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segunda-feira, 28 de maio de 2007

OS ESPÍRITOS E OS ENCARNADOS PARTE II

Vamos falar agora um pouco mais sobre os espíritos que transitam pela Lei de Umbanda.

Como já disse antes esses espíritos têm o dever de ajudar aos seres encarnados, sejam eles quem forem, ainda que tenham sido seus inimigos em uma encarnação passada. Essa é a verdadeira essência da Lei : Ajudar a todos igualmente e na medida do possível, crescer interiormente pelo cultivo do amor a si mesmo e ao próximo.
Estranhou essa afirmação de "a si mesmo e ao próximo"? Pois não devia. Essa é uma Lei Bíblica, se lembra? "Amar ao próximo como a ti mesmo".
Como amar ao próximo se você às vezes nem entende bem o que é amar a si mesmo? E é bom que se explique também que "amar a si mesmo" em entendimento espiritual, está longe de envolver qualquer sentimento narcisista, o que seria a apoteose do culto à vaidade. Muito ao contrário, o amor a si mesmo envolve a compreensão de que todos estamos aqui para somar experiências e aprendermos com elas. Envolve também a compreensão de que o crescimento interior é o que realmente interessa alcançar e é esse o principal objetivo das sucessivas reencarnações (até porque após o que chamamos de morte essa será nossa única posse). Portanto, amar a si mesmo, terá sempre como conseqüência imediata a aprendizagem da compreensão e o amor ao próximo.
Nem vou me estender mais porque desse tema pode sair outro livro.
Quando me refiro a espíritos da Verdadeira Umbanda, quero me referir àqueles que realmente foram ordenados para trabalharem dentro dos padrões Umbandistas e que perseguem seus objetivos dessa forma pois, se há mistificação (espíritos querendo se passar pelo que não são) em outros lugares, também os há nos terreiros de Umbanda, Candomblé e até mesmo em determinados grupos que insistem estarem recebendo o "espírito santo" com urros e piruetas que dariam inveja a qualquer produtor de filme de terror de 3ª categoria.
A grande diferença é que os espíritos da VERDADEIRA UMBANDA podem se identificar, como já dissemos, não só pela fala, mas também, e obrigatoriamente, por pontos riscados e cantados.
Se o dirigente de um Terreiro for bem preparado e resolver "tirar a prova" sobre a real identificação de uma entidade, ele terá ao seu dispor para julgamento (estou considerando que o médium esteja bem incorporado, porque senão...), o nome que a entidade diz ter recebido, o que determina de certa forma a vibração original ou raiz, o ponto cantado que funciona como um "cartão de visitas" no qual normalmente confirma a linhagem (ou vibração orixá padrão) e dá mais algumas dicas, e o ponto riscado que é a "assinatura" dessa entidade, pelo qual o dirigente poderá reconfirmar tudo além de verificar o elemento predominante nos trabalho (se água, ar, fogo ou terra). Como? Pergunte ao seu "Pai no Santo"!
Dessa análise pode-se chegar à conclusão de se uma entidade é mesmo o que diz ser, ou é um esperto querendo se passar por, ou ainda uma "baita confusão" da cabeça do médium em estado consciente de atuação (ou até sem atuação alguma).
Pelo amor de Deus !
Cuidado com aqueles "pontos riscados" pré-fabricados que vemos em alguns livros de "umbanda(?)" que quase nada querem dizer e jamais, ainda que fossem corretos, poderiam ser usados por todas as entidades, ainda que se utilizassem dos mesmos nomes.
Vou tornar a dizer : Entidades de Umbanda recebem um "nome fictício" de acordo com a falange ou grupo de espíritos com que vão trabalhar, e, ponto riscado é uma assinatura individual, não podendo portanto, um ser igual ao outro, a menos que a entidade, o espírito ali presente seja o mesmo. Ainda assim, há vezes em que uma mesma entidade atuando em dois médiuns diferentes modifica seu ponto em função apenas da "COROA" do médium em que está incorporada, ou seja, coloca em seu ponto riscado um ou alguns sinais referentes à coroa daquele médium em que está atuando.
