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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

TENDA ESPIRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE


REGIMENTO INTERNO
PARA MELHORES REALCES, MINHAS APRECIAÇÕES E COMENTÁRIOS, DENTRO DO TEXTO, ESTARÃO EM "VERMELHITO"

A Diretoria da TENDA, usando das atribuições estatutária, por ordem e segundo orientação do nosso "CHEFE ESPIRITUAL" - O Caboclo das Sete Encruzilhadas - resolveu aprovar o presente Regimento Interno, a fim de estabelecer a necessária ordem interna e para atender aos seus associados, trabalhadores e frequentadores, na maior harmonia e o mais completo aproveitamento dos trabalhos espirituais.

CAPÍTULO I
DAS SESSÕES EM GERAL
Art. 1° - As sessões da Tenda, que deverão começar às 20 horas e terminar às 22 horas, com a tolerância de 15 minutos no máximo, sobre a hora de encerrar, dividem-se:

PRIMEIRO APARTE: Observemos que havia tempo determinado para a realização de SESSÕES. A mim foi explicado, quando de meu início, que esse tempo visava cautela para com os próprios médiuns, evitando degastes desnecessários e muitas vezes nocivos, tanto à saúde física quanto mediúnica dos mesmos, incluindo-se aí o possível animismo imperante a partir do momento em que, por estarem cansados, médiuns costumam perder os contatos positivos com seus protetores, principalmente os de fase consciente.

a) Sessões de caridade:
b) Sessões de desenvolvimento mediúnico e de consultas exclusivamente para "trabalhadores do terreiro";
c) Sessões especiais;


SEGUNDO APARTE: Havia orientação para que se fizesse sessões EXCLUSIVAS para médiuns e trabalhadores do Terreiro, fossem elas de atendimento ou de desenvolvimento. Interessante porque você já deve ter lido sobre isso em alguns de meus textos.

Parágrafo único - Essas sessões terão lugar:

a) DE CARIDADE (Sessões públicas}
Às segundas-feiras - Trabalho de "Caboclo";
Às terças-feiras - Trabalhos de "Pretos Velhos" e "Caboclos";
Às sextas-feiras - Trabalhos de "Pretos Velhos".

TERCEIRO APARTE:
Reparou que NÃO HAVIA DETERMINAÇÃO PARA SESSÕES DE EXU em relação à CARIDADE? Perceba que ENTIDADES DE TRABALHO para a Umbanda eram CABOCLO E PRETOS VELHOS APENAS. Essa informação se torna interessante na medida em que muitos afirmam que Exu era Linha de trabalho de Umbanda até para o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Onde estão eles então, na Tenda Nossa Senhora da Piedade?

Para as consultas nesses dias, serão distribuídas aos assistentes, por ordem cronológica de chegada à Tenda à partir das 18 horas, cartões numerados com o nome do "Guia"que os deverá atender.
b) DE DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO E CONSULTAS AOS "GUIAS "EXCLUSIVAMENTE PARA TRABALHADORES DO TERREIRO (Sessões privativas)


1) Só poderão tomar parte nessas sessões médiuns e cambonos matriculados, não sendo permitido assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes;


2) Para frequenta-las, torna-se necessário que o Guia chefe do terreiro, após verificar a necessidade de desenvolvimento mediúnico, encaminhe a pessoa interessada, privativamente, a "ORIXÁ MALE" para que este autorize ou não a respectiva matricula;

3)Essas sessões são divididas em duas partes:
1a - Das 20 às 21 horas - Trabalho de desenvolvimento mediúnico;
2a - Das 21 às 22 horas - Consultas aos "Guias", exclusivamente para os trabalhadores os quais poderão falar a mais de um "Guia", conforme as possibilidades do momento.


QUARTO APARTE:
Nota-se claramente nessas disposições a importância que era dada, tanto a médiuns quanto aos demais trabalhadores do Terreiro. Isto é muito importante se ter em mente, já que esses são NA REALIDADE, os sustentáculos para os trabalhos que possam vir a ser realizados - médiuns e trabalhadores (ogãs e demais) mal orientados ou com problemas particulares e psicológicos ACABAM ATRAPALHANDO MAIS QUE AJUDANDO.


c) ESPECIAIS:
Entende-se por sessões especiais:
1 - Sessões do "CHEFE" (Sessões públicas) na primeira Quinta-feira de cada mês. Sessões em que a presença do Chefe Espiritual era garantida
2- Sessões de "descarga" de "ORIXÁ MALE" (Sessões privativas). Na Quarta- feira, véspera da
Sessão do "CHEFE", são privativas dos trabalhadores da Tenda não se permitindo assistentes nem consultas. Sessões que visavam tirar dos médiuns quaisquer cargas acumuladas durante os trabalhos em dias de Sessões públicas e mesmo na vida diária. No grupo onde iniciei elas se chamavam sessões de Expurgo.
3 - Sessões de "demanda" (Sessões privativas) Em dia e hora designados pelo "Guia" que estiver encarregado de executar e dirigir os trabalhos. Só poderão ser realizadas, com autorização especial do "CHEFE", a qual será transmitida por "PAI ANTÓNIO", e nela só poderão tomar parte os trabalhadores e pessoas que foram devidamente escaladas ou autorizadas pelo referido "Guia". Percebe-se ainda aqui a preocupação de só se realizar sessões deste tipo COM A PRESENÇA de MÉDIUNS PREPARADOS, médiuns estes apontados como potencialmente preparados e não com a presença de todos os outros, já que isso poderia (como já expliquei em outros textos) trazer até mesmo riscos à saúde mediúnica destes.

4 - Sessões destinadas exclusivamente ao estudo da doutrina, desenvolvimento de outras mediunidades e aperfeiçoamento de cambonos, etc. Às quintas-feiras, com exceção da 1a de cada mês. Só poderão ser frequentadas por médiuns desenvolvidos e auxiliares, cambonos ou pessoas designadas pelo "CHEFE", não sendo permitido assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes. Perceba-se que o CDSE se preocupava também com o desenvolvimento DE OUTRAS MEDIUNIDADES e não somente a de INCORPORAÇÃO e, além disso, preocupava-se também com o estudo da Doutrina. Mas que Doutrina seria essa? Vamos ver mais à frente.
5 - Sessões Festivas (Sessões públicas):

Em 20 de Janeiro - de Oxossi (São Sebastião)
Em 23 de Abril - de Ogum (São Jorge)
Em 13 de Maio - de Pretos Velhos (Pretos Cativos)
Em 13 de Junho - de Santo António e Pai António
Em 15 de Setembro - de aniversário da TENDA N. S. DA PIEDADE
Em 27 de Setembro - de Cosme e Damião (Falange de crianças)
Em 30 de Setembro - de Xangô (São Jerônimo)
Em 16 de novembro - de aniversário do CHEFE
Em 04 de Dezembro - de Inhaçã (Santa Bárbara)
Em 08 de Dezembro - de lemanjá (Nossa Senhora da Conceição)


São sessões públicas comemorativas de datas solenes da TENDA e funcionam com horário especial, que será estabelecido na ocasião pelo CHEFE. Nelas poderão participar médiuns e cambonos de outros terreiros, desde que a tenda a que pertençam tenha sido devidamente convidada.

