dos tambores, do agogô e da cabaças.74



TAMBOR DA MATA OU TERECÔ


No século XIX, assim como aconteceu em São Luís e Cururupu, tradições religiosas sudanesas
foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo ameríndio-católico-banto existente na cidade de Codó, no interior do Maranhão, dando origem a religião sincrética conhecida como Tambor da
Mata ou Terecô.

O Terecô é uma religião típica do povoado de Santo Antônio dos Pretos, localizado na cidade de
Codó, podendo ser encontrado também em todo o Maranhão e no estado do Pará. Atualmente o Terecô é a mais praticada das religiões maranhense, tendo exercido muita influência sobre as demais surgidas nesse estado ao longo do século XX. Tamanho foi essa influência, que muitas das práticas do Terecô foram absorvidas pela maioria das casas do Tambor de Mina Nagô de São Luiz.75

No Terecô, além do culto aos Voduns e aos Orixás, também são cultuados as entidades conhecidas como encantados, agrupados de acordo com a sua origem:


“(...) os caboclos da mata (como Tabajara e Corre-Beirada); os fidalgos ou nobres portugueses e franceses (como Rei Sebastião e Dom Luís, rei de França); e os turcos ou mouros (como Rei da Turquia).76


Nele são utilizados duas línguas diferentes nos cânticos: iorubá nos cultos aos Voduns e Orixás e
português no culto aos encantados.


Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.


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74 - FERRETI, As religiões afro-brasileiras no Maranhão, 2008.
75 - FERRETI, Tambor de mina e Terecô no Maranhão, 2008.
76 - SILVA, 2005, p. 85.

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OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO PARÁ DURANTE O PERÍODO IMPERIAL


BABASSUÊ OU BATUQUE DE SANTA BÁRBARA



Assim como aconteceu no Maranhão, tradições religiosas sudanesas foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo ameríndio-católico-banto existente estado do Pará, dando origem a religião sincrética conhecida como Batuque de Santa Bárbara ou Babassuê.

Atualmente o Babassuê é praticado principalmente no Pará e é muito parecido em suas características ao Terecô maranhense, inclusive no aspecto do panteão religioso, onde encontra-se o culto aos Voduns, aos Orixás e aos encantados.77 Infelizmente não encontrei material em minha pesquisas que possam indicar se ambos possuem uma origem comum.

O nome pelo qual a religião é mais conhecida atualmente, Babassuê, parece ter se originado da
palavra Barba-Suêra, que é uma espécie de derivação feita pela pronúncia popular do nome original da religião, Batuque de Santa Bárbara.78

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.

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77 - SILVA, 2005, p. 85.
78 - SILVA, 2005, p. 85.
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OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO RIO GRANDE DO SUL DURANTE O PERÍODO
IMPERIAL


BATUQUE


No século XIX, a exemplo do que ocorreu no nordeste, tradições religiosas sudanesas foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existente no estado do Rio Grande do Sul, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Batuque.
O Batuque parece ter seu nascimento relacionado com o comércio interno de escravos, que ao longo do século XIX foi responsável por transferir considerável parcela da população escrava do nordeste para o sul do Brasil, sobretudo após a lei de proibição do tráfico transatlântico, levando consigo o sincretismo religioso sudanês-banto-católico-ameríndio para as cidades sul riograndenses.

O Batuque é praticado hoje em dia principalmente no Rio Grande do Sul, podendo ser encontrado também na Argentina e no Uruguai, principalmente próximo à região de fronteira.

À semelhança do Candomblé de Nação, o Batuque também é dividido em nações, que como naquele também podem ser reunidas de acordo com a etnia africana e os povos que deram origem aos seus rituais. Assim temos as Nações Ijexá e Oyó de origem sudanesa nagô, a Nação Jeje de origem jeje e a Nação Cabinda de origem banto.

Apesar desta divisão em nações, atualmente a diferença entre elas é bem mais sutil do que no Candomblé de Nação, possivelmente devido a um processo mais antigo de sincretismo interno.