Numa certa ocasião, fui visitar um Terreiro "muito bom" no dizer de um amigo que me levou. Na gira seguinte haveria confirmação de entidades conforme anunciou o dirigente. Nesse dia, determinados médiuns teriam que estar aptos a permitirem que seus protetores pudessem riscar e cantar seus pontos, já que todos tinham dado seus nomes de falange. Teria sido até louvável se esses mesmos médiuns não tivessem à mão, para consulta, um belo exemplar de um certo livro com 1500 pontos riscados e cantados para que naturalmente, pudessem procurar ali o ponto riscado das entidades que diziam receber.
Você duvida que isso aconteça ? Pois saia por aí em visita a alguns terreiros, leve consigo um livro destes e compare os "pontos riscados" de certas entidades. Alguns pontos lhe darão a impressão de que ali está incorporado o desenhista do livro, ou talvez o gráfico que o imprimiu.
Se os Umbandistas querem ser respeitados, têm que começar por respeitarem as pessoas que deles dependerão um dia e, principalmente às VERDADEIRAS ENTIDADES DE UMBANDA.
O que acontece em casos como esses é que os espertos enganam a muitos despreparados como ele e fatalmente afastam de si os verdadeiros protetores que, com certeza, não compactuam com esse tipo de atitude até porque, se o indivíduo quer enganar a si e a outros nesse ponto, com certeza quererá enganar em outros mais.
Os Verdadeiros Espíritos de Umbanda se afastam como já disse pois, seja na Umbanda, no Kardecismo, no Candomblé ou qualquer outro tipo de culto, o Livre Arbítrio de cada um tem de ser respeitado. Observe que você só conhece verdadeiramente uma pessoa se a deixa agir por conta própria. Enquanto existir alguém ao seu lado ditando regras de comportamento e conduzindo seus passos, o verdadeiro Eu jamais será revelado. A partir do momento em que os grilhões se rompem, se essa pessoa vai seguir ou não o que lhe foi ensinado, estará por conta do que foi realmente aprendido e principalmente compreendido, além é claro, da própria índole que poderá ser boa ou desviá-la para o uso do que aprendeu erroneamente com todas as conseqüências posteriores.
De qualquer forma, estar com as rédeas do caminho de quem quer que seja, determina que a pessoa em questão não esteja progredindo por seus próprios meios e sim alavancada por alguém (matéria ou espírito) que lhe dirige os passos.
Verdadeiros espíritos de Umbanda compreendem isso perfeitamente.
Sabem que os ensinamentos devem ser passados, os conselhos devem ser dados, mas sabem também que somente "o filho" poderá, por suas próprias atitudes, mostrar-se merecedor ou não de maiores e melhores ensinamentos, além é claro, da presença junto a si, de entidades de maior ou menor grau evolutivo.
O que acontece quando os reais protetores se afastam? É simples ! Basta raciocinar!
O "Baixo Astral" está fervilhando de entidades "doidas para poderem se manifestar" seja de que forma for. Com o afastamento dos protetores cria-se um vácuo que será naturalmente preenchido por qualquer uma ou várias dessas entidades, principalmente as que comunguem com o tipo de comportamento assumido pelo médium. Para não espantarem, comportar-se-ão de forma semelhante aos antigos protetores (até porque nem precisarão riscar o ponto - se for preciso o médium riscará por eles). Dependendo de seus objetivos, começam como todo obsessor a transmitir ao médium em questão uma certa sensação de poder através de alguns feitos até "miraculosos".
Se forem espertos farão tudo para fazerem crescer no médium a VAIDADE de ter consigo entidades "tão poderosas", ao mesmo tempo em que irão, sem que se torne perceptível a princípio, sugando o incauto de diversas formas podendo levá-lo futuramente a atos totalmente inconseqüentes com perdas materiais, afetivas e familiares.
O mais interessante nesse processo é que, estando uma pessoa nessas condições, por mais que você lhe chame à atenção dando-lhe conselhos (se conseguir) ou reprovando-lhe atitudes fora dos padrões de correção e justiça e até mesmo de lógica, para ele o errado será sempre você, até que um dia "acorde" e saia por aí em busca de outros grupos pondo a culpa de sua ruína NOS ESPÍRITOS que ele mesmo desmereceu. Aliás essa tem sido a prática de muitos ex-adeptos não só da Umbanda mas também de outros grupos religiosos que hoje, GRAÇAS A DEUS, estão se enganando em outros lugares.