MUITO INTERESSANTE: Alguém consegue ver nessa relação de Sessões Festivas alguma que fosse para Exu? Acho que não! E mais uma coisinha: Perceba-se também que se formos considerar "ORIXÁS" o que o CDSE considerava, com nomes africanos, veremos somente aqui, nessa relação de festas: Oxossi, Ogum, Xangô, Inhaçã e Iemanjá. As SETE LINHAS DE TRABALHO seriam "fechadas" com Crianças (Cosme e Damião) e Pretos Velhos.



DA DIREÇÃO DAS SESSÕES


Art. 2° - As sessões serão dirigidas por um médium ou cambono designado pelo "CHEFE", o qual será auxiliado pelo cambonos chefe.
Parágrafo único - São atribuições do dirigente:

a) Abrir e encerar as sessões;
b) Organizar a mesa nas sessões de caridade, designando os médiuns auxiliares para campo-la e substituindo-os nas ocasiões que julgar necessário;
c) Cumprir e fazer cumprir por parte de todos, indistintamente, os dispositivos previstos nesse Regimento e ordens em vigor:
d) Resolver todos os casos omissos que chegarem ao seu conhecimento, quer no plano material, quer no espiritual, devendo, conforme o caso , dar ciência da solução adotada, na primeira oportunidade, ao Presidente da Tenda ou ao "CHEFE"- Caboclo das Sete Encruzilhadas;
e) Tomar todas as medidas que julgar necessárias para o bom andamento da sessão e que não estejam previstas nesse Regimento, ouvido, na ocasião, o Guia Chefe do terreiro.

DA REALIZAÇÃO DAS SESSÕES

Art. 3° - As sessões terão início às 2O horas com o defumador, o qual deverá terminar no máximo às 20:20 horas, até quando será permitida a entrada de assistentes e trabalhadores. Isso é muito importante de se anotar porque essa medida visava fazer com que TODOS os presentes tivessem passado pela defumação. Acho que não preciso dizer o porquê.§ 1° - As exceções do presente artigo, no qual diz respeito a entrada após às 20:20 horas, serão da alçada exclusiva do dirigente da sessão, ouvido o Guia Chefe do terreiro; Observar também: existiam exceções.
§ 2° - Nas sessões de caridade, a porta será aberta entre 21:10 e 21:20 horas, para saída das pessoas já atendidas e ingresso dos retardatários. Ingresso de retardatários somente depois da gira firmada e não a qualquer momento com riscos e quebra de corrente.

Art. 4° - A abertura dos trabalhos, que será feita com uma preleção doutrinária conversando, principalmente, sobre assuntos atinentes à LINHA DE UMBANDA, seguida de prece, terá a duração máxima de 15 minutos.
§ 1° - As consultas e passes só poderão Ter início depois de baixar o Guia Chefe do terreiro;
§ 2° - Nos dias de desenvolvimento mediúnico, serão feitas explicações apropriadas sobre pontos cantados e riscados, durante 20 minutos aproximadamente, sendo prestados, na ocasião, todos os esclarecimentos que a esse respeito forem solicitados. Observe-se mais uma vez que a preocupação com a boa orientação dos médiuns em desenvolvimento era marca registrada do CDSE. Acredito piamente que ele entendia muito bem que MÉDIUNS, tanto podem ser muito bons para o Terreiro, quando conscientes de suas responsabilidades e bem preparados, como podem ser exatamente OS PONTOS FRACOS por onde o Baixo Astral pode ir tomando conta.

Art. 5° - As sessões de caridade terminarão, obrigatoriamente, por uma descarga espiritual feita pelo Guia Chefe do terreiro. No meu entender e também como aprendi, isso é FATOR PRIMORDIAL. Médium que volta pra casa carregando nas costas as energias negativas de outros ou do ambiente, com certeza vai se desgastando aos poucos e quando chegar a perceber ...

Parágrafo único: Iniciada essa descarga, cessarão, imediatamente, as consultas aos Guias no ponto em que estiverem, não sendo permitido, sob qualquer pretexto, e a quem quer que seja, se dirigir aos mesmos ou aos demais participantes do terreiro, a fim de que não haja perturbação do trabalho por quebra de corrente.

Quebra de Corrente. Isso é tão importante quanto a própria respiração dentro de um Terreiro.

CAPÍTULO II
DOS TRABALHADORES DO TERREIRO

MÉDIUNS EM GERAL
Art. 6° - Médiuns desenvolvidos:
São os médiuns cruzados que tem autorização de "ORIXÁ MALET", para dar passes econsultas, bem como auxiliar os trabalhos de desenvolvimento mediúnico, e outros quaisquer que se realizarem na Tenda, de acordo com esse Regimento.
Distintivo: FAIXA VERMELHA na cintura.

Art. 7° - Médiuns em desenvolvimento:
a) Auxiliares: São os médiuns de desenvolvimento mediúnico adiantado, já classificados por "ORIXÁ MALET'. São obrigados a comparecer às sessões de Quarta-feira, não podendo, contudo, frequentar o terreiro em outro qualquer dia, a não ser na qualidade de assistente.

MAIS UM DISPOSITIVO IMPORTANTÍSSIMO:
Quem acompanha os textos desse blog já percebeu que sempre que posso, procuro informar sobre a importância de NÃO SE TER MÉDIUNS INICIANTES em giras DE TRABALHO, NEM COMO CAMBONOS, já que, por ingenuidade e falta de preparo, costumam ser os MAIS VULNERÁVEIS a atuações de energias e entidades do Baixo Astral. Existem exceções? Existem, é claro! Mas a Regra é esta até por lógica, e se os médiuns iniciantes forem poupados, pelo menos no início de suas práticas, de estarem entrando em contato com energias e entidades que não conhecem, com certeza só terão a ganhar.


Aí, uma vez me disseram assim: "Que nada, é melhor mesmo que vão encarando "as barras pesadas" de começo e aprendendo, com isso, a levarem tombo e se levantarem".

Um bom conselho, talvez... Mas será que aplicam essa "técnica" também no aprendizado sobre a vida a seus próprios filhos carnais? Será que os deixam, sem medos ou críticas, enfrentarem a vida sem conselhos, ensinamentos e até mesmo reprimendas? E será que se agirem assim não vão acabar se arrependendo como tantos que vemos por aí sabendo depois, pela mídia, que seus "pobres e queridos filhos" estão diretamente envolvidos no comércio de drogas proibidas? Sei não!