Tal fato levou com que o panteão de divindades e alguns rituais da nação Ijexá, nação predominante do Batuque, fossem absorvidos pelas demais, tornando-se praticamente um padrão da religião.79 Apesar desse processo, ainda existem diferenças no que tange ao preparo dos alimentos e das oferendas sagradas, que ainda guardam muitas das tradições de cada raiz africana de onde se originaram as nações.

No Batuque cultua-se um deus supremo chamado de Olorun e a natureza deificada, personificada nas divindades conhecidas como Orixás, cujo panteão em praticamente todos os templos é formado por: Bará (conhecido no Candomblé de Nação Ketu como Exu), Ogum, Oiá (ou Iansã), Xangô, Ibeji, Odé, Otim, Obá, Ossaim, Xapanã, Nanã, Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá-Ifá.

A exemplo do Candomblé de Nação do modelo de culto nagô, no Batuque também existe o culto aos eguns, realizado separadamente ao culto dos Orixás, no local conhecido como quarto de balê.

Os fundamentos do Batuque são passados oralmente pelos sacerdotes da religião, chamados de Babalorixá (masculino) e Iyalorixá (feminino), durante os rituais de iniciação e de elevação hierárquica.

Além das tradições religiosas, nestes rituais também são ensinados as danças, as cantigas, o preparo das comidas sagradas, a cuidar de espaços sagrados e os votos de segredo e obediência.

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.

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79 - WWW.XANGOSOL.COM, 2008

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OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO ESPÍRITO SANTO DURANTE O PERÍODO
IMPERIAL


CABULA



No século XIX, a exemplo do que ocorreu no nordeste, tradições religiosas da etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existente no estado do Espírito Santo, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Cabula.

Devido a não existência de registros documentais sobre a prática da Cabula em datas recentes, muitos supõem que a mesma tenha se extinguido no século XX por falta de adeptos, que teriam migrado para outras religiões, porém nada é possível afirmar a esse respeito, uma vez que as práticas da Cabula eram e podem continuar sendo secretas.

O culto da Cabula era denominado de Mesa e ocorria em casas ou nas matas, sendo mais frequente nestas últimas. A Mesa era presidida por um chefe de culto denominado de embanda80, o qual possuía um ajudante chamado de cambone e os adeptos eram chamados de camanás. Os rituais que reuniam embanda, cambone e camanás eram conhecidos como engira, a qual era secreta e ocorria geralmente à noite.

Sobre a forma como ocorria um engira, Vagner Gonçalves da Silva nos conta que:

“(...) Os cabulistas, vestidos de branco, dirigiam-se a um determinado ponto da mata, faziam uma fogueira e preparavam a mesa (com toalha,velas e pequenas imagens). O embanda entoava um canto preparatório, pedindo licença aos espíritos (Calunga, espírito do mar; Tatá, espíritos benéficos), sendo acompanhado por palmas e por outras cantigas. Durante os ritos, era servido vinho e mastigava-se uma raiz enquanto se sorvia o fumo do incenso, que era queimado num vaso. As iniciações eram feitas nesse momento quando o adepto passava três vezes embaixo da perna do embanda, simbolizando sua obediência ao seu novo pai.


Um pó sagrado, enba, era soprado para afastar os espíritos inferiores e preparar o ambiente para a tomada do Santé, que significava a incorporação do espírito protetor. Para se ter um Santé, era preciso que o iniciado passasse por provas – por exemplo, entrar no mato com uma vela apagada e retornar com ela acessa, sem ter levado meios para acendê-la, e trazendo, então, o nome do seu espírito protetor. Alguns desses espíritos eram conhecidos como Tatá Guerreiro, Tatá Flor da Carunga, Tatá Rompe-Serra e Tatá Rompe-Ponte (cf. Nery, 1963).”81


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80 Embanda parece ter origem no vocábulo m'banda da língua quimbundo e seria traduzido como sacerdote.
81 SILVA, 2005, p. 85 e 86.