É muito mais fácil culpar uma religião ou a uma outra pessoa do que aceitar ser ele mesmo o culpado de sua queda.
Como falamos de falange, é bom que expliquemos aqui como é que funciona esse negócio.
Falange em Umbanda é o nome que se dá a um grupo de espíritos que trabalham juntos, uns auxiliando os outros. Essas falanges formam-se normalmente pela semelhança do tipo de trabalho que deverão desenvolver, de idéias e ideais etc. Na espiritualidade, como na matéria, as entidades tendem a formar grupos que compactuem em forma de ver, pensar e agir - "os iguais se atraem", lembra-se?
Unidos pelos mesmos ideais, grupos de um sem número de espíritos assumem para trabalho o nome de sua falange. Isso quer dizer por exemplo que, quando um espírito se identifica como Pai Francisco, ele está dizendo o nome da falange que assumiu por ter se identificado melhor com esse grupo.
Quando digo um sem número, é porque em toda a andança que tive em 34 (agora 38) anos de pesquisa por vários Terreiros, nunca tive a confirmação absoluta quanto àquela história de que o primeiro da falange dá origem a sete e que cada um dos sete dão origem a mais sete etc, etc.
Se alguém tem provas disso que levante a sua bandeira.
Compondo essas falanges estão espíritos de diversos graus evolutivos. Alguns são mais evoluídos do que qualquer ser encarnado, outros têm evolução correspondente e outros mais são ainda menos evoluídos chegando-se aos classificados como Exús que quando trabalham seguindo a Lei de Umbanda e respeitando àqueles que lhes são superiores são auxiliares de grande valia. Um médium terá sempre acesso mais fácil aos espíritos que se assemelhem a ele em grau evolutivo, podendo, por esforço próprio, alcançar alguns níveis acima do seu e, por estar no plano terra a terra, alcançar facilmente qualquer espírito mais inferior.
Quando tudo acontece dentro da normalidade, os espíritos mais inferiores (mas não só eles) de uma falange trabalham como auxiliares daquele que está incorporado. Quando você vê aquele caboclo realizando seus trabalhos ou aquele preto velho (na verdade você vê mesmo é o médium) sentado no toco, não imagina que à sua volta, e prontos para trabalharem em conjunto, estão vários outros auxiliares. Mas é o que acontece. É por isso que não raramente, por ocasião de sua chegada, uma entidade faz saudações ao local e à sua falange, ou seja, os amigos que vão trabalhar com ele (ou ela).
Aí você vai lá e "tira sua consultinha!"
Se o médium é realmente preparado (seja consciente, semi-inconsciente ou inconsciente) e você está se dirigindo à entidade, acontecem coisas imperceptíveis (aos que não têm sensibilidade para a captação) mas importantes para serem analisadas
Não sei se alguém já escreveu sobre isso, mas não estou tentando inovar nada.
Tenho certeza de que, mesmo que não se tenha escrito, muitos já devem ter percebido o que vou descrever.
De acordo com o trabalho que deverá ser executado ali naquele momento, embora o médium permaneça com quase as mesmas características da entidade que o acompanha, muitas vezes há uma troca de entidades (normalmente entre espíritos da mesma falange). Para o consulente parece que nada mudou, mas aquele que "tem olhos de ver" ou sensibilidade mais trabalhada percebe perfeitamente a transição. É realmente linda essa forma de trabalho. Você pode inclusive estar se dirigindo a um Exú dessa falange sem se aperceber disso.
Muitas vezes, em debate com médiuns honestos que trabalham em estado de consciência e semi-inconsciência obtive deles confirmação para o acima exposto. Alguns até sentiam essa transição mas não entendiam e não comentavam "por medo de estarem falando besteiras". Quando viram que não acontecia só com eles, puderam se sentir mais aliviados.
Mas se cada falange tem mesmo um sem número de espíritos, como se dá a escolha de um determinado espírito para trabalhar com um determinado médium ?