O pior é que em caso de médiuns iniciantes, além de poderem SE prejudicar, PODERÃO PREJUDICAR A TODO O GRUPO MEDIÚNICO, na medida em que, fatalmente, serão eles os principais alvos do Baixo Astral com consequentes QUEBRAS DE CORRENTE e até mesmo necessidade de atendimento imediato e particular.
Vamos pensar um pouquinho mais sobre isso?
Art. 8° - Os médiuns em geral, devem dar máxima passividade possível às entidades que se aproximarem, para que essas possam trabalhar com plenitude de irradiação e de força.
Acredito que isso seja norma em qualquer terreiro, até hoje.

CAMBONO EM GERAL

Art. 9° - Aos cambonos cruzados - secretários dos Guias - compete:
§ 1° - Ao Cambono Chefe:
a) Cumprir e fazer cumprir no terreiro, pelos médiuns, cambonos e assistentes, todas as origens vigorantes, velando pela boa e perfeita normalidade e regularidade dos serviços a seu cargo;
b) Fiscalizar o preparo e execução do defumador no início de cada sessão;
c) Superintender todos os serviços atribuídos aos demais cambonos, controlando a distribuição de todo material que se fizer necessário à realização dos trabalhos;
d) Controlar e disciplinar a chamada dos consulentes;
e) Esforçar-se para manter os trabalhadores e assistentes, em constante concentração espiritual, não permitindo que cruzem braços e pernas, que conversem e que procurem ter curiosidade sobre o que se passa no terreiro, além de tudo mais que possa perturbar ou quebrar a corrente fluídica durante as sessões;
f) Levar ao conhecimento do dirigente da sessão, qualquer irregularidade que notar, antes, durante e após os trabalhos;
g) Finalmente acatar e fazer cumprir as resoluções que eventualmente possam ser emanadas do dirigente da sessão ou Guia Chefe do terreiro.

Em relação ao ítem "E", percebemos a importância que era dada à PARTICIPAÇÃO DA ASSISTÊNCIA que, embora alguns não levem em conta, É IMPORTANTÍSSIMA NA FORMAÇÃO DA EGRÉGORA do Terreiro. Uma Assistência dispersiva, não concentrada, conversando entre si, também pode provocar maior CARGA DE TRABALHO para os médiuns com não muito boas conseqüências ao longo do tempo.

§ 2°- O Cambono chefe deverá ser substituído em seus impedimentos por um dos cambonos substitutos;
§ 3°- Ao Cambono Tronqueira: Além das atribuições dos cambonos substitutos e auxiliares, fica especialmente encarregado de:
a) Fazer parte, obrigatoriamente, da mesa nas sessões de caridade, auxiliando os trabalhos de descarga e de doutrinação que se fizerem necessários aos espíritos sofredores que nela baixarem.
§ 4°- Ao Cambono subchefe: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:
a) Zelar pelo asseio e correção do uniforme dos trabalhadores do sexo feminino;
b) Fiscalizar o vestiário das senhoras;
c) Exercer controle da passagem que dá acesso ao toalete durante os trabalhos.

§ 5°- As funções desse cambono, que está subordinado diretamente ao cambono chefe, serão privativas do sexo feminino e só poderão ser exercidas, em caso de substituição eventual, por pessoa do mesmo sexo, designada pelo "CHEFE", para esse fim.
§ 6°- Ao Cambono Substituto: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:
a) Substituir os cambonos chefe e tronqueira em seus impedimentos eventuais;
b) Secundar e auxiliar o Cambono Chefe em todas as suas atribuições;
c) Executar as ordens de serviço relativa à subdivisão de trabalhos e atividades que cada um deve superintender durante as sessões.
§ 7° - Ao Cambono auxiliar: Além das atribuições ainda não previstas:

a) Acatar e fazer cumprir as ordens recebidas do Cambono Chefe;
b) Receber das mãos do Cambono Chefe todo material que se fizer necessário ao Guia que assistir, salvo se o mesmo possuir material próprio, caso em que levará apenas ao conhecimento do Cambono Chefe a natureza do material a ser empregado;
c) Dar plena e geral assistência ao Guia com o qual estiver trabalhando, não podendo dele se afastar sem sua permissão;
d) Abster-se de ouvir as consultas, somente intercedendo nas mesmas em caso de ser chamado pelo Guia e apenas para atender ao assunto que por ele lhe for atribuído;

É terminantemente vedado:
1° - Revelar ou comentar a natureza das consultas e bem assim procurar tirar qualquer proveito dos assuntos tratados nas mesmas;
2° - Tomar ou procurar tomar conhecimento das consultas dadas por outros Guias, seja por curiosidade, seja por qualquer outro motivo.
§ 8° Ao Cambono Zelador: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:
Zelar pelo "Jacotá" (altar), trazendo-o sempre limpo.
Zelar pelo asseio e higiene de todas as dependências da Tenda:
Providenciar para que todos os objetos e utensílio à ela pertencentes estejam sempre limpos, arrumados em ordem e em seus devidos lugares;
§ 9° - Esse lugar será exercido por pessoa do sexo feminino diretamente subordinada à direção da Tenda;
Distintivo dos Cambonos cruzados: FAIXA VERDE na cintura.
O que está acima nem é preciso comentar. São determinações de âmbito puramente material.

CAPÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES COMUNS AOS TRABALHADORES DA TENDA

Art. 10 - Os trabalhadores da Tenda (médiuns e cambonos), indistintamente, são obrigados:
a) Médiuns desenvolvidos e cambonos: Matricular-se compulsoriamente, pelo menos uma vez por semana, em dia que escolher de comum acordo com a Direção da Tenda;
b) Comparecer às sessões em que estiverem matriculados ou escalados, só podendo faltar por motivo justificado;
c) Avisar, com a devida antecedência , a impossibilidade de seu comparecimento à sessão, justificando a falta;
d) Manter a concentração no terreiro, curimbando em voz alta os pontos que forem sendo puxados;
e) Fazer, nos dias de sessão a que se obrigarem, uso de banho de descarga, cuja espécie será indicada pelo Guia que receber (caso dos médiuns desenvolvidos), ou pelo o que der assistência (caso dos cambonos), ou ainda pelo Guia Chefe do terreiro, quando este terminar, sendo que, para os médiuns em desenvolvimento (sessão de Quarta-feira), esse banho será feito com 5 folhas de mangueira.
f) Fazer uso do uniforme adotado (conservando-o limpo) e seus distintivos, não podendo permanecer no terreiro em condições diferentes;
g) Procurar conhecer os pontos riscados e cantados (curimbas), bem como os seus significados, e, quando ignorá-los, pedir esclarecimento ao Guia Chefe do terreiro ou ao dirigente dos trabalhos.

