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sábado, 25 de julho de 2009

Umbanda e a Torre de Babel - Parte II

CONTINUANDO

Havia eu dito que reiniciaríamos falando sobre a palavra ORIXÁ, mas como esse tema vai ser comprido com certeza e ainda por cima tendo descoberto outros em debates mais atuais, resolvi dar andamento pelo mais fácil.

Outras duas palavras que estão por aí a criar Torres de Babel são: PROTETOR e GUIA. Por que?

Pelo simples fato de que houve uma aplicação geral e descompromissada com os verdadeiros conceitos iniciais sendo ambas utilizadas agora, quase que sem qualquer diferença, ou seja, passaram a chamar todas as ENTIDADES (vejam bem isso aí) por PROTETORES ou GUIAS. Desta forma, bastou "baixar" no terreiro que já são chamados de protetores e guias.

Na UMBANDA e não no kardecismo (que não usa a palavra GUIA), realmente usamos essas classificações para ALGUMAS entidades, só que, desde que elas estejam realmente capacitadas para serem ou protetores ou guias de fato e direito, havendo, entretanto, algumas diferenças conceituais básicas entre o que é um PROTETOR APENAS e o que é um GUIA, embora estejam embrulhando tudo no mesmo saco.

Vamos aos conceitos:

PROTETOR ou ESPÍRITO PROTETOR.

É qualquer espírito que aja na GUARDA ESPIRITUAL de alguém protegendo-o(a) contra possíveis ataques do baixo-astral, em princípio.

Aprofundando-nos no tema e observando como atuam os mais diversos espíritos em condição de serem PROTETORES, veremos que costumam ser zelosos em relação a seus médiuns, ajudando-os, inclusive, em muitas causas de cunho material, muito pelo fato de ser importante para eles, que seus médiuns estejam pelo menos relativamente equilibrados, material e psiquicamente, por decorrência, para que eles possam exercer seus trabalhos em ambiente adequado - médium tranquilo, sem muitos problemas na cuca!

É de seus interesses, pelo que foi exposto acima, zelar por essa tranquilidade, já que médium cheio de problemas acaba "dando-lhes trabalho" para bem cumprirem suas missões através de todas as formas de mediunidade.

Um Espírito na qualidade de PROTETOR pode ou não ter feito pactos pré-natais, onde, como costumam falar, assumiriam a proteção do encarnado enquanto estivesse "vivo", mas não necessariamente, pois entre as várias entidades que assumem esse posto (PROTETOR) existem também aquelas que se aproximam do médium, ou por terem sido arregimentadas por sua própria coroa e de acordo com os trabalhos e objetivo a serem alcançados, ou por necessidade delas próprias em usar o médium para seus trabalhos caritativos (às vezes até não e isso vai depender do grupamento em que o médium está), desde que lhes tenha sido dado o direito de usá-lo.

A diferença entre os "pactuados" e os não "pactuados" é muito clara em seus comportamentos. Enquanto os "pactuados" lutam mais por seus médiuns e costumam acompanhá-los até o fim da vida (pelo fato de terem feito pactos pré-natais) os não pactuados o protegem até certo ponto, abandonando-os e indo procurar outros médiuns, assim que o atual desvirtuar seus caminhos ou por qualquer razão, não lhes puder mais deixar usar-lhe o corpo, como nos casos de velhice e/ou doenças impeditivas que não sejam de âmbito espiritual e que por isto não possam resolver.

Quem já não ouviu falar de fulano ou beltrano que trabalhava com o caboclo"X", o exu "Y", o bugre "Z" e que, chegando a uma certa idade, só ficou ao seu lado mesmo o caboclo "B" e/ou o Preto "J", ou até mesmo a criança "M"? Por que isso ocorre?

Porque o corpo do médium não suporta mais a energia que essas entidades movimentam ou trazem em seus corpos espirituais e, tendo eles cumprido suas missões enquanto podiam, ou vão a oló(orun)* ou vão procurar outros médiuns que lhes faculte darem seqüência aos trabalhos aos quais estão afetos. De nada lhes adiantaria ficar ali se mais nada poderiam fazer por seu médium e, como a caminhada pela evolução é longa ...