A resposta ainda aqui está Lei das Afinidades.
Vamos tentar exemplificar para que fique bem clara essa "história" sem que tenhamos de entrar ainda pelas explicações mais científicas. Observe no entanto que tudo isso é relativo, ou seja, não é regra fixa, até porque depende da EGRÉGORA do ambiente em que vai se dar o desenvolvimento mediúnico do indivíduo.
Numa situação normal, onde a egrégora é positiva e favorável, durante o período de desenvolvimento (ou treinamento mediúnico) um médium costuma ter um espírito que chamaremos "desenvolvedor" que começa a se apresentar como que abrindo os canais mediúnicos para futuros melhores contatos. Esse espírito pode se apresentar como Preto-Velho ou Caboclo de qualquer falange, mas sempre terá ligação direta com a chamada COROA do médium, ou seja, será uma entidade ligada à Vibração Original que rege a Coroa desse médium. Essa entidade tem um padrão evolutivo quase sempre maior que o do médium (em casos normais, volto a dizer) embora não seja de seu feitio querer fazer demonstrações. Durante esse período o médium receberá também a atuação de outras entidades, mas caberá sempre ao desenvolvedor permitir ou não essas atuações. Se o período de desenvolvimento transcorrer naturalmente, esse desenvolvedor terá condições de trazer sempre as orientações necessárias ao progresso e não aquelas padronizadas em determinados terreiros que têm "uma única fórmula" para todos."
É importante, e muito lógico, que se entenda de uma vez por todas que cada médium é um médium, e que seu desenvolvimento deve seguir, na medida do possível, os padrões que seus verdadeiros protetores determinarem (se existirem protetores realmente incorporando), até porque não existe quem veja melhor a situação mediúnica de um médium que seu próprio protetor. Esse caminho pode ser mais demorado em função do vacilo por medo do próprio médium que, se for grande, acaba por interferir e bloquear as mensagens do espírito (lembra do que contei de mim mesmo ?), mas por outro lado,
se o médium tem medo de transmitir uma orientação dada por seu protetor visando seu próprio bem, como poderia estar preparado para transmitir mensagens a possíveis consulentes?
Cansei de me deparar por aí com médiuns que "davam consultas espetaculares", eram "feitos" na casa de Fulano desse ou daquele orixá, ajudavam às pessoas necessitadas e no entanto, quando precisavam dessa consulta para si, buscavam outros médiuns e até outros Pais no Santo.
Isso não tem lógica !!!
A única explicação, levando-se em consideração que o médium seja honesto, é o medo, pois, se uma entidade sua, estando incorporada seja em que estado de consciência for, tem condição de "dar consultas" e saber do que os outros precisam, é impossível que essa ou essas entidades não saibam o que é preciso para seu próprio aparelho (ou cavalo, como quiser).
Quero deixar bem claro esse aviso aos Chefes de Terreiro : A pressa em "coroar" determinados médiuns para que possam logo trabalhar, pode vir a ser nefasta para ele. Um médium confirmado, coroado, que não consegue se entender com seus protetores, jamais poderia ser considerado um médium confirmado de fato. Isso chega a ser covardia pois lhe dá a falsa impressão de que está preparado para a batalha e ele só vai perceber a falha (se perceber) quando sua vida começa a "virar de cabeça para baixo" em virtude das cargas que receberá por trabalhos mal executados.
Cabe decididamente aos Pais no Santo orientarem seu Filhos no Santo no sentido de que, enquanto as mensagens de suas entidades não se tornarem claras e com real significado dentro dos rituais, enquanto pelo menos um de seus protetores (normalmente o que é responsável pelo desenvolvimento é quem faz isto) não cantar e riscar seu ponto de acordo com a Lei, ele não terá condições de ser considerado médium pronto. Ele não poderá "dar consultas" e muito menos dirigir trabalhos que envolvam demanda. Se o fizer estará correndo riscos por sua própria conta.
É também importante que o dirigente honesto explique a "seus filhos" que,
se seus protetores podem atender aos outros, têm obrigação de atender a eles, pois é a eles que mais conhecem e portanto, podem melhor orientar.