Alt. 11° - Os trabalhadores que sem motivo justificado faltarem a quatro sessões consecutivas, nas quais estejam matriculados, ou para as quais tenham sido escalados, ficarão privados de trabalhar na Tenda, condicíonalmente:
a) Os médiuns: Enquanto "ORIXÁ MALET" não autorizar a sua volta ao terreiro;
b) Os cambonos: Até que suas faltas sejam justificadas pela Direção da Tenda;
Parágrafo Único: Os trabalhadores suspensos, só poderão frequentam as sessões em caráter de assistente, sendo vedado mudarem roupa de trabalho com o intuito de permanecer no terreiro.
Art. 12° - Os médiuns desenvolvidos e cambonos poderão tomar parte nos trabalhos de qualquer sessão na Tenda, ainda que nela não estejam matriculados, desde que para isso tenham o assentimento do Guia Chefe do terreiro.
Art. 13° - Os antigos trabalhadores da Tenda, afastados transitoriamente por motivos independentes de sua vontade, poderão frequentar e tomar parte em qualquer trabalho que se realize na Tenda, salvo o caso de proibição expressa do Guia Chefe do terreiro após o início da sessão.
Art. 14° - Fica terminantemente proibido aos trabalhadores:
a) Afastar-se do terreiro durante as sessões sob qualquer pretexto ou motivo, sem a devida autorização do dirigente dos trabalhos;
b) Trabalhar, sob pretexto algum, fora do recinto da Tenda ( em suas casas ou em outro qualquer terreiro), salvo o caso de autorização especial dada pelo "CHEFE";
c) Fazer comentários de qualquer natureza, dentro ou fora do terreiro, pessoais ou telefónicos, com referência aos assuntos que tenham sido tratados nas sessões, ou sobre outros quaisquer que digam respeito à vida privada de cada um.
O Artigo 14, em seus ítens "b" e "c" eram e ainda são considerados muito importantes porque, trabalhar em casa, sem a proteção da egrégora do Terreiro, é uma forma de se arriscar e trabalhar em outro Terreiro seria o mesmo que estar jogando em um Clube e ir treinar em outro - é claro que se pode antever certos problemas daí advindos.
Proibição quanto a fazer comentários de qualquer natureza etc e tal, era e sempre será norma a ser cumprida por qualquer médium, do Terreiro que for.
Art. 15 ° - A secretária manterá os livros que forem necessários ao registro de matrículas dos trabalhadores e controle de seu comparecimento às sessões.
CAPÍTULO IV
DOS ASSISTENTES
Art. 16° - A entrada na Tenda só é vedada:
a) às pessoas alcoolizadas ou embriagadas:
b) às pessoas portadoras de armas ou animais;
c) às pessoas manifestamente mal intencionadas ou a desordeiros conhecidos.
Sem querer mexer com ninguém mas fazendo uma observação em vista de certas permissividades hoje existentes, será que alguém diria que a não permissão de entrada, nesses casos, seria falta de caridade?
§ 1° - São deveres dos assistentes:
a) Munir-se, logo após à sua chegada, do cartão numerado para a respectiva consulta;
b) Procurar acomodação na parte reservada a assistência, onde deverá se conservar até a hora de sair, com o respeito e dignidade devidos a um TEMPLO RELIGIOSO;
c) Acatar as ordens gerais da tenda e as que lhes forem transmitidas pelos cambonos;
d) Manter-se em elevação, si souber, o curimba (ponto cantado que estiver sendo puxado), para possibilitar uma perfeita e harmónica corrente fluídica, desde o início do defumador até o encerramento da sessão;
e) Atender prontamente, sob pena de perder a vez, ao chamado do cambono para a consulta.
§ 2° - É vedado terminantemente aos assistentes, consultarem a mais de um Guia na mesma sessão.
Ops! Já existia isso naquela época. Já existiam os "corre giras" e os "corre guias".
§ 3° - O assistente que tiver necessidade de qualquer natureza deverá dirigir-se ao cambono mais próximo, de preferência de seu sexo e expor o que deseja, para que este providencie como se fizer necessário.
§ 4° - Na ocasião da abertura da porta às 21:10 horas para saída das pessoas atendidas e retardatários, deverá ser observado o mais COMPLETO SILÊNCIO.
Respeito aos médiuns, entidades e à egrégora que deve ser mantida sem desvios de pensamento ou comportamento.
CAPITULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 17 - Por princípio doutrinário e em se tratando de reuniões de caridade puramente cristã, as pessoas que vierem à Tenda, devem se abster de pensamentos e propósitos que contrariem as virtudes exemplificadas por JESUS.
Assim sendo, as consultas não poderão versar sobre assuntos que fujam aos princípios capitulados nas DEZ MANDAMENTOS, constantes do EVANGELHO.
§ 1° - São deveres de todos os frequentadores:
Procurar conhecer o Espiritismo Cristão pela leitura de obras doutrinárias tais como:
O Evangelho, segundo o Espiritismo;
O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns;
O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda.

Esse Capítulo é importantíssimo para que se deixem, de vez, de dizer coisas como: "Umbanda tem que largar o cristianismo e voltar às raizes africanas", ou então, "Umbanda é um Culto Afro", ou mesmo que "Umbanda com orações e leitura de livros espíritas é KARDECUMBANDA", comentários esses muito observados na Internet por conta de pessoas que, claramente, NÃO CONHECEM EM QUE PRINCÍPIOS A UMBANDA DO BRASIL SE FORMOU.
Lendo o acima exposto e observando certos posicionamentos, percebemo-los totalmente inadequados em relação a todos os que agem por esta cartilha, seguindo o que já determinava o CDSE há quase 100 anos atrás.
Será que são eles os "errados", se é que existem erros de ritualística nesse sentido?
O caso é que a UMBANDA é FUNDAMENTALMENTE CRISTÃ e, de acordo com outros princípios e ritualísticas que cada Terreiro achou por bem adotar, pode ter seus rituais mais africanizados, mais puxados para as práticas chamadas de orientais, esotéricas, ocutista, etc. Mas o "miolo", o fundamento maior é o de ter os ensinamentos do Cristo como base para todas as outras aplicações. E que ensinamentos do Cristo são esses: AMOR AO PRÓXIMO - CARIDADE (ajuda ao próximo), sem o que, NÃO PODE SER UMBANDA.