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Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.




OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO RIO DE JANEIRO DURANTE O PERÍODO
IMPERIAL

ZUNGU E MACUMBA

No século XIX, a exemplo do que ocorreu no nordeste, tradições religiosas da etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existente no Rio de Janeiro, levando ao surgimento dos sincretismos conhecidos como Zungu e Macumba.

Parece que os termos zungu e macumba foram usados indistintamente no Rio de Janeiro para designar quaisquer manifestações sincréticas de práticas africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por meio de rituais de magia, englobando uma grande variedade de cerimônias que associavam elementos africanos (Inquices, Orixás, atabaques, transe mediúnico, trajes rituais, banho de ervas, sacrifícios de animais), católicos (cruzes, crucifixos, anjos e santos) e, mais raramente, indígenas (banho de ervas, fumo). A diferença básica entre eles parece ser apenas o período em que estes termos foram utilizados: zungu, em meados do século XIX e macumba, no final do século XIX e início do século XX (substituindo o termo zungu).

À exemplo da Cabula, na Macumba o chefe de culto e o seu ajudante também eram chamados, respectivamente, de embanda e cambone, embora este último também pudesse ser chamado de cambono.

Parece que os inciados na Macumba eram chamados de filhos(as)-de-santo ou médiuns. Não encontrei referências se naquela época os adeptos eram conhecidos como macumbeiros.

Sobre os rituais da Macumba, Vagner Gonçalves da Silva nos conta que:


“Na macumba as entidades como os orixás, inquices, caboclos e os santos católicos eram agrupados por falanges ou linhas como a linha da Costa, de Umbanda, de Quimbanda, de Mina, de Cabinda, do Congo, do Mar, de Caboclo, linha Cruzada, etc. (cf. Ramos, 1940, p.124).”82


Silva nos conta ainda que quanto maior o número de linhas cultuadas pelo embanda, mais poderoso ele era considerado, uma vez que isso era tido como sinal de maior conhecimento sobre o mundo dos espíritos. E assim como em outros sincretismos brasileiros, o Zungu e a Macumba eram organizados basicamente em torno de seu chefe de culto, fazendo de cada unidade de culto algo único, diferindo dos demais por um ou mais elementos ritualísticos.

Devido a grande penetração que a Macumba tinha na população mais pobre e marginalizada do Rio de Janeiro de fins do século XIX, principalmente os afrodescendentes recém libertos pela Lei Áurea, seu nome acabou se popularizando por todo o país e até hoje ainda é usado para designar pejorativamente qualquer religião afro-brasileira ou ritual que envolva magia.

É provável que as Macumbas tenham desaparecido do cenário religioso carioca devido ao aparecimento da Umbanda e a sua rápida expansão no estado do Rio de Janeiro, principalmente na então capital federal, que teria atraído para si um expressivo números de adeptos da Macumba e a influenciado de tal forma que levaram muitas casas de Macumba a se transformarem em tendas de Umbanda ou em casas de Omolocô ou em casas de Almas e Angola.
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82 SILVA, 2005, p. 87.

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OS SINCRETISMOS SURGIDOS NO RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DA REPÚBLICA


OMOLOCÔ


Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de Janeiro, então capital do país, no final do século XIX e início do século XX, acaba levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Omolocô.

Atualmente o Omolocô é praticado principalmente no Rio de Janeiro, havendo relatos de que também seja praticado em Minas Gerais, em São Paulo, em Santa Catarina e no Ceará. Essa religião guarda muitas semelhanças com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se reconhecem como sendo de Umbanda Omolocô. O ritual conforme é praticado hoje em dia pela grande maioria das casas dessa religião recebeu forte influência das obras daquele que é considerado o seu organizador: Tatá Ti Inkise Tancredo da Silva Pinto.