Vou relacionar abaixo algumas atitudes que vemos em médiuns que se dizem prontos para trabalharem e que até mesmo já "abriram terreiros" que são totalmente ilógicas se analisarmos friamente. Antes porém que pessoas de outros grupos possam vir a ler esse capítulo e se acharem no direito de julgar, adianto que essas coisa não acontecem só na Umbanda. Quero deixar bem claro que minhas pesquisa e apreciações foram feitas também em centros ditos Kardecistas e Roças de Candomblé, sempre com os mesmos resultados (não são problemas das Seitas ou Religiões - são problemas dos humanos que dizem "seguir as regras").
O médium é considerado pronto, dá consultas e, para si, prefere "tirar consultas com outros" - Isso já mostra insegurança.
O médium recebe entidades que nunca riscaram um ponto ou se identificaram convenientemente e estão lá dando consultas e passando mensagens.
O médium "está pronto" (ou foi considerado como tal, sabe-se lá porque), abre terreiro (ou Roça ou organiza sua "mesa") e mesmo como "Chefe", procura tirar consultas particulares em outros terreiros (ou Roças etc.). Isso tem lógica? Então me expliquem porque eu não a vejo!
O médium "abre terreiro de Umbanda" e depois vai "fazer cabeça" na Roça de Candomblé porque "suas entidades pediram(?)". Não tenho nada contra o Candomblé. Tenho amigos que praticam e dirigem rituais e portanto não estou falando de Candomblé de forma pejorativa, muito pelo contrário. Só não consigo entender essa história de Chefe de Terreiro de Umbanda ter que "fazer cabeça" ou "dar obrigações" seguindo rituais do Candomblé. Isso para mim se assemelha à história de um padre católico ter que receber a "unção" dos evangélicos para continuar rezando suas missas. O que explica esse fato é o total despreparo, o total desconhecimento dos ensinamentos ocultos (esotéricos) da verdadeira UMBANDA que orientariam esse "pai no santo(?)", ainda que ele tivesse que mexer com energias afins, ou então o fato de que ele deveria estar mesmo dentro do Candomblé por serem suas entidades afins, o que deveria ter sido observado antes de abrir um terreiro e dizê-lo como de Umbanda, pois a partir daí, se o Terreiro continuar a funcionar, será mais um dos que chamamos "umbandomblé" pela mistura de rituais que começam a fazer.
O médium "está pronto", sai por aí encarando o baixo astral como se fosse invulnerável e, repentinamente, vê sua vida se "entortar". As entidades que tanto ajudavam aos outros parecem não escutar suas preces, não receberem suas oferendas, etc, etc. Daí ele corre para outro pai no santo igual a ele, "faz obrigações" daqui, dali, sacudimentos, "deita para o santo" e continua se danando todo. Quando isso acontece, pode-se com certeza procurar nas atitudes desse médium (como médium ou simples humano) a razão para essa falta de socorro total. Nem vou me aprofundar muito por aqui. Pelo menos não agora.
Quero frisar que não estou tentando radicalizar coisa alguma. O que vejo nessas atitudes é uma total incoerência se acreditarmos que essas pessoas sejam realmente médiuns preparados e com suas entidades incorporando positivamente. Posso até considerar o fato de um médium ir de vez em quando procurar alguém que ele ache melhor preparado (seu pai no santo por exemplo) para melhor orientá-lo na realização de determinado ritual. Admito que ele possa buscar auxílio na corrente ou egrégora de um terreiro para se fortalecer e permitir um melhor contato entre ele e seus protetores de forma que eles possam se apresentar e lhe transmitir a mensagem apropriada (não está incluído nessa hipótese o médium que se considera "pai no santo", tem seu terreiro ou abaçá e portanto dispõe da egrégora deste para se beneficiar, a menos que não seja tão pai no santo como pensa), já que às vezes trabalha em casa, apenas com consultas o que fatalmente lhe é prejudicial. Agora, admitir situações como as acima enumeradas.... não dá para acreditar !