§ 2° - Durante as sessões ou trabalhos de terreiro é expressamente proibido:
a) Palestrar ou tratar assuntos estranhos à doutrina;
b) Fazer comentários maldosos sobre os irmãos da Tenda;
c) Proferir palavras de gírias ou de interpretações duvidosas, obscenas ou provocadoras de risos;
d) Fazer gestos ofensivos à moral ou aos bons costumes;
e) Lançar suspeitas, provocar ódios, difamar ou fazer comentários desabonadores sobre a vida privada de qualquer pessoa;
f) Desrespeitar ou incitar ao desrespeito, os artigos, parágrafos e alíneas do presente Regimento e ordens em vigor na Tenda;
g) Ingressar ou permanecer no recinto onde estão instaladas a Tesouraria e a Secretária da Tenda, com exceção dos componentes da Diretoria e pessoas encarregadas de serviços especiais.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 18 - A Tenda tem como "CHEFE ESPIRITUAL" o Caboclo das Sete Encruzilhadas, também chamado simplesmente - o "CHEFE"- criador de UMBANDA no Brasil no ano de 1908.
"ORIXÁ MALET" é o trabalhador da Linha de "OGUM" (São Jorge), Chefe de Falange, encarregado dos trabalhos de demanda.
"PAI ANTÓNIO" é a entidade que serve de intérprete a "ORIXÁ MALET" e que comumente transmite as ordens do "CHEFE".
"GUIAS CHEFES DE TERREIRO" são as entidades designadas pelo "CHEFE" para dirigir e se responsabilizar pela parte espiritual das sessões.
Art. 19 - O presente Regimento entrará em vigor na data em que for ratificado pelo "CHEFE", em sessão especial, para isso convocada.
TODA PESSOA QUE SE TORNAR ASSOCIADA DA TENDA O FAZ ESPONTANEAMENTE, PARA COOPERAR NA SUA MANUTENÇÃO E PROGRESSO, MOTIVO PELO QUAL, DEVERÁ CUMPRIR À RISCA, TODOS OS SEUS DEVERES E PRINCIPALMENTE MANTER EM DIA O PAGAMENTO DE SUA MENSALIDADE.
Obs.:O Regimento foi enviado por Mãe Maria de Omulu dirigente da Casa Branca de Oxalá. A quem deixamos registrado nossos agradecimentos.
Manoel Lopes
São Vicente, 10 de Setembro de 2005 mLopes eBooks
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COMENTÁRIOS FINAIS: Ao descobrir esse documento colocado em pdf para que se baixe em http://ebooks.brasilpodcast.net/ebook.php?id=762 pude perceber o quanto ele nos mostra, independente de outros textos que já "rolam" na Internet, do que seria e como funcionaria a UMBANDA segundo a concepção do Caboclo das Sete Encruzilhadas e Zélio Fernandino de Moraes já que um REGIMENTO INTERNO é DOCUMENTO escrito ou ditado diretamente pelas pessoas (encarnado e/ou desencarnado, no caso) envolvidas na questão e não apenas fruto de possíveis interpretações de terceiros (sem querer tirar o valor dos mesmos).
E o que pudemos observar de importante nesse DOCUMENTO?
1- Que NÃO HAVIA, na UMBANDA ORIGINAL, trabalhos com as falanges de Exu e nem se firmava tronqueira para eles. Qualquer depoimento em contrário poderá ser tomado como duvidoso em vista deste DOCUMENTO.
2- Que as Sessões (hoje Giras ou Engiras) eram determinadas para as FALANGES DE TRABALHO (Caboclos e/ou Pretos Velhos) e não para as Linhas de Trabalho ou "orixás" para os que entendem melhor assim (Ex: Xângô hoje, Oxossi dia tal, Ogum mais adiante ...). Isso é importante porque em um mesmo dia de Sessão poderiam estar presentes, tanto Caboclos(as) de Xangô, quanto de Ogum, quanto de Oxossi, e até Pretos Velhos, como podemos observar em relação às Sessões de Terças Feiras, tudo DE ACORDO COM AS NECESSIDADES;
3- Que O CDSE determinou realmente LINHAS DE TRABALHO e não de ORIXÁS, utilizando-se de alguns nomes africanos, TODOS DEVIDAMENTE ANCORADOS A LINHAS DE SANTOS CATÓLICOS, talvez apenas LINHAS DE TRABALHO em que os CABOCLOS E PRETOS VELHOS (e suas contrapartes femininas) poderiam trabalhar.
Perceba como ele trata a entidade que se auto-intitula Orixá Malê: "ORIXÁ MALET" é o trabalhador da Linha de "OGUM" (São Jorge). Percebeu? Um trabalhador. E mesmo se auto-intitulando ORIXÁ MALET, não uma DIVINDADE da LINHA DE OGUM ou, como costuma-se falar também, " um Capangueiro do orixá Ogum".
Existe uma sutil diferença em se colocar as entidades como da LINHA DE OGUM (São Jorge) e não como FALANGEIROS DE OGUM (Orixá), ainda que se lhes dê o mesmos nome (Ogum, no caso). No entanto, essa sutil diferença já nos mostra que a Umbanda de CDSE não era Umbanda de Orixás (divindades) e sim de Linhas de Trabalhos através das quais apresentavam-se entidades espirituais - CABOCLOS - PRETOS VELHOS e mais raramente CRIANÇAS.
3- Que o CDSE determinou SETE Linhas de Trabalho sendo elas, pelo que se pode observar nas festas anuais: Iemanjá, Oxossi, Ogum, Xangô, Inhaçã, e segundo alguns, Oxalá e Exu que, no entanto, não são citadas, NEM NOS DIAS DE TRABALHO e nem nas FESTAS COMEMORATIVAS. Encontramos sim, bem citadas, as Linhas de PRETOS VELHOS (Almas) E CRIANÇAS - as demais eram comemorativas dos Guias Chefes, da Umbanda em si e da Tenda Nossa Senhora da Piedade.
Por que ele determinou SETE? Está aí uma outra boa pergunta que deveriam ter feito a ele.
4- Que não vemos aqui a inserção de OXUM, NANÃ, OBALUAIÊ, OMULU, OXALÁ, OIÁ, OBÁ ou qualquer outro considerado orixá nas Nações afro. Se a Umbanda Original fosse de ORIXÁS, seria pelo menos razoável que, já em seu início, considerasse os 16 escolhidos pelo Candomblé dentre tantos outros africanos, não acha?
5- Vemos, por um outro lado, que SANTO ANTONIO, também Santo Católico mas não considerado LINHA DE TRABALHO então, também era festejado em seu dia, já por influência de PAI ANTONIO - ambos eram festejados em 13 de junho.
6- Que a Doutrina básica da Umbanda do CDSE baseava-se em livros Kardecistas e num outro que talvez fosse o único escrito na ocasião: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda - do senhor Leal de Souza que veio a ser médium da Tenda Nossa Senhora da Piedade recebendo, posteriormente, a incumbência de abrir a Tenda de Nossa Senhora da Conceição (veja bem: não é de Iemanjá ou Oxum).