Segundo Tancredo da Silva Pinto, o Omolocô tem como origem as práticas religiosas bantos das tribos Quiôcos83, das províncias de Lunda Norte e Lunda Sul, situadas na região oriental de Angola e que também pode ser encontrados em parte da República Democrática do Congo e da Zâmbia.84

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83 - Quiôco é a forma como os portugueses se referiam a essas tribos, eles se referem a si mesmos como Tshokwe, Tchokwe ou Chokwe.
84 - ITM MINING LIMITED, 2008.


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Figura 16 – Mapa de Angola.85
O Omolocô cultua um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi (também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo), a natureza deificada personificada nos Orixás e nas entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Exus e Pombagiras.

Originalmente o termo utilizado no Omolocô para designar a natureza deificada era Bacuro. Os Bacuros possuíam um correspondente nas divindades dos Quiôcos, que parece terem ficado conhecidas aqui no Brasil como Lunda. Atualmente o termo Bacuro e o nome das divindades foram substituídos, respectivamente, pelo termo Orixás e pelo nome da divindade do panteão nagô que possui os mesmos atributos. É importante ressaltar que, no Omolocô, o termo Orixás é utilizado também para designar alguns Inquices que foram incorporados ao seu panteão, provavelmente por influência dos Candomblés de Nação do modelo de culto banto.


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85 - Figura disponível em http://www.c-r.org/our-work/accord/angola/images/newmappt_lg.gif

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86 Tabela organizada com base nas informações extraídas de OXALÁ, Correspondência dos Orixás, 2008.


Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolocô é a existência de uma separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os Orixás Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi e portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os responsáveis pelo movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados onipresentes e únicos. Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que passaram pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação espiritual e que por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores, sendo considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de um sobrenome, chamado de Dijina.

Como exemplo de Orixás Menores podemos citar: Ogum Beira-Mar, Iemanjá Obáomi e Xangô Kaô.87

No Omolocô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns são entendidos como espíritos que já possuem certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás Menores. São considerados eguns os Caboclos, os Pretos-Velhos, as Crianças, os Exus e as Pombagiras. Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma compreensão das coisas espirituais.88

Em praticamente todos as casas de Omolocô podem ser encontradas estruturas arquitetônicas que desempenham um papel importante no ritual. Entre essas estruturas destacam-se: a Cangira, associada aos Exus e Pombagiras, do lado de fora do terreiro; uma Casa das Almas, geralmente ao lado da Cangira e associada os Pretos-Velhos; uma cozinha; um salão onde encontra-se o altar, onde são colocados imagens de santos, Caboclos e Pretos-Velhos e que é separado da área da assistência por um muro ou cerca de madeira; e três atabaques.89


De todas as religiões sincréticas surgidas no Brasil, o Omolocô parece ser aquela que mais importância dá a linhagem sacerdotal. Tamanha é a importância que uma casa só é considerada como sendo de Omolocô se a sua descendência no ritual puder ser atestada. O sacerdote mais antigo dessa religião que se tem registro é Tio Êrepê, que a tradição registra como tendo emigrado de São Luís do Maranhão para o Rio de Janeiro, acompanhado de Tio Bacayodé, João da Mina e Oscarina Sani Adió (que a tradição registra como sendo originária da Casa das Minas).


Foi no Rio de Janeiro que Tio Êrepê foi iniciado no Omolocô. De Tio Bacayodé, sacerdote feito por Tio Êrepê, descende diretamente Açumano Sáo Adió (Tio Sani), de quem, por sua vez, descende diretamente Tia Benedita de Yadoxé. De Benedita de Yadoxé é que descende diretamente o Tatá ti Inkise Tancredo da Silva Pinto, a partir do qual parece descender, direta ou indiretamente, os demais sacerdotes do Omolocô na atualidade.90


O Omolocô parece ser a única religião sincrética do Brasil que possui uma bandeira. Ela é na cor verde garrafa, com uma banda91 branca, possuindo uma pena branca no centro. Ela foi trazida da África pelo Tatá Camelo e era um presente do africano Tatá Zambura da Guiné para o Tatá Ti Inkise Tancredo da Silva Pinto. Atualmente ela encontra-se em exposição na Tenda Espírita Três Reis de Umbanda, situada na Rua Basílio de Brito 43, Cachambi, Rio de Janeiro, RJ.92


Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.