Esses acima são os PROTETORES EVENTUAIS ou TEMPORÁRIOS. Farão qualquer coisa para defenderem seus médiuns enquanto lhes forem importantes e os deixarão nas mãos dos PROTETORES DE VERDADE (os que fizeram pactos e por isso possuem elos sentimentais) para que sigam por caminhos mais amenos.

Ah, mas você está achando que isso é um absurdo? Ponha-se então você no lugar de um deles e, precisando dar continuidade a seus trabalhos de desobsessão, demandas, magias, etc., SUAS ESPECIALIDADES, pense se vai ficar ali, coladinho no "cavalo" que não suporta mais sua incorporação, principalmente sabendo que junto a ele(a) poderão ficar os "mais amenos" e "pactuados" desde antes do nascimento, amparando-o no que for possível. Pense, mas pense bem, tirando de lado o egocentrismo tão comum a nós encarnados.

Ainda sobre PROTETORES EVENTUAIS ou TEMPORÁRIOS, encontramos algumas entidades que se achegam ao médium, para trabalho, por causa da Cúpula Espiritual do Terreiro ou Centro em que ele está, ou seja, por determinação desta Cúpula Espiritual. Mas você só vai ter experiência para sentir isto se, por algum motivo e durante sua vida mediúnica, vier a trocar de Centro ou Terreiro algumas vezes. Se assim for, poderá perceber que há vezes em que "dava passagem" a algumas entidades em um lugar que, no entanto, deixaram de vir no outro, vindo outra(s) em seu(s) lugar(es). O que acontece nestes casos é que essas entidades que "ficaram pra trás" eram entidades que pertenciam à Egrégora do Terreiro anterior e, por isto, não o(a) acompanharão ao próximo. E acontece que essas "novas entidades" que se apresentarem, muito provavelmente também pertencem à Egrégora da nova casa. Simples assim!

E para aqueles que saem de um Terreiro e não vão para outro, a percepção ainda é maior no fato de que passarão a sentir à sua volta, apenas aqueles que são seus PROTETORES DE FATO E DIREITO e que não vão largá-los nesta vida a menos que lhes façam algo que os magoem por demais como no caso de tratá-los como demônios e quiserem expulsá-los.

Como já expliquei antes, em outra postagem, os Espíritos na categoria de PROTETORES, mesmo os de fato, podem, às vezes, aplicar "corretivos" a seus médiuns, sob várias formas, se eles não lhe derem ouvidos. Primeiro porque, por serem "pactuados" ( e esse pacto é mútuo), assumem direitos de quase pai ou mãe e, nesse caso, depois de avisarem e não serem ouvidos, assumem os "direitos paternos" (ou maternos) armando-lhes certos "castigos". Mas ainda aí temos que observar que, manter o médium "no prumo" lhes é importante também para que suas manifestações mediúnicas possam se fazer da melhor forma. Em síntese: às vezes precisam "domar" seus "cavalinhos" para que lhes sirvam de meio de comunicação (MÉDIUNS) positivos.

E os GUIAS?

Pois é! Espírito que tenha alcançado DE FATO esse potencial - O DE SER GUIA DE ALGUÉM - tem que ser um espírito muito mais preparado, Espiritualmente falando. Tem que ser um Espírito que tenha um conhecimento maior sobre a vida na espiritualidade, que conheça bem mais sobre os caminhos da evolução, seus objetivos e maneiras de serem alcançados e, normalmente, como também já disse antes, NÃO SÃO ESPÍRITOS AFETOS A TRABALHO PESADO mas sim doutrinários ou de encaminhamento de seu médium e de todos os que a ele tiverem acesso, por decorrência.

Não é porque EU cismo e chamo o "Zé Malandrinho das Esquinas da Uca" de GUIA que ele é um GUIA DE VERDADE (se bem que para alguns, talvez ele até possa servir de Guia). O potencial para ser um GUIA DE VERDADE o espírito ganha NA ESPIRITUALIDADE e não somos nós que lhes damos, porque se fosse assim, na visão dos neo-umbandistas, até Exu e Pomba Gira poderiam ser GUIAS.

