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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sincretismos Religiosos Brasileiros Parte III


61 Tabela organizada com base nas informações extraídas de DAMASCENO, 2008; MANUELA, 2007; PRANDI, 2008; SILVA, 2005.












Os Candomblés de Nação Ketu, Efã e Ijexá cultuam um deus supremo chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Orixás. Os atabaques são tocados com aguidavis (espécie de varinha) e as cantigas são quase todas na língua iorubá.(62)
Apesar de existir na África cerca de 400 Orixás, só alguns tiveram parte do seu culto preservado no Brasil, em um total que não ultrapassa 40 divindades. Um fato que chama a atenção é que algumas divindades que originalmente eram Voduns na África foram adicionadas ao panteão nagô e passaram a fazer parte do ritual, sendo inclusive consideradas no Brasil como Orixás.

Nos Candomblés de Nação do modelo nagô existe ainda o culto aos eguns, ou espíritos dos ancestrais, que ocorre no quarto de balê, um recinto separado do local onde se cultua os Orixás, e que possui um sacerdote próprio, chamado de Baba Ojé, preparado especialmente para este tipo de culto.

Os fundamentos dos Candomblés de Nação do modelo de culto sudanês nagô, muitos dos quais incluem ou são baseados nas histórias, lendas e mitos acerca dos Orixás, são passados oralmente pelos sacerdotes da religião, chamados de Babalorixá (masculino) e Yalorixá (feminino), durante os rituais de iniciação e de elevação hierárquica. Além das tradições religiosas, nestes rituais também são ensinados as danças, as cantigas, o preparo das comidas sagradas, a cuidar de espaços sagrados e os votos de segredo e obediência.
Um fenômeno interessante que parece ter surgido no Candomblé de Nação Ketu (e dele se espalhado para as demais nações) é o movimento de recuperação das raízes africanas, o qual tem rejeitado o sincretismo com o catolicismo e com as práticas indígenas, buscado o aprendizado da língua iorubá e a redescoberta dos ritos, histórias e lendas dos Orixás que se perderam ao longo do tempo, contando, inclusive, com viagem de sacerdotes do Brasil até a Nigéria e o Benin para realizar pesquisas in loco.


Os Candomblés de Nação Jeje-Fon e Jeje-Mahin cultuam uma deusa suprema chamada de Mawu e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Voduns. Tais divindades são agrupadas em famílias (Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso, etc.), as quais se subdividem em linhagens, interligadas entre si por comportamentos, costumes, gostos e atitudes.

Apesar de existir na África cerca de 450 Voduns, a grande maioria não é cultuada aqui no Brasil.

Dos que aqui são cultuados, somente alguns chegam a ter culto a nível nacional, ficando a maioria restrita a nível regional. Quando estão incorporados, os Voduns mantêm os olhos abertos e conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos e recados.(64)

Os fundamentos dos Candomblés de Nação do modelo de culto sudanês jeje, muitos dos quais incluem ou são baseados nas histórias, lendas e mitos acerca dos Voduns, são passados oralmente pelos sacerdotes da religião.

A iniciação jeje requer um longo período de confinamento, podendo durar de seis meses a um ano, onde são ensinadas as tradições religiosas, as danças, as cantigas, o preparo das comidas sagradas, a cuidar de árvores e espaços sagrados e os votos de segredo e obediência. Em alguns Candomblé de Nação jeje são realizadas provas físicas com os iniciados para testar a veracidade da incorporação, pois acreditam que se o iniciado estiver realmente incorporado nenhum mal ocorrerá a ele durante a prova. Um dos testes que costumam ser utilizados nestas ocasiões consiste em mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo.(65)

As celebrações religiosas das nações jeje podem ser divididas em dois grupos: aquelas que são restritas aos iniciados, podendo levar vários dias, e as públicas que podem durar até sete dias. Ao final dos rituais de obrigação, todos são convidados a compartilhar da refeição comunal reparada
com as carnes dos animais sacrificados às divindades.(66)




63 Tabela organizada com base nas informações extraídas de MANUELA, 2007; PRANDI, 2008; SILVA, 2005.


64 MANUELA, 2007.
65 MANUELA, 2007.
66 MANUELA, 2007.
67 Tabela organizada com base nas informações extraídas de MANUELA, 2007; PRANDI, 2008; SILVA, 2005.



Dentre todos os Candomblés de Nação, sejam eles do modelo de culto banto, sudanês nagô ou sudanês jeje, o que apresenta maior projeção nacional é o Candomblé de Nação Ketu. Tal projeção tem provocado, atualmente, um fenômeno de assimilação das práticas rituais dessa nação pelas demais, como o idioma e as cantigas utilizadas, a forma como os atabaques são tocados e o culto as divindades. Sobre este aspecto, é interessante notar o sincretismo que tem surgido atualmente dos inquices e dos Voduns com as lendas, histórias, domínios, cores e símbolos dos Orixás da nação Ketu, como se aqueles fossem estes com nomes diferentes.

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.




CANDOMBLÉ DE CABOCLO


Ainda no século XIX, um outro tipo de sincretismo surgiu de dentro das antigas Casas de Candomblé da Bahia, um no qual foram preservadas algumas tradições indígenas, fazendo com que um tipo de egum, o Caboclo, ganhasse expressividade, um ritual a parte para si e acabasse por dar nome a nova religião que nascia: o Candomblé de Caboclo.