Aliás, sobre o senhor Leal de Souza, consta na história que ele divulgava ter sido o Caboclo Curugussu aquele que preparara o terreno para que o CDSE viesse, após, anunciar a Umbanda Branca.
Dizia-nos ele numa entrevista publicada no Jornal de Umbanda de outubro de 1952, com o título de "Umbanda - Um Religião Típica do Brasil:
" A Linha Branca de Umbanda é realmente a religião nacional do Brasil, pois que, através dos seus ritos, os espíritos dos ancestrais, os pais da raça, orientam e conduzem a sua descendência. O precursor da Linha Branca foi o CABOCLO CURUGUSSU, que trabalhou até o advento do CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS que a organizou, isto é, que foi incumbido pelos Guias Superiores, que regem o nosso ciclo psíquico de realizar na Terra a concepção do espaço"...
Infelizmente o médium Leal de Souza, que inclusive ensaiou uma codificação das LINHAS DE UMBANDA (que cito abaixo) não deixou claro quem teria sido o médium do Caboclo Curugussu e nem onde ele teria se manifestado.
Segundo ainda Leal de Souza, em 1925, seriam as Linhas de Umbanda como se seguem:
OXALÁ (Nosso Senhor do Bonfim), OGUM (São Jorge), EUXOCE/Oxossi (São Sebastião), SHANGÔ/Xangô (São Jerônimo), NHAN-SHAN /Iansã (Santa Bárbara), YEMANJÁ (Nossa Senhora da Conceição) e ALMAS - utilizei a grafia como a encontrei e a que agora vemos.
Perceba que mesmo aqui NÃO HÁ MENÇÃO A EXUS NA UMBANDA e, para conhecimento de todos, essas linhas de trabalho foram ratificadas no 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo e Umbanda realizado em 1941, no Rio de Janeiro.
O que isso quer dizer? Que para que fosse realmente reconhecido como UMBANDA, todo e qualquer grupamento deveria seguir estas determinações, assumindo estas Linhas de Trabalho. Quer dizer também que, na ocasião, todos os que se auto-rotularam UMBANDA e não seguiam estas determinações, já estavam se valendo de um nome ritualístico do qual não deveriam lançar mão. E também nos posiciona melhor sobre os porquês de hoje em dia existirem tantas diversidades.
O fato é este: O Congresso não teve a força que deveria ter ou, por outro lado, suas determinações não foram reconhecidas por uma grande parte que queria "fazer umbanda" ... mesmo não fazendo.
Mas como não introduzirmos Oxum?
E Exu? Vai ficar fora da Umbanda?
Como diz o popular: "Tudo o que se repete de forma contumaz acaba virando verdade" e, como desde o início à Umbanda foram adicionadas Linhas outras e também outras formas de trabalho, desde que os Princípios Basilares da Umbanda sejam respeitados, cada grupamento espiritual tende a aceitar e adotar mais essas ou aquelas Linhas, esse ou aquele ritual, essa ou aquela liturgia ou mesmo TÉCNICA DE TRABALHO como é hoje a APOMETRIA que, mais rudemente, já era executada em diversos Centros de Umbanda, mormente os que eram (e ainda são) chamados de "Mesa Branca".
O que NÃO VALE MESMO é um grupamento querer "puxar a brasa pra sua sardinha" e dizer que Umbanda tem que voltar às raízes afro que nunca teve, ou que tem que deixar o Cristianismo (observe que não é CATOLICISMO) de lado, como se este não fosse um de seus pilares. Que outras Linhas agregadas não podem ser aceitas na Umbanda. Dentro de padrões, pelo menos racionais, podem sim, dependendo do Chefe Espiritual da Casa de Umbanda (O QUE MANDA MESMO) que obrigatoriamente tem que ser ou um CABOCLO ou um PRETO VELHO, esses sim, MARCAS REGISTRADAS DA UMBANDA.
O que não pode é essas Linhas Agregadas tomarem conta da BANDA e saírem, por exemplo, em louvação à Mãe Lua, à Mãe Terra, etc, ou criando giras e rituais somente seus a ponto de mudarem totalmente os objetivos maiores das Sessões ou Giras de UMBANDA, ou fazerem como Chefe Espiritual do Terreiro: baianos, mineiros, exus, ciganos etc e tal.
Todos podem ser entidades de grande valor nos trabalhos, desde que a eles tenham sido ensinados os objetivos e formas de trabalho da UMBANDA, mas, como são AGREGADOS, AUXILIARES, não têm ordem de comando para dirigirem verdadeiros Terreiros de Umbanda, a não ser sob vigilância de um Verdadeiro Caboclo ou Preto Velho.
E como sei que alguns, ao lerem, vão logo querer defender as falanges de ciganos, deixo bem claro que não há ataque algum a qualquer tipo de falange neste texto e sim constatação de fatos. Vou adiantando aqui que, embora venham sendo aceitos em ALGUNS TERREIROS (não todos) e não há muito tempo, como querem fazer crer outros mais, essas falanges têm suas formas de ver e agir, bem assim como princípios religiosos e de louvação, bastante distintos do que sempre foi preconizado para a Umbanda e, até onde sei, há até mesmo indicações para que seus altares sejam diferenciados do altar mor dos Terreiros - o Congá. E pra reforçar ainda mais, vemos em muitos Terreiros Giras Especialmente organizadas para o dia dos Ciganos e Ciganas, numa clara demonstração (só não percebe quem não quer) de que a ritualística deles tem que ser especial - sem Caboclos ou Pretos Velhos por perto - e, preferencialmente, com louvação a Santa Sara e não a Orixás ou Santos, embora já se veja, por parte de mais alguns, uma tentativa de adaptação dessas crenças para justificarem ciganos como povo de Umbanda.
Tenho nada contra quem faz assim e o que vou dizer não lhes tira o valor quando chegam para trabalhar pela Caridade verdadeiramente. Cada um chama e trabalha com as entidades que achar melhor e até muito positivamente, eu creio. Mas que são entidades fora do contexto de UMBANDA, lá isso são.
Se mais comentários couberem sobre o tema e tenham por mim sido postergados (desprezados), o ítem COMENTÁRIOS pode ser usado para melhores posicionamentos e até melhores interpretações por parte de qualquer um que leia esse artigo.
SAUDAÇÕES FRATERNAS A TODOS.

