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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Umbanda e a Torre de Babel - Parte V

CONTINUANDO NOSSO PAPO SOBRE ORIXÁS E AS DIVERSAS MANEIRAS QUE SÃO COMPREENDIDOS ...



Estava eu a analisar as postagens anteriores e acabei percebendo que boa parte do que deveria falar sobre ORIXÁS vistos pela ótica da Umbanda Original já tinha sido escrito antes na postagem sob o título de Umbanda e a torre e Babel - Parte III .

De qualquer forma, vale aqui uma repetição e uma continuidade, só pra você, que nos acompanha, não ter que voltar lá atrás e ler tudo de novo.

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Abordadas então as três correntes de pensamentos sobre Orixás Africanos, passemos ao conceito de Orixás = Espíritos Humanos de grande poder, Chefes de falanges, etc., como era ensinado por Leal de Souza e, naturalmente aceito pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas e Zélio Fernandino de Moraes que, inclusive, indicavam o Livro "O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda" como uma das fontes orientadoras para os que seguissem a Linha Branca de Umbanda e Demanda.

Já havíamos dito que:

Vamos voltar a 100 anos atrás (1908), quando o Culto de Umbanda foi criado (ou anunciado) pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas e, apelando para o que se tem de testemunhos escritos e gravados, vamos ver que na UMBANDA ORIGINAL não havia qualquer tipo de Culto a "Orixás" - como não existe até hoje na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, a primeira Tenda de Umbanda fundada pelo Caboclo e que se mantém até hoje trabalhando nos mesmos moldes.

Em 1933 o escritor Leal de Souza, aquele que primeiro escreveu e publicou qualquer coisa sobre UMBANDA, já dividia os grupamentos de Espíritos trabalhadores da Umbanda em Espíritos de SETE LINHAS, como já foi explicado em outro volume, inclusive uma dessas LINHAS chamando-se LINHA DAS ALMAS (ou DE SANTO), absolutamente nada tendo de semelhança ao culto a Obaluaiê/Omolu que foi inserido muito após por aqueles que se auto-rotularam de Umbandas mesmo mantendo em seus cultos as práticas e princípios das ritualísticas de cunho africano.

Nesta época assim nos explicava Leal de Souza sobre o que seriam Orixás para a Umbanda Original que também era chamada de Linha Branca de Umbanda e Demanda:

"O Orixá é uma entidade de hierarquia superior e representa, em missões especiais, de prazo variável, o alto chefe de sua linha. É pelos seus encargos, comparável a um general, ora incumbido da inspeção das falanges, ora encarregado de auxiliar a atividade de centros necessitados de amparo, e, nesta hipótese fica subordinado ao guia geral do agrupamento a que pertencem tais centros.

Os Orixás não baixam sempre, sendo poucos os núcleos espíritas que os conhecem. São espíritos dotados de faculdades e poderes que seriam terríficos, se não fossem usados exclusivamente em beneficio do homem. Em oito anos de trabalhos e pesquisas, só tive ocasião de ver dois Orixás, um de Euxoce (Oxóssi), o outro de Ogum, o Orixá Mallet."(1)

Repare bem você que para a Umbanda Original, Orixás eram ESPÍRITOS HUMANOS com certas peculiaridades em essência e não ELEMENTOS ou ELEMENTAIS da Natureza, e sequer ANCESTRAIS DIVINIZADOS, conceito este que se estende até hoje em boa parte das Umbandas NÃO AFRICANIZADAS."

Reparemos, relendo lá atrás, que sob esta ótica, desde o início a Umbanda Original não adotou os conceitos africanistas de Orixás, embora entidades como Pai Antonio (que segundo soube, por integrantes da própria TENSP, era quem usava este termo ao se referir ao Ogum Malê como Orixá Malê, ou Malet) usassem a palavra Orixá para distinguirem certas Entidades Espirituais de outras.

Sob este aspecto, nem muito há para se comentar porque Orixá aqui, na origem da Umbanda é ESPÍRITO HUMANO e fim de conversa.