O Candomblé de Caboclo é uma religião com forte presença em Salvador e na região do Recôncavo Baiano, embora seja encontrado em praticamente todo o país. Embora muitos não se definam assim, pode-se afirmar que a maioria dos Candomblés existentes hoje na Bahia sejam de Caboclo.(68)

Segundo Reginaldo Prandi, “O termo candomblé de caboclo teria surgido na Bahia, entre o povo-de-santo ligado ao candomblé de nação queto, originalmente pouco afeito ao culto de caboclo, justamente para marcar sua distinção em relação aos terreiros de caboclos.”(69)

No Candomblé de Caboclo, a exemplo do que ocorre nos Candomblés de Nação do modelo de culto banto, os atabaques são tocados com as mãos e as músicas são cantadas em português, com uso freqüente de termos rituais de origem banto. Muitos adeptos chegam inclusive a considerá-lo como uma variação do Candomblé de Nação Angola.

O Candomblé de Caboclo apresenta um dos panteões mais abrangentes das religiões sincréticas brasileiras. Nele cultua-se um deus supremo chamado de Zambi ou Zambiapongo e a natureza deificada, personificada nos Inquices e em alguns Orixás, convivendo lado a lado as tradições banto e iorubá. Nele existe também a tradição ameríndia de culto às entidades conhecidas como Caboclos, que se tornaram tão importante no ritual quanto as divindades africanas. Mais recentemente alguns barracões assimilaram práticas de uma outra religião sincrética brasileira e passaram a adotar em
seus rituais o culto aos erês (espíritos de crianças), aos Exus (a entidade, não o Orixá) e às Pombagiras.


Sobre os Caboclos, em vários barracões eles costumam ser divididos em dois grupos: os Caboclos de Pena, que representariam os espíritos de indígenas e que usam cocares de penas e os Caboclos de Couro ou Boiadeiros, que representariam os mestiços mamelucos brasileiros das regiões rurais e que usam chapéu de couro.

Durante a cerimônia na qual ocorre a manifestação daquelas entidades, muitos filhos e filhas-de santo incorporados utilizam um cocar de pena, representações de arco e flecha e fumam charuto, no caso de receberem um Caboclo de Pena, ou utilizam um chapéu de couro, uma representação de laço de amarrar bois e fumam cigarros de palha, no caso de receberem um Caboclo de Couro. Em ambos os casos, as entidades bebem vinho e conversam com as pessoas utilizando um português popular meio antigo. Como são tidos como profundos conhecedores da flora local, os Caboclos são considerados curandeiros e/ou feiticeiros poderosos.

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.



OS SINCRETISMOS SURGIDOS EM ALAGOAS
DURANTE O PERÍODO IMPERIAL




XAMBÁ


No século XIX, a exemplo do que ocorreu na Bahia, tradições religiosas sudanesas nagô foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existente no estado de Alagoas, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Xambá ou, como dizem alguns, Nação Xambá.

Atualmente o Xambá é praticado em Alagoas, na Paraíba e, principalmente, em Pernambuco, havendo
relatos de que tenha se estabelecido neste último por volta da década de 1920.(70)

À semelhança dos Candomblés de Nação do modelo de culto sudanês nagô, o Xambá cultua um deus supremo chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades
chamadas Orixás, entre os quais podemos citar: Euá, Exu, Iemanjá, Logun Edé, Nanã, Obá, Obaluaiê, Ogum, Oiá, Orixalá, Ossaim, Oxóssi, Oxum, Oxumarê e Xangô.

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato
ritualístico.




70 WWW.XAMBA.COM.BR, 2007.



OS SINCRETISMOS SURGIDOS EM PERNAMBUCO
DURANTE O PERÍODO IMPERIAL


XANGÔ DO NORDESTE


No século XIX, a exemplo do que ocorreu na Bahia, tradições religiosas sudanesas nagô foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo banto-católico-ameríndio existente no estado de Pernambuco, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida como Xangô do Nordeste, Xangô de Pernambuco, Xangô do Recife ou Nação Nagô Egbá.


O principal nome pelo qual é conhecida essa religião, Xangô do Nordeste, é oriundo do próprio nome de uma das suas divindades mais cultuadas, o Orixá Xangô, e ao local onde se originou e onde é mais facilmente encontrada: o nordeste brasileiro. Atualmente o Xangô do Nordeste é praticado em Sergipe, em Alagoas, na Paraíba, e principalmente, em Pernambuco.

À semelhança dos Candomblés de Nação do modelo de culto sudanês nagô, o Xangô do Nordeste cultua um deus supremo chamado de Olorun ou Olodumaré e a natureza deificada, personificada nas divindades chamadas Orixás, entre os quais podemos citar: Euá, Exu, Iemanjá, Logun Edé, Nanã, Obá, Obaluaiê, Ogum, Oiá, Orixalá, Ossaim, Oxóssi, Oxum, Oxumarê e Xangô.

Assim como outras religiões sincréticas, nesta não existe um padrão escrito que torne todos os rituais idênticos em cada local de culto. Além dos fundamentos básicos dessa religião, que são comuns a todos os locais de culto, existem pequenas variações ritualísticas nesses lugares, as quais estão intrinsecamente relacionados aos seus dirigentes, o que faz de cada um deles único em seu formato ritualístico.

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CONTINUA BREVEMENTE
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Um comentário:

  1. Muito bom seu blog
    Acesse meu blog
    http://www.umbandacaboclopenaverde.blogspot.com/
    Vamos unir nossa religião
    Sarava

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