Espíritos GUIA não deixam de ser PROTETORES, porém em um nível acima dos interesses materiais. Normalmente não castigam ou "domam" seus cavalinhos. Em casos de muitos erros e descaminhos, apenas avisam , avisam, avisam e depois se afastam deixando-os nas mãos, em princípio, de seus PROTETORES (que não são GUIAS DE FATO) e depois, havendo insistência nos erros, nas mãos de quem mais se apresentar para tomar conta, seja quem for e da maneira que for.

E porque se afastam e não tentam "domar" seus "cavalinhos" como os PROTETORES NORMAIS?

Em primeiro lugar porque respeitam o Livre-Arbítrio e partem do pressuposto de que seu filho(a) deve saber o que fazer com o seu. Neste caso, compreendem até mesmo os descaminhos como DA VONTADE PESSOAL E CONSCIENTE, talvez uma forma mais árdua de chegarem às suas próprias conclusões, de livre escolha, desde que já tenham sido alertados sobre as conseqüências.

Em segundo lugar porque espíritos que já alcançaram a verdadeira qualidade de GUIAS, por estarem em condições evolutivas superiores aos demais PROTETORES, ou não encarnam mais ou o fazem apenas por MISSÕES (e não Karmas) a eles designadas, de forma que o médium em si, para eles, não é instrumento importante ou insubstituível para que dêem encaminhamento a essas MISSÕES, tanto quando estão no Plano Astral quanto no caso de terem de vir à Terra. Pelo contrário e diferentemente do caso dos apenas PROTETORES, são os médiuns que deles dependem se pretenderem realmente seguir por caminhos e experiências evolutivas.

E os chamados "Guias de Frente"? Não são GUIAS?

Sintetizando sem hipocrisias: Serão GUIAS ou Guias ou guias ou "guias", em princípio apenas por terminologia aplicada e usual, mas só serão GUIAS DE FATO E DIREITO se assim se mostrarem ao longo de suas "aparições" no tempo e de acordo com o que vierem fazer ou ensinar e não apenas porque assim os chamamos ou que assim se apresentem. Eis a questão!

Aproveitando-me de uma história que já é de domínio público, no caso do senhor Zélio de Moraes vemos com clareza essa distinção de PROTETOR EVENTUAL, PROTETOR DE FATO e GUIA.

Como se sabe, a primeira entidade a chegar pela mediunidade de Zélio foi o Caboclo das Sete Encruzilhadas e após ele Pai Antonio. Somente cinco anos mais tarde houve a chegada de Orixá Malet (ou Malei, ou Malê) que veio, segundo relatos, chamado pelo Caboclo para assumir os trabalhos relativos a demandas e magias enquanto o Caboclo ficava com os trabalhos de orientação e doutrinação - os mais leves, visto por um certo ângulo. Na seqüência, e pelo envelhecimento da matéria do médium, foi também Orixá Malet o primeiro a deixar de incorporar permanecendo ao lado de Zélio, Pai Antonio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas até que desencarnasse.

Então, pelo que já expliquei lá em cima, percebamos que PROTETORES DE FATO E DIREITO eram O Caboclo e Pai Antonio que estiveram junto desde o início até o fim. Percebamos também que pelo teor dos trabalhos, tanto do Caboclo, quanto de Pai Antonio (que era bem diversificado em sua essência), o primeiro (que agia mais doutrinariamente) seria seu GUIA DE FATO (além de PROTETOR DE FATO) e o segundo seu PROTETOR DE FATO, enquanto Orixá Malet (e isto sem querer tirar uma vírgula da importância de sua vinda e de seus trabalhos) foi um PROTETOR EVENTUAL ou TEMPORÁRIO, partindo, não sei se por fim da missão com Zélio ou de sua própria missão, assim que o médium já não se sentia tão à vontade com a energia dele como entidade espiritual, por conta da idade avançada.

Esse é apenas um exemplo do que escrevi acima, mas você que chega até aqui, pode muito bem já ter observado isto, ouvido sobre fatos semelhantes ocorridos com outros médiuns ou até mesmo, quem sabe, estar percebendo consigo.

E como citei isto no primeiro post da série, AGÔ não quer dizer PERDÃO. É um pedido de LICENÇA.

A palavra para perdão é MALEIME que já é uma corruptela de VALEI-ME.