Médium Umbandista (e acredito que de outros grupos também) para se meter a dirigente ou pai no santo, tem que saber sobre a responsabilidade que está assumindo. Tem que ter não só a preparação mediúnica (incorporação ou outros dons positivos) mas conhecimento suficiente para livrar a si e, desde que abriu terreiro, seus seguidores também, dos ataques do Baixo Astral. Tem que saber que, ao abrir um terreiro que objetiva o trabalho para o bem, automaticamente adquiriu inimizades no astral inferior daqueles que objetivam outras coisas e, para isso, ele tem que estar preparado e muito firme com sua "banda". Tem que saber que se não for totalmente honesto com seus protetores, mais cedo ou mais tarde vai se ver livre deles e muito bem acompanhado por outros imitadores com sabe-se lá que intenções.
Texto Extraído do Livro "Umbanda sem Medo Vol I", do autor desse blog

OS ESPÍRITOS E OS ENCARNADOS PARTE I

Eu sei que a esta altura, já enchi sua cabeça com diversos conceitos e forma de observação bastante inovadoras. Talvez não ! Talvez tudo sobre o que escrevi antes já tenha lhe chamado a atenção em algum momento da vida. Não importa. Meu principal objetivo é fazer com que você raciocine enquanto vai lendo. Quero que você pense!
Vamos falar agora sobre esses espíritos que transitam pela UMBANDA e outros grupos de espíritos.
Já vimos que na Umbanda, tenha sido o espírito um grande senhor ou um pequeno lavrador, terá que se apresentar numa das três formas escolhidas pelo "Comando Superior", o que de certa forma despersonifica a entidade e evita (ou deveria evitar) a vaidade do médium e a tentativa de determinadas entidades de se apresentarem como grandes "medalhões" e com isso influenciarem e dominarem os incautos seres encarnados, pela tendência que temos normalmente de MITIFICAR (transformar em mitos) as grandes personalidades.
Só para ilustrar, preciso contar aqui um episódio por mim assistido quando ainda nos primeiros anos de peregrinação pelos meios espíritas, que envolve exatamente esse tipo de mitificação de espíritos que se apresentam como "luminares".
Freqüentava eu em determinada época, um grupo espírita dirigido por pessoas muito bem intencionadas, porém (como se poderá notar) com pouca experiência no trato com os espíritos e principalmente, vulneráveis aos valores que certas entidades alardeiam serem detentoras.
Certa vez foi-nos anunciado que teríamos uma visita ilustre (um amigo de uma das pessoas que dirigiam o grupo) que ostentava o título de Comendador. Para espíritas experientes e voltados tão somente às causas espirituais, esse fato não deveria ser de alarde pois como já vimos, nada importa ao espiritismo ou aos espíritos o "status social" de qualquer indivíduo.
Lembre-se disso : Se em qualquer lugar onde se prega a religiosidade você perceber que há por meio dos praticantes e (no caso de serem espíritas) às vezes até de "supostas entidades", uma tendência a valorizar o "status social" de um ser encarnado, comece a colocar sua "barbas de molho"! Diante dos verdadeiros Emissários da Luz não há e não pode haver diferenciação por condição social entre os encarnados. Essa diferença existe sim, mas nas camadas inferiores (ou planos inferiores, como quiserem) de evolução, jamais nos planos mais elevados.
Voltando à nossa história, o Comendador (vou chamá-lo assim para evitar nomes) foi convidado, mesmo sendo sua primeira visita, a fazer parte da MESA.
Abro aqui outro parêntese para explicar que eu, "engatinhando ainda pelos meios espíritas", não tinha conhecimentos suficientes para analisar o que se passou, e também não via o trato com os espíritos da forma que vejo hoje.
Iniciada a Sessão como de costume, era feita uma pausa para que todos "dessem passagem" (como era dito) aos seus protetores - uma tática normalmente utilizada para preparar o ambiente e o "corpo mediúnico".
Qual não foi minha surpresa quando, atuado (e em estado consciente) pelo Preto Velho (nessa mesa era permitida a presença de entidades de Umbanda) comecei a perceber uma agitação estranha em meu sistema nervoso. Era como se a entidade que atuava em mim estivesse incomodada com alguma coisa que eu não alcançava.