12 comentários:

  1. Eu já tinha observado a ausência dos Exús, alhures. E a que você atribui o ingresso destes nas linhas de trabalho da Umbanda?

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  2. Desculpe-me a demora em tentar lhe responder, maninho, mas a questão é que ESTÁ DIFÍCIL entrar nessa "paginazinha" de comentários. Ontem mesmo (10/11) fiquei tentando por mais de 10 vezes e ela não abria nem com reza forte.

    Sobre a entrada dos Exus na Umbanda, gostaria que você percebesse que OFICIALMENTE,até 1941, por ocasião do 1º Congresso ... a determinação era para aquelas Linhas de que trata o texto e, portanto, sem nossos amigos Exus. Eu mesmo iniciei em um Centro em que até hoje NÃO HÁ chamadas ou cultos a Exus - oficialmente eles ali não entram - somente Caboclos e Pretos Velhos e acredito até mesmo que de lá tenha saído em busca de outro tipo de Umbanda por ter em meu carrêgo espiritual amigos desse grau evolutivo que, no entanto, só começaram a se manifestar através de mim, alguns anos depois de eu já estar na Umbanda tipo pé no chão, como se costuma dizer, e, como sempre aconteceu comigo, POLICIADOS por Caboclo ou Preto Velho.
    Acredito que a entrada dos Exus na Umbanda se deu por duas situações possíveis:
    1- A auto-rotulação de Umbanda para Terreiros em que essas entidades já tinham entrada garantida;
    2- A constatação de realidade em relação a terem os médiuns a seus lados, mesmo os de Mesa Branca (sem Exus), entidades deste porte que poderiam vir a ser excelentes auxiliares, sendo que é sempre bom repetir: BONS AUXILIARES QUANDO ACEITAVAM A LEI E ERAM TREINADOS PELA ESPIRITUALIDADE PARA TRABALHAREM DENTRO DELA, porque, para quem conheceu Exus não doutrinados antes, viu que nem de longe eram essas entidades hoje até mesmo adoradas por tantos. A coisa era braba, maninho. Os Exus de antes eram, em sua grande parte, o que são os quiumbas de hoje. Daí depois, criou-se aquela primeira divisão para os Exus Pagãos (os mais brabos), Exus Batizados (os que já estavam adentrando a doutrina e já tinham alguma experiência) e os Exus Coroados (os que já tinham tempo de doutrina e compreensão total sobre suas reais condições espirituais).
    Os primeiros não estavam nem aí se estavam fazerndo bem ou mal a alguém: PAGOU LEVOU; Os Batizados eram vigiados por dirigentes e acredito também pelo lado espiritual, de forma a que ninguém lhes pedisse algo que fosse para o mal de alguém, já que estavam em processo de desvinculação do que antes faziam; Os Coroados já tinham perfeito conhecimento de bem e mal.
    Será que expliquei, ou confundi mais ainda?

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  3. Explicar, explicou. O caso é que eu já trabalhei com um João Caveira que era antiqüíssimo na função de Chefe da Guarda da Calunga (não posso divulgar qual, só que está em um lugar, atualmente, "coberto de neves eternas"). E o "homem" era a serenidade personificada... Lembrava que as falanges dos Caveiras têm que ter muito poder, para serem capazes de desempenhar suas funções, juntamente com muito discernimento no uso desse poder.

    Já Seu Meia Noite não é de fazer muita "fanfarra", mas é particularmente impiedoso e até brutal. Com ele, "bateu?... levou!..." Mas demonstra um devoto respeito pelo Caboclo Itaúna e pelo Pai João Benguelê. Ele seria (em termos de "última passagem pela Terra") bem mais novo que o Seu João Caveira, mas parece igualmente "graduado".

    Me parece que os Exús sempre fizeram parte da Umbanda, mas que só tiveram direito a Giras próprias mais recentemente. E que vieram "a reboque" dos Pretos Velhos.

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  4. Muito bem concluído, João Carlos.

    No proximo tópico que será de perguntas e respostas, se não me engano há uma sobre esse tema em que explico exatamente isso: O fato das falanges de Exu não terem sido saudadas da Umbanda Original, não as impedia de trabalharem COMO AUXILIARES dos Caboclos e Pretos Velhos,só que sem rótulos, como "AUXILIARES INVISÍVEIS", tanto na Umbanda como no próprio Kardecismo e isso até hoje embora a maioria não saiba e nem queira saber.

    O que se tem que perceber é que NÃO ERA QUALQUER TIPO DE ENTIDADE que podia ir se achegando e se dizendo Exu Tal ou Qual. De uma certa forma as entidades que foram sendo admitidas como Exus de Umbanda, aí sim, eram classificadas em três grupos e recebiam orientação (doutrina) na medida em que fosse necessário até que aprendessem a trabalhar dentro dos objetivos propostos. Essas classificações eram:
    1- PAGÃOS (os que agiam de acordo com o que lhes pagassem, sem qualquer análise sobre se era para bem ou mal de alguém) eram normalmente encaminhados, pelos próprios Caboclos e Pretos Velhos, para aprendizagens em Campos Astrais;
    2- BATIZADOS (os que já tinham recebido alguma doutrina e trabalhavam arregimentados por Caboclos, Pretos Velhos e os que vêm à seguir;
    3- COROADOS (os que já tinham alcançado um alto grau de conhecimentos sobre evolução e sabiam exatamente o que poderiam ou não poderiam fazer dentro da UMBANDA.

    Exatamente por esses controles que citei acima, víamos Caboclos e Pretos Velhos que, mesmo chamando Exus em terra, não deixavam seus médiuns, permanecendo também em terra para quaisquer eventualidades. E também não víamos Exus falando palavrões,enchendo a cara de pinga, destratando necessitados, ou tentando dar "nós em pingo d'água", com matreirices e malandragens.

    Somente aos COROADOS MESMO (não aos que os médiuns queriam que fossem) era dada ordem de comando de Giras, mesmo assim, nem sempre.

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  5. Bom gostaria de fazer um relato e se possível me dê um esclarecimento nós que sentimos vibrações em um centro e nos iniciamos nele podemos algum dia chegar a nos tornar inconscientes,as vezes me sinto um pouco desorientada me sinto confusa parece que estou louca...

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  6. Podem sim, embora isto não seja REGRA e dependa muito do grau de "permissividade à invasão" que suas mediunidades possam ter em potencial.

    Vai depender de treinamento e muito do quanto as entidades puderem (e quiserem) se conectar a seus Centros Mediúnicos, ao longo deste treinamento.