Essa forma de ver não foi só a da Umbanda Original não! Muitos Terreiros, por muito tempo, ao se referirem aos Caboclos chamavam-nos "Oxossis" também, assim como fazem até hoje em relação aos "Oguns", aos "Xangôs", às "Yemanjás", etc., pelo fato de nessas outras LINHAS DE TRABALHO ou FALANGES DE ESPÍRITOS, as entidades não se identificarem sempre como Caboclos ou Caboclas, o que acontecia mais amiúde na LINHA DE OXOSSI.

E como eu falei de LINHAS (de Oxossi, Xangô, etc.) e não de ORIXÁS, vamos ao conceito ou significado que essas LINHAS (ou falanges) DE TRABALHO têm para a Umbanda Original Segundo Leal de Souza:

"A Linha Branca de Umbanda e Demanda, compreende sete linhas: a primeira de Oxalá; a segunda de Ogum; a terceira, de Euxoce (Oxóssi); a quarta, de Xangô; a quinta de Nha-San (Iansã); a sexta de Amanjar (Iemanjá); a sétima é a linha de Santo, também chamada de Linha das Almas."(2)

Observe que neste enquadramento por Linhas de Trabalho cabe a LINHA DAS ALMAS ou DE SANTO (e não Orixá das Almas) sobre a qual ele nos fala à seguir:

"A missão da Linha de Santo, tão desprezada quanto ridicularizada até nos meios cultos do espiritismo, é verdadeiramente apostolar.


Os espíritos que a constituem, mantendo-se em contato com a banda negra, de onde provieram não só resolvem pacificamente as demandas, como convertem, com hábil esforço, os trabalhadores trevosos.

Esse esforço se desenvolve com tenacidade numa gradação ascendente.

Primeiro, os conversores lisonjeiam os espíritos adestrados nos maléficos, gabam-lhes as qualidades, exaltam-lhe a potencia fluídica, louvam a mestria de seus trabalhos contra o próximo, e assim lhes conquistam a confiança e a estima. [E isto não lhes lembra algo?]

Na segunda fase do apostolado, começam a mostrar aos malfeitores o êxito de alcançar a Linha Branca com a excelência de seus predicados.

Aproveitando para o bem um atributo nocivo, como a vaidade, os obreiros da Linha de Santo passam a pedir aos acolhidos para a conversão, pequenos favores consistentes em atos de auxílio e benefício a esta ou àquela pessoa, e, realizado esse obsequio, levam-nos a gozar, com uma emoção nova, a alegria serena e agradecida do beneficiário.

Convidam-nos, mais tarde, para assistir os trabalhos da Linha Branca, mostrando-lhes o prazer com que o efetuam em cordialidade harmoniosa, sem sobressaltos, os operários ou guerreiros do espaço, em comunhão com homens igualmente satisfeitos, laborando com a consciência e paz.

Fazem-nos, depois, participar desse labor, dando-lhes, na obra comum, uma tarefa à altura de suas possibilidades, para que se estimulem e entusiasmem com o seu resultado.

E quando mais o espírito transviado intensifica o seu convívio com os da Linha de Santo, tanto mais se relaciona com os trabalhadores do amor e da paz, e, para não se colocar em esfera inferior àquela em que os vê, começa a imitar-lhes os exemplos, elevando-se até abandonar de todo a atividade maléfica." (3)

Fiz questão de trazer esses períodos aqui para que o(a) leitor(a) possa, entendendo melhor a ótica da Umbanda Original, perceber uma das formas de trabalharem os Espíritos em relação à doutrinação de certos tipos de entidades que, como se sabe, é feita lá "do outro lado" em se tratando de Umbanda.

Analisando, então, pela ótica da Umbanda Original, os nomes que para os Yorubás são de ORIXÁS, para esta Umbanda e suas sucessoras são de LINHAS DE TRABALHO ou grupamento de ESPÍRITOS que trabalham sob o comando de outros mais entendidos no que a Umbanda deve, pode ou não fazer.

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(1), (2) e (3) Trechos do Livro "O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda" do escritor Leal de Souza - 1933

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PRÓXIMO TEMA:
Umbanda e a Torre de Babel VI - Orixás como ENERGIAS IRRADIADAS DE DEUS