Repentinamente, do outro lado da mesa, o comendador "deu passagem" ao seu protetor. A agitação aumentou.
Consciente, eu buscava controlar a vontade que tive de ir desacatá-lo e, compreendendo cada vez menos aquela sensação que não podia ser minha, passei a dar mais atenção ao que se passava ao redor.
Nada demais! O comendador, atuado por seu protetor, identificava-se como "fulano de tal" vindo do oriente e saudava as "energias divinas" que de lá estariam sendo trazidas por sua falange.
Pensei cá comigo : - "Tem alguém maluco aqui - ou eu, ou esse Preto Velho".
O fato é que, o Preto Velho que normalmente me trazia muita calma e permanecia atuando por muito pouco tempo, nesse dia parece que demorou uma eternidade. Só me deixou quando o tal "oriental" se foi. Em continuidade nada mais aconteceu de anormal naquele dia, mas é lógico que eu fiquei com "a pulga atrás da orelha".
Mais um parêntese (eu sou mestre nisso) !
Vou tentar dar uma explicação simplificada sobre esse estado de mediunização consciente em que me encontrava porque sei que será interessante para muitos que passaram e passam por essa experiência sem se darem conta de que estão parcialmente mediunizados (ou incorporados) e que isso é bastante normal até mesmo em pessoas com anos e anos de prática mediúnica.
Embora nesse estado consciente eu pudesse sentir as emoções da entidade, identificar sua energia, ouvir o que se falava ao redor, eu não conseguia me livrar da atuação, mas conseguia evitar que falasse por mim, e desse modo acredito que estava criando um certo conflito pois, enquanto eu raciocinava e ouvia o que me parecia bonito e normal (a fala da entidade) meu pé direito batia no solo sem controle, como se "eu" estivesse reprovando aquela fala. Enquanto meu consciente aceitava as frases do "oriental" como vindas de um ser celestial, uma energia se agitava dentro de mim como se quisesse dizer : "Não é nada disso"!
Taí ! Deu pra entender ? Se não, eu espero explicar melhor quando me aprofundar no tema.
Continuando.
Tudo isso voltou a acontecer numa outra Sessão em que o comendador esteve presente, só que desta vez a agonia foi tão grande que, como o comendador ia continuar a freqüentar o grupo, achei por bem eu me afastar, até porque poderia perder o controle e sem saber porque, sair dizendo sei lá o que para a tal entidade.
O que mais incomodava é que eu não tinha nada contra a presença do comendador que era até uma pessoa agradável.
Bem, como se diz na gíria : "Cantei prá subir"! Afastei-me do grupo dando por desculpas a falta de tempo, indisposições etc.
Passado algum tempo, lembro-me de ter encontrado na rua a filha de um dos dirigentes e também freqüentadora que me relatou o acontecido em uma das reuniões. Parece que o tal "oriental" que saudava "os focos de luz do oriente" resolveu se trair e, como saudação final deixou escapar um "Salve a minha Quimbanda"!
Estava então explicado para mim, a suspeita que já tinha mas que não admitia : debaixo daquela aparência celestial havia um Exú . Isso mesmo ! Um Exú que "entrou na gira", passou-se por luminar, foi respeitado como tal, mas era um Exú.
E aí ?
Como os protetores do local deixaram-no fazer isso?
Por que nenhuma entidade que atuava sobre médiuns muito mais experientes que eu sequer deu o alarme?
Poderia ser um "baita Quiumba" e provavelmente teria sido acolhido como espírito elevado pelo teor de sua fala. Se mal intencionado, sabe-se lá que carga de bobagens poderia ter ensinado.
Por que eu digo que era um Exú?
Porque nenhum "medalhão espiritual" faria saudações à "sua Quimbanda" que como bem sabemos é Linha de Trabalho Mestra de Exú e Pomba Gira ("abrasileirado" de bombogira que é a palavra correta).
Ainda bem que nesse episódio o mal maior apenas serviu de lição para aqueles que vão "abrindo guarda" para entidades aquilatando-as pelas palavras que muitas vezes são ocas (como diria um certo amigo).