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  7. Eu certamente entendo todas as restrições da Umbanda em relação aos Exus. Porém, existem algumas questões que eu gostaria de levantar.
    - os exus são trabalhadores no polo negativo da força. Nós ocidentais temos dificuladades de entender os pólos de força e tendemos a generalizar o polo negativo como ruim e o positivo como bom. Os orientais entendem e vivem os pólos complementares com menos julgamento que nós e sabem que o Uno tem ambos os aspectos: positivo e negativo.
    - SEMPRE, principalmente no plano astral, onde a verdade grita, "manda quem pode e obedece quem tem juízo". O que faz um espírito superior é a sua moral. Logo, numa casa de Umbanda (verdadeira) os exus sempre estarão subordinados aos espíritos dirigentes da casa.
    - Qualquer casa de umbanda, e eu ousaria incluir aqui as espíritas também, tem a ordem garantida pelo trabalho das falanges de Exu no plano espiritual. São eles que, pela identificação da vibração, autorizam ou nao a entrada dos espíritos que ali tentam chegar. E certamente que estao ali cumprindo ordem sim. Mas o fazem por livre vontade, pela vontade do trabalho pela cariadade.
    - Os exus, por serem mais próximos moralmente de nós, provavelmente podem ter mais facilmente seu nome usado pelos mistificadores, que usam de brecha moral do médium pra se fazer passar por essa ou aquela entidade pra "dar seus presentes". Porém, o que facilita isso é a invigilância dos médiuns e muitas vezes, o que a casa entende como comportamento aceitável ou nao para exu. Até que ponto proibir o trabalho com exu é mais útil pro médium do que o trabalho esclarecedor do estudo e da vigilância?
    - Dentro das falanges de exu, também existem hierarquias e sim, existem muto espíritos moralmente evoluídos que se especializaram no trabalho na esquerda. Dizem por aí, com certa graça, que o "céu" está vazio, porque quem de fato merece estar lá, prefere estar no "inferno" onde existe maior numero de espíritos necessitados de ajuda. tvz seja essa falange uma demonstração disso.
    - Exu é movimento. Exu é aquela energia encarregada de trazer a cada um de nós o que é nosso, sem juízo de valor. É ele quem traz pro seu médium a experiência que o proprio médium construiu energeticamente pra si atraves de suas escolhas. se merecemos flores, eles sao o movimento encarregado de traze-las a nós. Porém, se merecemos espinhos, acontece da mesma maneira. E nao é assim que a doutrina nos ensina? a semeadura é opcional, mas a colheira é obrigatória. pois é esse o trabalho de nossos parceiros trabalhadores dessa falange tao polêmica e carregada ainda de dogmas.

    Não pretendo aqui causar uma divergência sobre a Umbanda. A umbanda é Una (como todo inteiro, tem suas partes) e não representa apenas uma idéia, mas sim a ideia da diversidade que converge para o serviço ao próximo. Umbanda por amor e caridade!


    Renata
    E-mail: re_psi@hotmail.com

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  8. Salve Renata.

    Sabe de uma coisa? É extremamente perigoso quando falamos que "os exus são trabalhadores no polo negativo da força", sabe o porquê? Porque estamos GENERALIZANDO e passando uma idéia de que todas as entidades que se apresentam como Exus são esses tipos de trabalhadores, o que não é verdade!

    Apenas Exus COROADOS ou os agora chamados EXUS DE LEI e os considerados BATIZADOS NA LEI DE UMBANDA trabalham dessa forma, já que o termo EXU é utilizado também e corretamente, para todas as entidades que não são Coroadas ou batizadas na Lei de Umbanda, pois TODAS provêm, na realidade, das Linhas de Quimbanda em suas essências.

    Por conta da compreensão que esse tipo de afirmação generalizada cria, está se criando uma onda atual que já "batizamos" como EXUMANIA. E sobre essa "onda" você pode melhor se informar no texto que está em : http://espacoabertoestudosumbanda.blogspot.com/2009/01/exumania.html

    Espero que você entenda que o que estou chamando à atenção é sobre a generalização do termo Exu. Onde dizemos apenas EXU, deveríamos dizer EXU DE LEI ou COROADO para que não ficasse parecendo a todos os iniciantes que TODOS OS EXUS SÃO DE LEI ou COROADOS.

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  9. Gostaria que se soubesse pudesse explicar sobre a introdução De oxum e omolu como orixá representante da linha das almas. Na verdade como ficou pra umbanda (a do zélio nao as ramificaçoes)a linha das crianças? Pois lendo seus comentários e acompanhando vi que elas ficaram de fora nao entrando em uma das 7 linhas.

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  10. Veja bem, Rodrigo.

    Não tenho esta informação sobre a inclusão de Omulu como "orixá" representante da Linha das Almas na Umbanda da TENSP. Sinceramente desconheço também se Oxum é tida como "orixá" nesta Seara Umbandista.

    A única coisa que posso lhe afirmar é que OMULU COMO ORIXÁ DAS ALMAS é um terrível ERRO DE INTERPRETAÇÃO em qualquer Umbanda, a partir do momento em que este VODUN, em sua raíz, NADA TEM A VER COM ALMAS ou EGUNS, e sim com DOENÇAS QUE LEVEM À MORTE, mais especificamente à varíola.

    A LINHA DAS ALMAS, na Umbanda Original, é a única, inclusive, que não está atada ou patrocinada por qualquer tipo de SANTO ou ORIXÁ.

    De qualquer forma, sugiro que você entre no site "REGISTROS DE UMBANDA" em http://registrosdeumbanda.wordpress.com/ e dirija suas perguntas atuais ao PEDRO KRITSKI que, tenho certeza, poderá lhe responder com mais afinco, já que ele está mais diretamente ligado à Umbanda da TENSP.

    Pode lhe dizer que fui eu quem sugeriu a consulta.

    Receba um Fraterno ABRAÇO

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  11. Ola Meu Nome é Arnaldo, sou filho de Gléverson Fonseca, falecido a pouco menos de 3 meses.Meu pai era da Tenda Espírita São Gerônimo, aqui em Campos dos Goytacazes.Estou precisando de ajuda, orientação e principalmente direcionamento.Gostaria de obter o endereço da TENSP.Essa tenda é a do Zélio??? Muito obrigado

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  12. Salve, Arnaldo!

    O endereço atual da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade é Rua José Ribamar P. Ramos nº 271, Boca do Mato, Cachoeiras de Macacu, RJ (sede da Cabana de Pai Antônio). É a antiga Tenda de Zélio sim, mas agora é dirigida por sua neta a senhora Lygia Cunha.

    Para se chegar lá, se for de ônibus, desça no primeiro pedágio logo após o centro da cidade (Cachoeiras de Macacu) e entre na primeira descida à direita, logo após. Mas seria interessante que você soubesse antes o calendário das SESSÕES PÚBLICAS porque não é sempre que as Sessões lá, são abertas para o público, ok?

    Para saber o calendário deste ano da Tenda, sugiro que você pergunte ao Renato Guimarães no Blog REGISTROS DE UMBANDA no seguinte link: http://registrosdeumbanda.wordpress.com/2010/05/30/sedes-historicas-da-tenda-espirita-nossa-senhora-da-piedade/

    Fraterno abraço,

    Claudio

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