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87 - SILVA, 2008.
88 - SILVA, 2008.
89 - SILVA, 2008.
90 - OMULU, 2002 e OXALÁ, Linhagem do culto Omolocô, 2008.
91 - Linha diagonal que parte do canto superior esquerdo para o canto inferior direito, no sentindo de quem olha
92 - SILVA, 2008.


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ALMAS E ANGOLA



Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de Janeiro, então capital do país, no final do século XIX e início do século XX, acaba levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Almas e Angola.

Apesar de ser originário da capital fluminense, atualmente o Almas e Angola não é mais praticado nesse estado. Hoje em dia ele pode ser encontrado quase que exclusivamente na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina, para onde foi levado em 1951, por Guilhermina Barcelos. Apesar de chegar na capital catarinense naquele ano, o número de casas de Almas e Angola é relativamente pequeno até a década de 1980, quando a religião começa a se expandir mais expressivamente.

Atualmente, parece existir cerca de 50 casas de Almas e Angola na Grande Florianópolis, sendo a grande maioria descendente da Tenda Espírita Jesus de Nazaré, de Edvaldo Linhares, localizada no bairro Bela Vista, na cidade de São José.93

O Almas e Angola guarda muita semelhança com o Omolocô e com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se reconhecem como sendo de Umbanda em Almas e Angola. O ritual conforme é praticado em dia pela grande maioria das casas dessa religião recebeu forte influência de práticas e adaptações criadas por Edvaldo Linhares.94


O Almas e Angola cultua um deus supremo chamado Zambi (em alguns lugares é chamado de Olorum), a natureza deificada personificada nos Orixás (chamados Orixás Maiores) e as entidades conhecidas como Orixás Menores, Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Exus e Pombagiras. O Orixá Obaluaiê é considerado a força do ritual do Almas e Angola, tendo destaque nos altares dessa religião.

Uma possível influência da Umbanda sobre o Almas e Angola, e seu ponto em comum com o Omolocô, é a existência de uma separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Como no Omolocô, os Orixás Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia emanada de Zambi e portanto nunca passaram pelo processo de encarnação. São os
responsáveis pelo movimento da natureza e pela formação e manutenção da vida. São considerados onipresentes e únicos. No Almas e Angola, os Orixás Maiores são: Oxalá, Ogum, Xangô, Oxóssi, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã. Os Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que alcançaram uma grande elevação espiritual e que por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos Orixás Maiores, sendo considerados os intermediários entre estes últimos e os demais espíritos. Por este motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao qual estão subordinados seguidos de um sobrenome, chamado de Dijina. Assim como no Omolocô, Ogum Beira-Mar, Iemanjá Obáomi e Xangô Kaô são exemplos de Orixás Menores.95


Como no Omolocô, no ritual Almas e Angola não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas dos Orixás Menores e dos espíritos chamados de eguns, que também são entendidos como espíritos que já possuem certa compreensão espiritual, porém ainda não alcançaram a elevação dos Orixás Menores. São considerados eguns os Caboclos, os Pretos-Velhos, as Crianças, os Exus e as Pombagiras.

Existe ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou kiumbas, que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram uma compreensão das coisas espirituais.96


Como herança da forma como o Almas e Angola era praticado no Rio de Janeiro, provavelmente uma outra influência da Umbanda sobre esta religião, as entidades são agrupadas dentro de um esquema de sete linhas.



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93 - TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.
94 - TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.



95 - TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.
96 - TENDA ESPÍRITA CABOCLO COBRA VERDE, 2008.


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CONTINUA BREVEMENTE

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