Aliás esse fato comporta uma segunda lição que tem a ver com a presença do comendador na mesa que, como se sabe, funciona nessas reuniões como o foco central de energia e por isso deve ser constituída por pessoas treinadas e preparadas para tal. Nessa ocasião o comendador só foi convidado para compor a mesa porque era comendador e amigo de um dos dirigentes, ou seja, foram levados em conta seu "status social" e sua amizade com o dirigente em detrimento de sua preparação ou não para ali estar.
Um outro fato que demonstra bem o perigo desse encantamento com possíveis "luminares" aconteceu bem antes, quando eu ainda estava pensando se entrava ou não nesta Seara.
Estávamos se não me engano, no ano de 1969 e eu freqüentava como assistente às Sessões de um Centro Espírita de raízes Kardecistas (porta pela qual eu entrei no espiritismo). Havia uma reunião às quintas feiras dirigidas por um senhor, dono de uma clarividência e clariaudiência realmente invejáveis. Vamos chamá-lo de Senhor M.
Senhor M era capaz de colocar várias pessoas da assistência sentados em duas fileiras de cadeiras e sair dizendo sem errar, o problema que as levava até ali. Senhor M descrevia o problema que era em seguida confirmado pelo freqüentador e, na medida do possível, dirigia os trabalhos no intuito de ajudar às pessoas em questão. Posteriormente ele dava explicações sobre o ocorrido a todos. Era uma verdadeira Escola da qual eu sinto saudades !
Numa dessas reuniões, foi levada por uma freqüentadora, uma amiga que passava por grandes perturbações emotivas. Médium não preparada, ela recebia em casa uma entidade do tipo "luminar" que inclusive falava em três ou quatro línguas. É isso aí ! Uma entidade poliglota !
Paralelamente a isso, sua vida era um inferno! Problemas, problemas e mais problemas!
Colocada em uma cadeira especialmente deslocada para ela, foi de pronto alcançada a mola-mestra de seus problemas: Era justamente a tal entidade que se tornou seu obsessor e que, a despeito de todo o seu potencial lingüístico, queria a senhora só para ela.
Essa entidade foi chamada, tentou-se convencê-lo de que estava errado (se apresentava como homem) em se meter na vida material dessa senhora e decidindo sobre o que ela poderia fazer ou não, ou com quem poderia estar ou não, infelizmente sem muito êxito.
Antes de prosseguir : É importante se dizer que o fato de dar incorporação a uma entidade poliglota, de uma certa forma preenchia o Ego dessa senhora pois, afinal de contas "era um ser tão iluminado que era capaz de falar diversas línguas". Esse fato, o de se sentir "aquinhoada pelos deuses" que lhe permitiram "tão grande honra(?)", e o provável sucesso que fazia quando atuada, alimentava-lhe a vaidade fazendo crescer mais e mais os elos que os prendiam (entidade espiritual e ser encarnado). Ora, tentar convencer a alguém que a razão de seus problemas é justamente o que acha ser o melhor de sua vida é como dizer a um esfomeado que o único prato de comida que conseguiu está envenenado. Ele não acredita! Ele vai comer!
Ela foi orientada no sentido de não dar prosseguimento às incorporações. Foi-lhe recomendado também que retornasse na semana seguinte porque o trabalho de doutrinação (como era chamado) deveria continuar.
Para encurtar a história.
Na quinta feira seguinte, quando ainda nem havia iniciado a Sessão, a amiga que levara a tal senhora chegou trazendo a notícia de que a tal entidade, estando incorporada, (ela não acreditou e por isso não obedeceu) fez com que a senhora se atirasse pela janela do edifício onde morava, matando-a consequentemente.
Veja bem!
Qualquer obsessor, por mais burro que seja (e normalmente eles não são nada burros) se tem em mente dominar uma pessoa, vai facilitar-lhe sempre aquilo que ela ache que mais precisa - nesse caso a admiração de tantos quanto cercavam essa senhora. É desse modo que ele ganha confiança! É desse modo que ele vai conseguindo aos poucos estreitar os laços que o unem ao ser encarnado até chegar ao ponto de se tornar imprescindível em muitos casos a sua presença. Anote isso!


Texto Extraído do Livro "Umbanda sem Medo Vol I", do autor desse blog