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* oló(orun) - segundo uma entidade amiga, o termo "ir oló" (ou oró, como dizem os P.Vs.) é uma forma simplificada de "ir ao olo orun" o que significaria "ir ao longínquo orun ou céu".

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A UMBANDA E A TORRE DE BABEL


A UMBANDA E A TORRE DE BABEL


TENTANDO DIMINUÍ-LA.


Como sobre a famosa Torre de Babel já deve ter sido lido por, senão a maioria, pelo menos uma grande parte dos humanos ditos Cristãos, para iniciar esse tema vou fazer apena uma breve explanação sobre A LENDA para que todos possam acompanhar os raciocínios que daí advirão a partir do momento em que a adaptarmos ao que hoje acontece entre os umbandistas em função dessa imensa diversidade de ritos e outras práticas que se criaram, todos tomando para si o nome geral de UMBANDAS, simplesmente Umbandas.
Segundo o Antigo Testamento (Gênesis 11,1-9), A TORRE DE BABEL foi uma torre construída na Babilônia pelos descendentes de Noé, com a intenção de eternizar seus nomes. A idéia era a de fazê-la tão alta que alcançasse o céu, tendo essa soberba provocado "a ira de Deus" que, para castigá-los, confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a Terra.

Este mito é, provavelmente, inspirado na torre do templo de Marduk, nome cuja forma em hebraico é Babel ou Bavel e significa "porta de Deus". Hoje, entende-se esta história como uma tentativa dos povos antigos de explicarem a DIVERSIDADE DE IDIOMAS.

Pois muito bem. Quantos de vocês que aqui chegam e lêem os textos já não participaram de debates virtuais ou mesmo pessoais em que pessoas tentam chegar às conclusões sobre o significado de determinados vocábulos e, como o mesmo vocábulo significa uma coisa para uns e outra para outros, a discussão acaba girando em torno de uma discordância total sem que alguém chegue a qualquer conclusão? Se não participou, é só entrar para qualquer Comunidade, seja do Yahoo, Orkut, etc. e observar, pois mais cedo ou mais tarde terá a oportunidade, ou de participar diretamente ou pelo menos observar o que lhes relato.
Mas por que isso acontece?
Isso acontece por "N" motivos, mas quase todos baseados no comportamento inadequado dos mais novos na Lei que, desconhecendo os significados que eram padrão vão, por eles mesmos, "descobrindo" novos significados e os divulgando da forma que bem entendem. Daí, os mais novos ainda, os que tentam aprender através de livros ou mesmo de mais novos com conceitos já corrompidos, apreendem e aprendem esse significados como "padrões", a ponto de acharem por bem discutirem com os mais antigos que seus próprios orientadores que, por exemplo, AGÔ quer dizer perdão, num exemplo bem "simplesinho".
Esses "novos significados" e a clara demonstração de muitos de que NUNCA FORAM ÀS FONTES para saberem em que águas estão bebendo, preferindo analisar as fontes através dos rios já formados (e misturados por causa disto), acaba gerando uma grande TORRE DE BABEL entre os umbandistas, com o mesmo objetivo bíblico - DESENTENDIMENTOS - já que em determinados debates parece até que todos falam por idiomas diferentes, tal é a desconexão com o significado raíz de cada palavra. E há alguns (acreditem) que mesmo percebendo haver disparidade entre o que entendem por certo vocábulo e a realidade mais antiga, ainda insistem em dizer que o entendimento atual existe porque "a umbanda evoluiu", como se a evolução de uma religião envolvesse até a MUDANÇA NOS SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS antes utilizadas (não estou falando das práticas ritualísticas, vejam bem).
Vamos citar aqui algumas palavras ou termos apenas, dando-lhes os significados mais antigos porque se fôssemos falar de todas as que entram nessa Torre de Babel, esse texto viraria um livro.
Comecemos com o já famoso MÉDIUM DE TRANSPORTE.
O termo Médium de Transporte é mais um dos muitos CAPTURADOS no ESPIRITISMO (que muitos umbandistas acham que nada tem a ver com a Umbanda, coitados), só que, adotado erradamente. Se fossem ver o que significa esse termo dentro do Espiritismo Kardecista antes de adotá-lo, jamais o empregariam para o que empregam hoje.
Mediunidade de Transporte, fenômeno estudado e devidamente batizado pelos nossos irmãos Espíritas (assim como a própria mediunidade em geral), é aquela em que o médium possui a capacidade (em potencial) de TRANSPORTAR objetos de um local para outro, de fora para dentro, os que (antigamente era mais comum) são capazes de trazerem os "trabalhos feitos", desmaterializando-os do local onde foram colocados e rematerializando-os dentro do Terreiro ou local de reunião, eram os MEDIUNS DE TRANSPORTE, numa explicação bem simplificada (para melhor explicação, acessem: http://www.cvdee.org.br/duv_resptexto.asp?cat=01&id=425 .
É claro que esse potencial é ativado pela presença da ENTIDADE (outra palavrinha da Torre) que consegue, por diversos meios, usar parte do ectoplasma (energia vital) do médium e dos assistentes para esse "milagre".
Mas aí ... os novos umbandistas que trabalham atraindo obsessores com o fito de encaminhá-los, parece que gostaram do termo e "ZAZ", adotaram-no dando-lhe novo significado. Nas "Umbandas Modernas", o Médium de Transporte "se tornou" aquele que antes era chamado de MEDIUM DE ATRAÇÃO ou MÉDIUM PONTE, significando o primeiro termo aquele que é capaz de atrair para si, sob comando e orientação, possíveis obsessores para que sejam encaminhados e o segundo termo, aquele que é capaz de servir de ponte, de passagem, para que o obsessor também seja encaminhado.
Esse é apenas UM exemplo dentre os muitos vocábulos "capturados" de outros grupamentos espiritualistas que tiveram seus significados adulterados por conta de sei lá o que. Mas ainda bem que este termo ainda não é um dos que mais criam Torres de Babel.
Como já citei acima, um outro termo que gera desentendimentos e que não deveria, é o termo ENTIDADE.
Caramba (é, eu sou velho mesmo e ainda uso essas gírias)! Será que ninguém conhece o dicionário e nunca foi lá saber o que significa UMA ENTIDADE? Uma grande maioria acho que não, porque, a seus "bels prazeres" dão significados de acordo com suas próprias formas de ver, muitas vezes fantasiosas.
Vamos lá, segundo o Houaiss:
Substantivo feminino

1 aquilo que constitui a existência de algo real; essência
1.1 essa existência considerada à parte, independentemente dos atributos da coisa2 Derivação: por extensão de sentido.
o ser humano; ente, indivíduoEx.: uma turma de alunos constituída de entidades diferentes3 Derivação: por extensão de sentido.

Tudo o que tem existência, tudo o que existe, na realidade ou na ficção.
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Vamos ver agora segundo o Aurélio:
Substantivo feminino.
1.Aquele ou aquilo que tem existência distinta e independente; ente, ser.2.Empresa, organização, instituição.
***************
E vamos ver mais ainda no Michaelis:
en.ti.da.de
s. f. 1. Existência independente, separada, ou autônoma; realidade. 2. Aquilo que constitui a natureza fundamental ou a essência de uma coisa. 3. Aquilo que existe ou imaginamos que existe; ente, ser. 4. Individualidade. 5. Indivíduo de importância. 6. Sociedade ou grupo que dirige as atividades de uma classe.
***************
Pois bem. Se você observar o que realcei em azul, perceberá que, a despeito de alguns dizerem que ENTIDADE se refere apenas a Espíritos desencarnados e nunca a "Orixás" (outra palavrinha da Torre de Babel), ou como também já li, que ENTIDADE é apenas aquele "Espírito de Luz" e que os outros são EGUNS (outra palavrinha pra nossa Torre), o termo se aplica, espiritualmente, desde ao mais trevoso kiumba, até mesmo ao próprio DEUS, segundo a compreensão de alguns que o vêem como "aquele senhor de barbas longas que vive no céu e que vai resolver todas as questões pendentes dos mortais encarnados", incluindo-se nessa gama, tudo o que se entende por "orixá" e que chega à Terra através de seus MÉDIUNS (Essa palavra também nos vem dos Espiritismo, viram, umbandistas? Ainda bem que não a deformaram), de forma que chega a ser até interessante (pra não dizer jocoso) quando vemos alguns dizerem que os "orixás" do Candomblé (e isto dito por "umbandistas"), que muitos "umbandistas" acreditam que incorporam e nisso se vangloriam, não são entidades ou, complementando, ENTIDADES ESPIRITUAIS. Ora, se incorporam de fato é porque têm existência individual e se é assim, é porque são ENTIDADES e não apenas energias voláteis da Natureza sem personalidade, sem individualidade.
"Resumo da História", como falava um antigo amigo que já se foi: Espírito é ENTIDADE, orixá incorporante é ENTIDADE, kiumba é ENTIDADE, seu GUIA é uma ENTIDADE, seu protetor é uma ENTIDADE, seu Terreiro é uma outra ENTIDADE, você mesmo(a) é uma ENTIDADE e por aí vai ... A palavra tem um significado bastante extenso e ficar tentando particularizá-la para este ou aquele "evento espiritual" é obra de quem quer complicar mais que explicar.


E aí ... chegou a hora dos EGUNS.


Nunca vi tantas controvérsias quando acontece de alguém perguntar sobre EGUNS porque uns ACHAM que essa palavra se refere a ESPÍRITOS ATRASADOS (obsessores) e outros a TODOS OS ESPÍRITOS QUE JA VIVERAM. É o que dá irem "capturar" palavras em outros grupos e, sem lhes saber o real significado, sairem por aí "gastando africanismo" e "pagando micos", por decorrência.
Vamos ao REAL SIGNIFICADO e às suas adaptações "umbandísticas".
A palavra EGUN, de raíz Yorubá (Nagô), era e ainda é usada pelos irmãos Candomblecistas para significar a ALMA DE PESSOAS IMPORTANTES QUE JÁ MORRERAM E QUE VIRIAM À TERRA COM FINS DE ORIENTAÇÕES AOS MEMBROS DE SUAS TRIBOS ou NAÇÕES. Os EGUNS eram e são cultuados numa ramificação de culto dos Candomblés chamada LESSE EGUN (os lesse orixás são os que cultuam orixás), o CULTO AOS ANTEPASSADOS. Os que quiserem se aprofundar no tema, sugiro que CLIQUEM e leiam: O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ e também EGUNGUN
Mas aíííííííí, como muitos umbandistas adoram usar a terminologia africana, ainda que não lhes saibam os significados, passaram a usar e "distribuir" a palavra EGUN como se fosse uma classificação para Espíritos de mortos que se colam nos vivos e lhes causam vários problemas. Espíritos atrasados, portanto, o mesmo que KIUMBA, obsessor por decorrência. E aí também, se alguém começa a discorrer sobre Egun da forma que aprendeu mais recentemente (a forma errada), sobre si lhes caem montes de críticas e com toda a razão, já que, na raíz, Eguns ou Egunguns seriam ANTEPASSADOS, ANCESTRAIS e não OBSESSORES. Mas o pior é que, condicionados como estão, continuam insistindo que um Egun é, forçosamente, um Obsessor.
Quem for às páginas indicadas, perceberá inclusive, que o Culto aos Eguns é particular aos homens e só podem estar presentes nos locais de culto fechados, mulheres que sejam de algumas qualidades de OIÁ (Igbale, Zagan, Messe Egun, Tolú ...). Por que seria?
Numa adaptação do termo menos destrutiva, ainda podemos considerar a palavra EGUN PARA A UMBANDA, sem jamais querermos traçar paralelos com seu valor no Candomblé, significando "Espíritos de Mortos" (a única relação existente) ou simplesmente ESPÍRITOS que é o que quase todas as ENTIDADES que trabalham nas UMBANDAS são em verdade. Nesse caso, mais certo é dizer que "seu" Preto velho ou Preta Velha é um Egun, "seu" Caboclo ou Cabocla é um Egun, "sua Mariazinha" e "seu Zezinho" são Eguns e não somente os Espíritos trevosos o são.
Vou ficando por aqui por enquanto, porque a próxima palavra (ORIXÁ) é a que mais Torres de Babel cria, sendo por isto que vou deixá-la para a próxima postagem, ocasião em que tentarei analisar essa palavra sob os mais diversos significados, alguns deles até antagônicos em função do conhecimento e da compreensão mais atual.



Paz e harmonia em suas Vidas.